publicado dia 25/10/2018

A potência da educação presencial e das relações de ensino-aprendizagem

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Em uma escola, as relações de ensino-aprendizagem se estabelecem entre todos: estudantes e colegas, alunos e professores, famílias e comunidade escolar e assim por diante. Isso porque alunos também ensinam, professores também aprendem, enfim, todos têm algo a compartilhar.

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“Aprender é muito mais do que só ficar diante de um livro ou computador. Sem as relações presenciais de ensino-aprendizagem na Educação Básica, até o domínio da cognição pura e simplesmente é comprometido”, explica Maria Thereza Marcílio, diretora da Avante.

Estas trocas, na verdade, ocorrem o tempo todo nos mais diversos espaços. Mas a instituição escolar é a que tem mais condições de criar um ambiente fértil para que as relações de ensino-aprendizagem floresçam, pois reúne diversos atores e linguagens em articulação com o território, permitindo a construção coletiva de saberes.

“Neste espaço, há diálogo, acolhimento, respeito, escuta, afetividade. Sem isso, há evasão, desinteresse, e sobra pouco espaço para a criatividade e o desenvolvimento das múltiplas potencialidades do sujeito: sociais, emocionais, cognitivas, corporais”, explica Maria Thereza.

Educação presencial e Educação a distância

Apesar destes benefícios, a Educação a Distância (EaD) avança sobre a Educação Básica no Brasil. Em maio de 2017, por meio do decreto 9.057/2017, Michel Temer causou alvoroço por autorizar a oferta de cursos a distância para os anos finais (do 6º ao 9º ano) do Ensino Fundamental para alunos privados da oferta de disciplinas obrigatórias do currículo escolar. Ou seja, ao permitir que o déficit de professores fosse resolvido com aulas na modalidade.

Diante das inúmeras críticas, recuou, alegando ‘erro material’ na redação do texto e mantendo a autorização do uso de EaD para o Ensino Fundamental somente em casos emergenciais.

Mais recentemente, outras propostas voltaram a flertar com a EaD em etapas da Educação Básica, o que tem preocupado os educadores que defendem que há aspectos da aprendizagem que não podem ser transmitidos por uma tela.

Educadores defendem que há aspectos da aprendizagem que não podem ser transmitidos por uma tela

“A educação presencial favorece a criação de laços de afetividade, a escuta do outro, poder compartilhar ideias e experiências, e criar redes. Sem isso, cresce o isolamento dos seres humanos”, diz Franciele Busico Lima, professora de pedagogia no Instituto Singularidades e da rede municipal de São Paulo.

A professora continua explicando que as relações de ensino-aprendizagem se estabelecem e se mantêm a partir do convívio diário, ao buscar o diálogo para resolver tarefas e problemas conjuntamente. “Essa relações permitem aprender a estar no mundo, a cidadania, como funciona a democracia e a convivência social com a diversidade“, diz Franciele.

Para a docente, afastar as crianças e as famílias da escola reduz ainda o poder de controle social que estes atores exercem sobre o equipamento público, tão útil para a melhoria da qualidade da educação.

Escola não é só instrução

Maria Thereza: “Uma boa escola é o lugar onde todos aprendem, inclusive a família, um espaço de encontros e aprendizagens”

Além do seu papel de transmitir o conhecimento científico acumulado pela sociedade, a escola é, por princípio, o espaço de preparo para o convívio com o outro.

Quando matriculadas, as crianças são inseridas em um novo universo de códigos e valores muito mais amplo do que aquele conhecido por meio da família. “Só isso já é um disparador de aprendizagens emocionais, sociais, cognitivas. Porque aprender é um processo interativo”, explica Maria Thereza.

Para os professores, a escola é um espaço rico porque permite a socialização e exige trabalho cooperativo, sobretudo com a demanda crescente por interdisciplinaridade. A simples convivência presencial e suas trocas diárias já estabelecem essas relações, que podem ser ampliadas por meio de tutorias e reuniões para compartilhar dificuldades e experiências.

“A escola é todo um ambiente focado no desenvolvimento integral do ser humano, ou pelo menos deveria ser. Uma boa escola é o lugar onde todos aprendem, inclusive a família, um espaço de encontros e aprendizagens”, observa Maria Thereza, diretora da Avante.

 

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