Escola indígena de Rio Tinto (PB) refloresta nascentes de água do território
Publicado dia 01/03/2024
Publicado dia 01/03/2024
🗒️Resumo: Em Rio Tinto (PB), a EE Indígena de Ensino Fundamental e Médio Cacique Domingos Barbosa dos Santos realiza todos os anos uma ação de reflorestamento das nascentes de água do território, assoladas pelo desmatamento. O projeto é um dos dez vencedores da 7ª edição do Prêmio Territórios.
“Qual é o maior problema que vocês identificam em nosso território?”, perguntou aos estudantes o professor Emerson Felipe da Silva, da EE Indígena de Ensino Fundamental e Médio Cacique Domingos Barbosa dos Santos, de Rio Tinto (PB).
A resposta das quase 400 crianças e adolescentes foi praticamente unânime: a falta de água. O problema é fruto de anos de monocultura de cana-de-açúcar e desmatamento de antes do território ser demarcado como pertencentes aos indígenas da região. Os danos ambientais levaram ao colapso da nascente de água que abastece a aldeia.
“Decidimos começar a reflorestar, conscientizar a população e conservar o meio ambiente para amenizar a problemática dos recursos hídricos”, conta Emerson. Foi assim que teve início o projeto “Reflorestamento, conservação e conscientização ambiental da Aldeia Jaraguá: os escolares protagonizam”, um dos dez vencedores da 7ª edição do Prêmio Territórios, iniciativa do Instituto Tomie Ohtake, realizada em parceria técnica com a Cidade Escola Aprendiz e o Centro de Referências em Educação Integral.
“O meio ambiente é muito importante para nós, então nosso intuito é tentar preservar a natureza”, diz Djnnefer Freitas Ferreira, 18 anos, que é estudante do 3º ano do Ensino Médio da unidade.
Desde 2017, todos os anos a escola inteira, bem como as famílias e outras pessoas da comunidade, se juntam para plantar mil mudas em torno de nascentes da região. “A comunidade é muito ativa e temos muita presença da associação dos pescadores e dos agricultores nos ajudando também”, destaca Emerson, que é o educador responsável por articular o projeto.
Para conseguir as doações de mudas, a escola firmou uma série de parcerias com instituições e órgãos públicos e privados, como a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Além das plantas, os parceiros também compartilham conhecimentos com os estudantes nas ações de Educação Ambiental da escola. “Eles ensinam questões técnicas sobre o plantio e cuidado com as mudas, sobre meio ambiente e sustentabilidade, aulas de campo, visitamos o trabalho ambiental que realizam em outros lugares. São várias palestras e atividades práticas que acontecem todo ano”, relata Emerson.
As secretarias municipal e estadual do Meio Ambiente também contribuíram com mudas e a presença de ecólogos, geógrafos e engenheiros ambientais para apoiar nas ações de plantio.
“Temos feito trilhas para observar e planejar como podemos realizar ações maiores agora. Quando tivermos a oportunidade de cercar uma área maior para as plantas crescerem, vamos fazer”, compartilha o professor sobre o desejo da escola em continuar com as ações.
Para Edneia Gonçalves, uma das avaliadoras do Prêmio Territórios e coordenadora executiva adjunta da Ação Educativa, o projeto ganha destaque pela transformação concreta que realiza, a partir de um problema real do território, além de encarar a relação com a natureza de forma horizontal e convocar toda a comunidade e instituições a contribuir.
“Passamos muito tempo achando que as escolas indígenas eram aquelas da ausência de conhecimentos que precisariam ser preenchidos por outro, eurocêntrico e racista. Hoje percebemos sua capacidade de lidar com a transformação do meio ambiente a partir da relação respeitosa com todos os seres vivos, com todas as suas possibilidades de diversidade, para produzir saberes importantes para todo mundo, por uma Educação significativa para o presente e o futuro e de mais respeito com o passado”, afirma Edneia.
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