publicado dia 30/09/2022

Patricia Sadovsky destaca a potência do trabalho colaborativo entre professores

por

Nesta quarta-feira, 28 de setembro, em São Paulo (SP), a Comunidade Educativa CEDAC realizou o evento “Diálogos Formativos”, que teve como um dos debates “A potência do trabalho colaborativo entre docentes para repensar o vínculo dos alunos com o conhecimento”, conduzido por Patricia Sadovsky, educadora, pesquisadora e doutora em Didática da Matemática pela Universidade de Buenos Aires, na Argentina. 

Leia + A matemática como instrumento de promoção da igualdade

Fruto de sua experiência com formação de professores, a especialista compartilhou suas observações acerca do trabalho com grupos de educadores que atuam em conjunto fora da sala de aula, afinal, “o estudante é da escola, não de um professor só”. 

Essa colaboração entre os docentes facilita a criação de trajetórias de aprendizagem, individuais e coletivas, para os estudantes ao longo dos anos. Os professores acompanham cada sujeito desde o início e, portanto, sabem como dar continuidade às aprendizagens quando ele chega à sua sala de aula, podendo remontar não apenas ao conteúdo que o estudante aprendeu, mas às condições em que isso se deu. “Não é sobre o que o estudante aprendeu, mas como ele aprendeu algo”, disse Patricia. Este é o conceito de memória didática institucional, que contribui para as trajetórias de ensino e aprendizagem e para estabelecer acordos entre os professores.

Ao longo do evento “Diálogos Formativos”, educadoras que são referência debateram temas centrais para o trabalho pedagógico. Ana Maria Kaufman discutiu instrumentos de avaliação das aprendizagens em Língua, Delia Lerner debateu as certezas e dúvidas acerca das possibilidades de ensinar e aprender a escrever, Mirta Torres trouxe a questão da formação do diretor escolar para uma educação de qualidade e Patricia Sadovsky falou sobre a importância do trabalho coletivo entre professores

Para Tereza Perez, diretora-presidente da Comunidade Educativa CEDAC, o momento atual da Educação brasileira pode se beneficiar especialmente dessa cooperação entre educadores. “Com a pandemia, a heterogeneidade das aprendizagens dos estudantes está muito mais evidente, então é essencial que os professores trabalhem em conjunto para dar conta disso, inclusive planejando as aprendizagens para além de um único ano”, comentou.

Para tanto, explicou Patricia, é preciso formar professores reflexivos, por meio de situações práticas em que possam perceber a intencionalidade pedagógica de cada ação, a fim de analisar as produções dos estudantes em prol de planejar os próximos passos.

Também faz parte disso entender quem são os estudantes, mas também os professores. “Temos que criar estratégias junto com os educadores, para garantir que eles se sintam capazes de realizá-las”, afirmou a educadora, destacando que a distância entre quem planeja e quem executa as atividades na escola é o que regula o sucesso da aprendizagem, isto é, quanto mais próximos, melhor.

Como colocar em prática o trabalho colaborativo entre professores? 

Na experiência de Patricia, um ponto de partida para esse trabalho colaborativo entre os professores é juntá-los em torno de uma mesa e colocar sobre ela todas as folhas em branco que os estudantes entregaram, todas as evidências de tensão entre a relação dos estudantes com o conhecimento e o projeto pedagógico e o currículo da escola. “E aí é perguntar: o que fazemos com isso? Como cada um dos indivíduos, que têm relações diferentes com o conhecimento, podem participar desse mesmo projeto pedagógico?”.

Esse é o momento em que cada professor oferecerá sua contribuição, percepção e opinião e, raramente, todos eles estarão alinhados em uma mesma direção. Essa diversidade é oportuna para construir os caminhos possíveis e, ao mesmo tempo, um desafio, porque é preciso estabelecer um critério, um ponto de apoio para tomar decisões que possam ser interessantes a todos. “Então esse critério comum também precisa ser construído, sabendo que esse marco geral deixa lugar para situações mais específicas, não é uma regra”, explicou Patricia.

A especialista também indicou outras perguntas que ajudam os professores a compreenderem o que se passa com os processos de ensino e aprendizagem: “Depois da explicação inicial, você teve que ajudá-los? Em que e como? Eles foram testando? Tem coisas apagadas nas folhas dos estudantes? Algo em particular te chamou a atenção?”.

Patricia também indica que anotar as dúvidas, bloqueios, obstáculos e interpretações distantes das esperadas também ajuda no momento de análise posterior e a construir uma base de critérios para intervir além da situação pontual em que ela se deu.

*Foto: Priscila Ramalho.

Em Manaus, programa de tutoria qualifica formação de professores

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.