publicado dia 11/02/2019
Planos de aula gratuitos e alinhados à BNCC ajudam educadores da Educação Infantil
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 11/02/2019
Reportagem: Ingrid Matuoka
Na contramão da noção equivocada de que a Educação Infantil serve apenas para cuidar das crianças enquanto a família trabalha, o Instituto Alana e a Nova Escola lançam planos de aula alinhados à Base Nacional Curricular Comum (BNCC) a fim de colaborar com o desenvolvimento integral das crianças.
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Produzidos por 40 educadores de todo o Brasil, os 500 planos de aula, voltados para crianças de 0 a 5 anos, foram lançados nesta segunda-feira 11, em São Paulo, no evento “Planejamento na Educação Infantil”. Todas as propostas estão disponíveis online e podem ser consultadas gratuitamente.
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Acesse gratuitamente os planos de aula da Educação Infantil. Alguns exemplos das atividades estruturadas são “Massagem para a soneca dos bebês”, “Produção do álbum dos bebês” e “Apresentando a rotina às famílias”.
Para Ana Lucia Vilela, presidente do Instituto Alana, um dos grandes méritos desses planos está no fato de que foram feitos por professores para professores. “O outro desafio era estruturar o planejamento das aulas tendo em mente que não existe uma única maneira de ensinar e de aprender”, diz a gestora.
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Assim, nos planos de aula há espaço para contextualização a partir do território e cultura local e, sobretudo, para a participação das crianças na construção do conhecimento.
“Nós tiramos o professor do centro e mudamos a pergunta: não é mais ‘como eu ensino isso para as crianças?’ e sim ‘como essa criança aprende?'”, explica a assessora pedagógica de Nova Escola, Beatriz Ferraz.
Para elaborar as propostas de atividade, a equipe escolheu um olhar afirmativo sobre a infância e a docência. “A criança não é somente um ser que vai se desenvolver. Ela já é um ser completo, com história, com direitos, construtora de cultura e de conhecimentos”, diz Beatriz.
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Ainda nesta perspectiva, o papel do professor de Educação Infantil se coloca como o de construir um vínculo estável e de confiança com seus alunos para “promover experiências provocadoras, garantindo a aprendizagem por meio de múltiplas linguagens”. Para tanto, o educador deve instigar a investigação e a curiosidade das crianças, trazendo boas perguntas e ações para que os pequenos sigam em busca de conhecimento.
Os planos de aula começam com um contexto prévio, com o objetivo de resgatar o que as crianças já sabem. Depois, trazem sugestões de organização dos materiais e dos espaços, por entenderem que estes aspectos também atuam como educadores, conforme definiu o educador Loris Malaguzzi. Há ainda perguntas guias, que ajudam o professor a fazer a articulação entre diversos saberes, e os tempos recomendados para desenvolver as atividades.
Desdobramentos possíveis e formas de engajar a família no processo educativos das crianças completam as propostas que podem ser voltadas para aulas com temas específicos como também aos demais momentos em que a criança está no espaço educativo, como a hora da merenda e do cochilo.
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“Temos que olhar para o cotidiano e pensar como partir do interesse das crianças e suas necessidades para garantir a aprendizagem em todos os momentos da rotina, atentos ao fato de que propomos experiências que não começam e terminam em uma atividade única”, explica Beatriz.
Na estrutura dos planos de aula, há também um tópico específico sobre como garantir a participação de todos nas atividades. Raquel Franzim, assessora pedagógica do Instituto Alana, explica que as atividades foram desenvolvidas de forma a reconhecer as diferenças como regra, não como exceção.
“Não tem receita pronta para incluir a todos. E esse tópico fala sobre a inclusão não só de crianças com deficiência, mas sobre todas as barreiras que possam impedir alguma criança de participar”, explica.