publicado dia 12/07/2019
MEC quer implantar 108 escolas cívico-militares até 2023
Reportagem: Natália Passafaro
publicado dia 12/07/2019
Reportagem: Natália Passafaro
O Ministério da Educação (MEC) pretende implantar 108 escolas cívico-militares até 2023. Essa é uma das ações previstas no Compromisso Nacional pela Educação Básica, apresentado no último dia 11, em Brasília. O documento reúne ações que estão sendo planejadas para serem implementadas até o fim do atual governo.
Além das escolas militares, pretende-se dar celeridade à conclusão de mais de 4 mil creches até 2022; conectar 6,5 mil escolas rurais por meio de satélite em banda larga em todos os estados; e ofertar cursos de ensino a distância para melhorar a formação de professores, até 2020, entre outras ações.
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O plano de ação, segundo o ministro da Educação, Abraham Weintraub, visa dar mais protagonismo aos estados e municípios, seguindo o mote defendido pelo governo de menos Brasília e mais Brasil. “As ideias já existiam, precisava transformar a energia potencial em energia cinética”.
A intenção, de acordo com o MEC, é tornar o Brasil referência em educação na América Latina até 2030. “Nós, como brasileiros, em essência, somos tão bons quanto qualquer país no mundo”, disse o ministro.
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Um dos destaques do Compromisso Nacional pela Educação Básica é a implementação de escolas cívico-militares, pauta defendida desde a campanha do presidente Jair Bolsonaro.
Neste ano, o MEC passou a contar inclusive com uma Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-Militares. A intenção é, de acordo com o plano apresentado nesta quinta-feira, implementar o modelo em 27 escolas, por ano, uma por unidade da federação. A medida, segundo o MEC, deve atender a 108 mil alunos.
Segundo relatório do Conselho Nacional de Entidades da CNTE, as escolas militares limitam os princípios constitucionais do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, falhando com a missão de cumprir os três objetivos nucleares da educação: o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Além das 27 novas escolas por ano, o MEC pretende fortalecer 28 escolas cívico-militares por ano, em conjunto com os demais entes federados, totalizando 112 escolas até 2023, atendendo a aproximadamente 112 mil estudantes.
As escolas cívico-militares são instituições não militarizadas, mas com uma equipe de militares da reserva no papel de tutores. No modelo, a gestão é transferida para instituições militares, como a Polícia Militar, bombeiros e até mesmo integrantes das Forças Armadas.
A meta é aumentar a média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Segundo o MEC, enquanto a média do Ideb em colégios militares é 6,99, nos civis é 4,94.
“Os pressupostos é que [a instalação das escolas] se dê em locais carentes, como foi o ensino médio em tempo integral. Se não se coloca em locais que sejam carentes, estará aumentando ainda mais a diferença de conhecimento dessa população”, afirmou o secretário de Educação Básica do MEC, Jânio Carlos Endo Macedo. Ao todo, o governo pretende investir R$ 40 milhões por ano.
Em entrevista a Nova Escola, Andressa Pellanda, coordenadora-executiva da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, afirma que a militarização das escolas é um dos pontos mais graves do documento apresentado pelo ME, “uma vez que atinge em cheio o direito à Educação em sua forma mais plena, que é democrática, de livre expressão e com liberdade de cátedra”.
Para a especialista a proposta não tem sentido. “Fora ser um desvio de função para os militares, ainda é uma afirmativa por uma escola que não tem como profissionais que atuam nela especialistas em Educação. É um aceno a um modelo educacional pautado em uma visão muito mais autoritária que democrática, o que é prejudicial para o processo de ensino-aprendizagem”, pontua Pellanda.
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Acesse a versão integral do Compromisso Nacional pela Educação Básica apresentado pelo MEC
Com informações: Agência Brasil e Ministério da Educação. Imagem de abertura: Isa Assumpção, dos Jornalistas Livres