O entorno da EMEF Professor Francisco da Silveira Bueno, na zona leste de São Paulo (SP), contrastava com os muros bem cuidados, repletos de grafites coloridos, da escola. Havia descarte de lixo inadequado, plantas em condições precárias e calçadas esburacadas e desniveladas. 

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Quem constatou o problema foram os estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental da unidade, por incentivo em promover projetos contextualizados ao território e aos desejos dos adolescentes. 

Assim nasce o projeto Estudantes em Ação, que teve início em agosto e foi conduzido por 40 integrantes do Grêmio e colegas que se juntaram à proposta. “Eles pensaram juntos em uma ação para melhorar esse entorno e montaram várias fases de ação, até a culminância, que foi a Mostra Cultural, em 21 de outubro”, explica Jucileia Oliveira Bezerra, coordenadora pedagógica que acompanhou as atividades de perto.

O primeiro passo foi mobilizar a comunidade. Com convites em mãos, os estudantes saíram de casa em casa para convidar os vizinhos para participar de um mutirão de limpeza e cuidado com os arredores da escola. “Eles foram super gente boa e, no dia, ajudaram a gente a varrer as calçadas”, conta Julio Cesar da Silva Gomes Pimentel, 14 anos, estudante do 8º ano.

Além do convite, também distribuíram bexigas para as pessoas colocarem em seus portões no dia da Mostra Cultural para evidenciar seu apoio à escola, bem como coletaram assinaturas para reivindicar junto à Prefeitura a revitalização das calçadas.

“É importante mostrar para essas pessoas que temos o objetivo de cuidar da nossa escola e da comunidade. É também uma boa maneira de garantir que as próximas gerações vejam o que é bom, o que a gente fez, para cuidar também”, afirma Gabriela Alves Vieira, 14 anos. 

No dia da Mostra Cultural, as lixeiras da escola foram distribuídas pelas calçadas e a comunidade ajudou a varrer e descartar os lixos adequadamente. Um dos vizinhos cuidou das plantas. Outros, ajudaram a estender um varal de poesias feitas pelos estudantes do lado de fora da escola. Também aconteceram apresentações de dança e música dos adolescentes e de um artista de Hip Hop do bairro.

“A gente mostra que está dentro da escola não só para estudar, mas também para ajudar toda a comunidade, que também ajudou a gente a cuidar da escola”, diz Julio.

A lixeira principal da escola agora vai ficar aberta para as pessoas terem onde descartar o lixo e, no ano que vem, pretendem colocar cartazes pedindo cuidado com o lixo e dar continuidade às ações, enquanto aguardam um retorno da Prefeitura sobre as calçadas.

“Para mim o maior aprendizado deles nesse processo foi o desenvolvimento da consciência enquanto cidadãos daquele território, que tem uma história de desvalorização, que agora vira de cuidado”, aponta Jucileia.