publicado dia 09/08/2019

13A: por que estudantes e professores estarão nas ruas

por

No próximo dia 13 de agosto novas manifestações em defesa da educação acontecem pelo Brasil. Convocadas pela União Nacional dos Estudantes (UNE), em conjunto com centrais sindicais e movimentos sociais, a ideia é dar continuidade aos atos de Maio, quando estudantes, pesquisadores e professores ocuparam às ruas de mais de 200 cidades e do Distrito Federal.

A pauta segue com foco no desmonte ofertado pelo governo Bolsonaro na área da educação e contra os cortes de garantias sociais históricas, como a Previdência Social.

Leia+: Os 6 primeiros meses do governo Bolsonaro na educação

Para conter as manifestações, o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou a presença da Força Nacional de Segurança Pública em apoio ao Ministério da Educação, nas ações de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, na defesa dos bens e dos próprios da União, nos dias 12 e 13 de agosto. A medida foi divulgada no Diário Oficial da União e é criticada por especialistas e estudantes.

“Não somente a deliberação tem um caráter antidemocrático e autoritário, como é uma decisão desmedida e que demonstra que o Ministério da Educação não entende mesmo do que é a educação: uma construção de troca e em interrelação”, defende Andressa Pellanda, coordenadora executiva da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

“Para que qualquer política educacional seja de sucesso é preciso em primeiro lugar ouvir e construir junto com professores e alunos, os sujeitos da educação. E é exatamente o oposto disso que o governo vem fazendo e reitera com a permissão de uso da força nas próximas manifestações.”

O presidente da UNE, Iago Matavão, se pronunciou em suas redes sociais: “ao autorizar o uso de Forças Armadas durante os atos pela Educação no dia 13 de Agosto, o juiz Sérgio Moro e o ministro Abraham Weintraub mais uma vez abusam do poder e ferem liberdades democráticas.”

Relembre as medidas que levam estudantes, pesquisadores, professores e ativistas de volta às ruas neste 13 de agosto

  • Novos cortes orçamentários

No total, o Ministério da Educação tem R$ 6,1 bilhões congelados, de um orçamento. É o Ministério com o maior corte em toda a Esplanada. Além do contingenciamento divulgado em Abril, novos valores foram bloqueados em Julho.  

Além destes números, foram noticiados recentemente o corte de R$ 348 milhões em livros para a educação básica – área considerada prioritária para Weintraub.

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, 1 bilhão que seriam dedicados à pasta foram destinados à emendas parlamentares que visam a aprovação da Reforma da Previdência.

  • Future-se e o desmonte do Ensino Superior público

Reestruturar o financiamento do ensino superior público é o objetivo do “Future-se”.  Segundo o MEC, o programa visa ampliar a autonomia financeira das universidades a partir da maior participação de verbas privadas no orçamento universitário.

Para reitores das universidades federais e especialistas, o Future-se é um instrumento do governo para tentar acabar com a autonomia e abrir as portas da privatização das universidades públicas.

“O Future-se não é um programa de desenvolvimento das universidades. É um instrumento para o governo tentar acabar com a autonomia universitária, abrindo caminho para a entrada do setor privado. Não se trata de governança. É para que o privado prepondere sobre o público”, afirmou em suas redes sociais Margarida Salomão, ex-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

+: Future-se é “aposta arriscada” baseada em mentiras, diz especialista

  • Reforma da Previdência para professores 

Atualmente, as professoras se aposentam com 50 anos de idade e 25 de contribuição, e os professores com 55 anos de idade e 30 de contribuição. Ainda há docentes que podem se aposentar apenas pelo tempo de contribuição.

De acordo com a atual versão da Reforma, professores homens só poderão se aposentar aos 60 anos de idade e as mulheres com 57. As regras são válidas para docentes dos setores públicos e privados.

Se aprovada, as consequências serão especialmente prejudiciais para as mulheres e para a qualidade da educação.

  • Enem digital e o aumento das desigualdades no acesso ao Ensino Superior

O Ministério da Educação anunciou, no início de julho, que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vai se tornar digital. A proposta é de uma implementação progressiva – em 2020, a versão digital será aplicada em fase piloto.

Porém, mais de um terço (39%) dos domicílios brasileiros ainda não tem nenhuma forma de acesso à internet. Segundo a pesquisa TIC Domicílios 2017, são cerca de 27 milhões de residências desconectadas, enquanto outras 42,1 milhões acessam a rede via banda larga ou dispositivos móveis. Será um desafio sua realização, garantindo equidade e oportunidades para todos.

Conheça 10 brasileiros que foram às manifestações pela educação

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.