publicado dia 07/10/2022

Podcast Projeto Querino pode ajudar professores a contar as outras histórias do Brasil

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“A história explica o Brasil de hoje”, diz um trecho do podcast “Projeto Querino”, que conta a formação do país a partir de um olhar afrocentrado, isto é, que adiciona outras camadas à narrativa conhecida e que foi criada majoritariamente por homens europeus e cristãos. 

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“Não pretendemos apresentar a versão correta ou única da nossa história, mas uma versão mais completa e complexa da formação da sociedade brasileira e do Brasil enquanto nação do que a que geralmente conhecemos na escola, que ignora todos os feitos de qualquer grupo que os dos que estavam no poder”, diz o jornalista Tiago Rogero, que idealizou e coordenou o podcast, com apoio do Instituto Ibirapitanga e consultoria em História de Ynaê Lopes dos Santos. 

O podcast, que leva o nome de Manuel Raimundo Querino (1851-1923), intelectual, artista e abolicionista negro, reflete ao longo de oito episódios sobre um país que nasce da exploração do trabalho e dos conhecimentos indígenas e negros, que sequestra da África 5 das 12 milhões de pessoas escravizadas e é o último país ocidental a abolir a escravização, embora pudesse tê-lo feito muito antes.  

O projeto também evidencia a enorme rede que se estabeleceu em torno deste comércio, sustentada por muitas pessoas, e que beneficiou as elites brasileiras, muitas das quais colhem privilégios até hoje, além de contar as histórias de resistência, de quem lutou contra as violências e injustiças, por si e pelos outros, ao longo dos séculos.

Podcast ajuda ampliar repertório e refletir sobre o racismo 

A maior presença de vozes negras e indígenas ao longo do percurso escolar faz parte da ideia de uma Educação Antirracista e está respaldada pela legislação. 

O combate ao racismo e a promoção da educação antirracista estão presentes nos principais documentos brasileiros, como a Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE). Em 2003, foi criada a Lei nº. 10.639. que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira, bem como a educação das relações étnico-raciais na educação básica (pública e privada).

Para os estudantes, é especialmente importante ampliar a visão sobre a história do Brasil. Tiago explica que para as crianças e adolescentes brancas, é uma oportunidade de formação cidadã e compromisso com o bem-estar social e o fim das desigualdades. “Para os não-brancos, é uma possibilidade de construir ou reforçar sua autoestima, porque o Querino mostra as outras possibilidades de ser negro no país”, afirma. 

Mesmo quando a escravidão ainda era legalizada, haviam homens e mulheres que conquistaram a liberdade e se tornaram escritores, médicos, músicos e advogados. “Mesmo entre os escravizados, havia os que se dedicavam a aprender a ler, ainda que isso fosse proibido, e a ensinar as outras pessoas, sobretudo crianças, que resistiam, formavam quilombos e professavam a fé, também proibida”, conta Tiago. 

Para trabalhar o tema com as turmas a partir do podcast, o jornalista indica a possibilidade de selecionar trechos que contem histórias que podem engajar os estudantes e desenvolver o assunto a partir disso. “No site do Projeto Querino também tem todos os episódios e transcrições, então é possível buscar o tema que quiser por lá, além de reportagens e referências bibliográficas de cada episódio, para quem quiser se aprofundar”, indica Tiago.

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