publicado dia 21/12/2017

Os acontecimentos que marcaram a Educação em 2017

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No ano de 2017, a educação se viu marcada pela concretização de diversas políticas públicas controversas iniciadas nos anos anteriores, como a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Reforma do Ensino Médio.

Outros pontos de destaque – e preocupação – estiveram relacionados com o crescente corte de investimento na área, trazendo poucas perspectivas de sobrevivência ao Plano Nacional de Educação (PNE) e ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Abaixo, selecionamos os principais marcos educacionais de 2017 e as possíveis consequências que trarão ao País para os anos seguintes. Confira:

Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

Homologado nesta quarta-feira (20) pelo presidente Michel Temer (PMDB) e pelo Ministro da Educação Mendonça Filho (DEM), o documento reúne os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de todos os alunos brasileiros e norteará a construção dos currículos das escolas – públicas e privadas.

Outros pontos de preocupação estão relacionados com o crescente corte de investimento, trazendo poucas perspectivas de sobrevivência ao PNE

No entanto, desde sua primeira versão, a Base tem levantado polêmicas. Em suma, o texto final é criticado por insistir em uma visão fragmentada do conhecimento e do desenvolvimento humano, por invisibilizar as questões ligadas à identidade gênero e orientação sexual, enfatizar o ensino religioso e antecipar a idade máxima para conclusão do processo de alfabetização.

Em relação à educação integral na BNCC, o conceito aparece muito concentrado na introdução, mas torna-se diluído no decorrer do texto. O documento também prioriza o desenvolvimento intelectual dos estudantes sobre as demais dimensões das crianças, como a social, emocional, física e cultural.

Leia + Sob críticas, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é aprovada

Reforma do Ensino Médio

O ano começou com a sanção da Reforma do Ensino Médio, em fevereiro. Para especialistas, o novo currículo traz um olhar tecnicista, tira espaço de áreas do conhecimento importantes como Filosofia e Sociologia e deverá aprofundar as desigualdades educacionais já existentes no Brasil. Outro ponto de disputa diz respeito à ampliação da carga horária que, sobretudo nesta etapa escolar, pode aumentar o índice de evasão. 

Outras polêmicas envolvem maior abertura para oferta de ensino a distância e para parcerias com instituições privadas de ensino, bem como a autorização para contratar profissionais sem formação específica, mas com “notório saber”.

Leia + Aprovada no Senado, reforma do ensino médio deve aprofundar desigualdades educacionais

Plano Nacional de Educação

Das 20 metas do PNE, apenas seis que deveriam ter sido cumpridas até 2017 foram alcançadas. Em relação à meta que diz respeito à garantia de que pelo menos 25% dos alunos da Educação Básica estejam matriculados em tempo integral até 2024, foi atingido até o momento a porcentagem de 11,5%, segundo dados do Observatório do PNE.

Ainda assim, em agosto, o governo de Michel Temer (PMDB) vetou o artigo na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que colocava como prioridade a destinação de recursos na área de educação para o cumprimento das metas do PNE.

Leia + Para governo Temer, cumprimento do PNE não é prioridade

Financiamento da Educação

A Emenda Constitucional 95, conhecida como Teto de Gastos, começará a valer para a Educação em 2018, impondo um limite bem mais baixo para os investimentos públicos em Educação.

Além de menos recursos em geral, essa configuração atinge diretamente o Fundeb, que financia 40 milhões de estudantes, e é muito dependente do ICMS, imposto que varia de acordo com o consumo. Em tempos de recessão econômica, a arrecadação deste tributo está em queda.

Há, ainda, a proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15/2015, que visa tornar o Fundeb instrumento permanente de financiamento da Educação Básica pública. Na prática, por não definir onde o investimento deve ser feito e ampliar para “educação”, há uma brecha para tirar dinheiro de professores, infraestrutura e sala de aula e aplicar em qualquer outra área que se possa fazer uma relação.

Leia + O impacto do teto de gastos nas políticas de educação

A dissolução do FNE

O MEC estabeleceu novas regras para a composição do Fórum Nacional de Educação (FNE). Para o Ministério Público Federal, que pediu a revogação da portaria, não há respeito às cláusulas da Constituição Federal acerca da participação e da independência.

O texto, publicado em abril por meio da portaria 577, exclui da composição do FNE as entidades representativas de segmentos sociais essenciais.

O texto também estabelece que membros do colegiado devem disputar vaga, além de conceder ao ministro o poder de decidir quem ingressa ou sai da composição do Fórum.

Leia + MPF recomenda revogar portaria que altera formação do Fórum Nacional de Educação

Nova Política de Formação de Professores

A Nova Política de Formação de Professores, anunciada em outubro pelo Ministério da Educação, foi alvo de críticas por responsabilizar o professor pelos resultados dos alunos sem considerar outros fatores, como o contexto socioeconômico dos estudantes e as condições de trabalho e de funcionamento das escolas.

Entidades científicas da área educacional também criticaram a forma como o projeto foi elaborado e divulgado, afirmando que o processo foi impositivo, sem espaço para diálogo.

Leia + Nova política de formação de professores anunciada pelo MEC é criticada

Ensino Religioso Confessional

Dois meses antes do MEC reincorporar o ensino religioso na BNCC, o Supremo Tribunal Federal entendeu que as escolas públicas do Brasil podem optar por ensinar uma única corrente religiosa para seus alunos.

Leia + Os desdobramentos do ensino religioso confessional nas escolas públicas

Retrocessos

Dos 27 estados brasileiros, 15 têm projetos do Escola Sem Partido tramitando em Assembleias Legislativas, e em vários municípios o projeto chegou a ser aprovado, ainda que vetado posteriormente.

No município de São Paulo, o prefeito João Doria (PSDB) encerrou escolas de tempo integral em setembro, meses após fechar brinquedotecas e salas de leitura em escolas de educação infantil.

Avanço

Em maio, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aprovou as cotas raciais para ingresso, e dois meses depois a Universidade de São Paulo (USP) seguiu o exemplo, valendo já para o ingresso em 2018.

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