publicado dia 26/10/2017
Seminário marca lançamento da plataforma Na Prática e do especial Educação Integral nas Infâncias
Reportagem: Thais Paiva
publicado dia 26/10/2017
Reportagem: Thais Paiva
Paulo Freire já nos aconselhava a “diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz”, em um esforço contínuo e necessário de transformar toda teoria em prática.
Nesta quarta-feira, 25, o seminário técnico Caminhos para a Educação Integral, promovido pelo Centro de Referências em Educação Integral, no Instituto Singularidades, em São Paulo (SP), apresentou dois materiais que vêm para contribuir nessa direção: a plataforma Educação Integral Na Prática e o especial Educação Integral nas Infâncias.
Resultado de uma pesquisa que envolveu mais de 20 municípios e estados de todas as regiões do País, a ferramenta virtual Educação Integral Na Prática reúne conceitos, estratégias e instrumentos para apoiar os gestores educacionais na implementação de políticas de educação integral.
“O Na Prática não é uma receita pronta, mas um guia estruturado para essa implementação”, explica Natacha Costa, diretora do Centro de Referências. “Há uma dissociação entre o trabalho das secretarias e o das escolas. Aquilo que as secretarias colocam como estratégia indutora das políticas nem sempre é recebido de forma positiva pela outra ponta. A proposta é quebrar esses muros e propor a educação integral como concepção e não como modalidade”, acrescenta.
Na Prática assegura que municípios e estados tenham um referencial para desenvolver políticas de educação integral de maneira consistente, ágil e eficiente
Se os desafios para essa realização são grandes os potenciais também são, lembra Anna Penido, diretora do Instituto Inspirare. “Há muita coisa relevante acontecendo nas redes. Diante da meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE) e do capítulo introdutório da Base, que apresenta essa concepção de educação integral, essa implementação se torna ainda mais estratégica”.
Nesta perspectiva, aponta Anna, o Na Prática surge como uma importante ferramenta para assegurar que os municípios e estados brasileiros tenham um referencial de orientação e possibilidades para desenvolver suas políticas de educação integral de maneira consistente, ágil e eficiente.
“A Secretaria de Educação já tem muito trabalho, muitas questões envolvendo a rotina das escolas, então a proposta é facilitar. A plataforma é muito intuitiva e todos os instrumentos ali contidos estão disponíveis para download”, acrescenta a especialista Cleuza Repulho.
Por sua vez, o especial Educação Integral nas Infâncias, desenvolvido pelo Centro de Referências em Educação Integral com o apoio do Instituto C&A, apresenta um documento de referência contendo pressupostos e práticas para desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
“Uma preocupação hoje é essa ruptura entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Logo, a proposta foi pensar caminhos para uma transição integradora. Daí o desafio de pensar uma escola para uma infância dos 0 aos 12 anos”, explica Natacha Costa.
Professor da Faculdade de Educação da UFMG, Levindo Diniz Carvalho reforçou a necessidade de pensar e construir uma escola em consonância com a singularidade desse tempo de vida. “As crianças precisam estar no centro dessa proposta. Mais tempo na escola deve significar uma relação mais íntima com as pessoas, mais escuta, uma relação de cuidado mais ética”.
Mas quais os caminhos para materializá-la? “A preocupação é garantir os direitos e o desenvolvimento integral das crianças em uma perspectiva de educação que acontece ao longo da vida. O Educação Integral nas Infâncias traz um aporte conceitual para isso e o Na Prática mostra como colocar de pé”, resume Janine Schultz, do Instituto C&A.