Em Racismo Recreativo – Coleção Feminismos Plurais (Editora Pólen, 2019), Adilson Moreira, considerado um dos maiores juristas do Brasil, conceitua o termo para diferenciar piadas de expressões do racismo:
“Ele deve ser visto como um projeto de dominação que procura promover a reprodução de relações assimétricas de poder entre grupos raciais por meio de uma política cultural baseada na utilização do humor como expressão e encobrimento de hostilidade racial”, diz o professor e pesquisador da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, que formou-se doutor em direito pela Universidade Harvard, onde estudou direito antidiscriminatório.
Tão grave quanto o racismo direto, ambos desumanizam, constróem estigmas negativos sobre a vítima a partir do que ela é de forma imutável, ao mesmo tempo em que reforçam uma suposta superioridade do algoz.
A importância da Educação para o combate ao racismo recreativo
Para Thales Vieira, co-diretor executivo do Observatório da Branquitude, a Educação é o melhor caminho para enfrentar o racismo recreativo, desde a Educação Infantil.
O especialista também reforça a importância da Lei 10.639/03, que instituiu a obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana e afrobrasileira nas escolas, por ela reforçar um lugar positivo da cultura e da população negra na formação do Brasil.
“Isso valoriza a população negra e diminui seu lugar de desumanização, porque se alguém passa 8 anos estudando e tudo que vê sobre a população negra é a escravização, sua representação fica fixada nesse lugar. A escola tem o papel de embaralhar essas representações, não de reforçar lugares estanques”, disse Thales nesta entrevista.
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Racismo Recreativo – Coleção Feminismos Plurais, por Adilson Moreira (Editora Pólen, 2019)
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