publicado dia 08/09/2022

Educação digital: Trilha Tech alia tecnologia e protagonismo estudantil para transformar a escola

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Como as ferramentas digitais podem ajudar a mapear e materializar demandas estudantis em suas escolas? Na EMEF Dilermando Dias dos Santos, em São Paulo (SP), os estudantes são desafiados a olhar para o contexto escolar, propor melhorias e se apropriar de ferramentas digitais para transformar suas realidades. Essa forma de educação digital é fruto de uma parceria da escola com o Trilha Tech na Escola, formação do Instituto Catalisador, com apoio do Instituto MRV.

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Estudantes elencam as prioridades e as etapas de ação para as transformações que desejam promover na escola

Crédito: Franciele Gomes

No primeiro semestre deste ano, os estudantes dos 6° e 9° anos elencaram as principais mudanças que gostariam que acontecessem na escola – reformar um bosque que está interditado, manutenções básicas na infraestrutura, acrescentar alimentos à merenda e promover campeonatos na recém-inaugurada quadra da escola estão entre os desejos das turmas. 

Ao longo dos meses, eles estudaram as questões envolvidas em cada projeto: as habilidades que cada um possui e podem utilizar para contribuir com o grupo, as potências da escola, e não apenas a escassez, o que está por trás de cada desafio levantado e as oportunidades de ação. Ao mesmo tempo, conheceram e utilizaram ferramentas digitais para viabilizar todo esse processo.

“Nosso objetivo é que as aulas não sejam sobre as ferramentas digitais em si, mas que elas façam parte de projetos autorais e significativos para os estudantes, que vão poder utilizá-las como ferramentas para atingir seus objetivos – exatamente como acontece em contextos fora da escola”, explica Franciele Gomes, coordenadora de projetos do Instituto Catalisador. 

Educação digital na prática 

Agora, no segundo semestre, os adolescentes vão colocar a mão na massa e fazer acontecer seus projetos. Na nova quadra esportiva, por exemplo, os estudantes entrarão em contato com as demais escolas para convidá-las para participar, organizar datas, as chaves dos jogos, orçamento e aluguel dos materiais e divulgar o evento. “Isso envolve planilhas, redes sociais, documentos digitais e outras ferramentas que não são óbvias para os estudantes”, conta Franciele.

“Essa formação coloca a molecada para pensar sobre resolução de problemas, não só estar em frente a um computador”, diz Erica Aparecida Barbosa, coordenadora pedagógica da EMEF Dilermando Dias dos Santos

A formação com os estudantes vai até o final de 2023 e acontece uma vez por semana, em parceria com o educador que lecionaria no horário da oficina. O trabalho é pautado por metodologias ativas e incentivo ao protagonismo estudantil, para que os adolescentes se apropriem dessa posição ativa e capaz de transformar realidades. 

Uma pesquisa conduzida na escola pelo Instituto Catalisador no início da formação revelou que 55% dos estudantes só possuíam acesso ao computador na escola e, embora comecem sabendo muito pouco, avançam rapidamente – já tem turma utilizando o TinkerCad para fazer uma modelagem 3D do troféu do campeonato, por exemplo.

“Essa formação coloca a molecada para pensar sobre resolução de problemas, não só estar em frente a um computador, não se resume a um aparelho”, observa Erica Aparecida Barbosa, coordenadora pedagógica da EMEF.

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A educação digital também contribui para o enfrentamento da exclusão social

Crédito: Franciele Gomes

Ela também conta que os estudantes têm levado os conhecimentos em tecnologias digitais para suas famílias. “Isso é essencial porque eles trabalham em grupo entre os estudantes, aprendendo a dialogar, e depois por vontade própria começaram a ensinar os mais velhos em casa. Vejo como um resgate da importância do coletivo, algo que estamos perdendo em nossa sociedade”, diz a coordenadora pedagógica.

Essa é, ainda, uma forma de enfrentar a exclusão digital, tanto para os estudantes quanto para suas famílias, já que desde inscrever-se no ENEM e em vestibulares, aplicar para vagas de trabalho e cursos, abrir uma conta bancária e outros processos cotidianos são praticamente todos digitais. 

“A exclusão digital é uma forma de exclusão social e potencializa ela, ainda mais no contexto de vulnerabilidade social dos estudantes. Não dá mais para pensar em adolescentes que vão entrar no mercado de trabalho e no Ensino Superior e não tenham conhecimento de ferramentas digitais. Não queremos ninguém expert em uma ferramenta, mas se um dia tiverem um problema para resolver, vão saber quais ferramentas podem ajudar e que eles são capazes de criar soluções”, afirma Franciele.

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