publicado dia 30/11/2018
Macaé Evaristo e a luta por diversidade na educação
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 30/11/2018
Reportagem: Ingrid Matuoka
Por onde passa, Macaé Evaristo encampa a batalha por uma educação pública de qualidade para todos. Para atingir esse objetivo, ela considera indispensável a atenção à diversidade e inclusão, ao protagonismo dos estudantes em seu processo de ensino-aprendizagem e a abertura da escola para o território.
O Especial Educadores, do Centro de Referências em Educação Integral, traz 10 especialistas fundamentais para compreender a educação integral e a importância da escola pública no Brasil.
Com vasta experiência em sala de aula e de atuação na política pública brasileira, a educadora é referência em direitos humanos, educação no campo, indígena (foi coordenadora do Programa de Implantação de Escolas Indígenas de Minas Gerais, entre 1997 e 2004), quilombola, e nas relações étnico-raciais.
Para a educadora, a escola tem o dever de assumir um papel ativo no combate ao racismo, na promoção da igualdade e no compromisso com o ensino da história africana e afro-brasileira.
Na defesa do protagonismo estudantil e da escuta das juventudes brasileiras, Macaé Evaristo também tem importante atuação, propondo que os gestores se abram para ouvir os jovens e pensar novas linguagens e metodologias para tornar a escola e as relações de ensino-aprendizagem mais significativas e mais conectadas com suas vidas.
Para ela, ouvir um aluno implica, portanto, em conhecê-lo e entender como ele e a escola se relacionam com o território que ocupam, olhando também para os movimentos populares e juvenis, a organização da cidade ou do campo, e qual a relação entre esses elementos e a escola.
Este último ponto foi concretizado por Macaé no desenvolvimento e implementação do programa de educação integral de Belo Horizonte, o Escola Integrada, enquanto atuou na Secretaria Municipal de Educação, de 2005 a 2012.
A proposta era construir uma comunidade de aprendizagem, em que as escolas municipais se conectassem aos espaços e à comunidade do entorno, dissolvendo os limites físicos e simbólicos de onde se aprende e de quem ensina. Assim, um parque pode ser uma sala de aula, um artesão, o professor, e todo mundo aprende e ensina.
Em Belo Horizonte, o projeto persiste até hoje, e conta com o apoio de instituições de Ensino Superior, diretores e coordenadores pedagógicos, professores comunitários, monitores universitários e agentes culturais e sociais da própria comunidade.
Eles organizam saídas com os estudantes para ir a parques ou clubes, por exemplo, desenvolver atividades de matemática ou português, a partir de brincadeiras e elementos próprios do espaço. E as avaliações são feitas de maneira processual, com o intuito de identificar dificuldades e potencialidades em lugar de somente dar uma nota.
Em 2013 e 2014, Macaé Evaristo também foi Secretária de Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC), e no ano seguinte assumiu a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, sendo a primeira mulher negra a ocupar um cargo de primeiro escalão no governo do estado.
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Artigo Educação e Diversidade: direito a ação afirmativa. Retratos da Escola, 2013.
‘A escola tem que assumir seu papel de combate ao racismo’, para o site Geledés, 2015.