publicado dia 02/04/2019
Encontro debate perspectivas de currículo para o Ensino Médio
Reportagem: Da Redação
publicado dia 02/04/2019
Reportagem: Da Redação
Tão vários quantos os desejos e necessidades dos jovens podem ser as formas de pensar e organizar os currículos do Ensino Médio. É a partir desta premissa que ocorreu nesta sábado (30), na Faculdade de Educação da USP, o encontro “Perspectivas curriculares no Ensino Médio”, promovido pela Ashoka ao lado da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação.
A iniciativa Políticas de Ensino Médio: construção coletiva tem por objetivo a construção coletiva de uma proposta para o ensino médio, envolvendo diversas organizações em torno de princípios comuns, sensíveis aos temas da inclusão, democracia, contemporaneidade e transformação.
O evento, que faz parte da série de debates “Políticas de Ensino Médio: construção coletiva”, trouxe depoimentos de educadores da inovadora Escola Teia Multicultural, localizada em São Paulo (SP), e do Colégio de Aplicação da UFRGS a fim de discutir uma organização curricular que possibilite diversas trajetórias e percursos formativos, bem como a contextualização das aprendizagens e novas abordagens de ensino.
“Estes alunos estão em uma fase na qual seus projetos de vida ficam muito no campo na imaginação. Então ajudá-los a concretizar estes desejos é muito importante. Mas para isso, é preciso ter coragem e dar espaço para a experimentação. Temos que dar a mão e caminhar juntos”, colocou Georgya Correa, diretora Escola Teia Multicultural.
Georgya chamou ainda a atenção para outro fato. “O que todas essas escolas que são apontadas como inovadoras têm de diferente? Pode-se chamar de trilhas, de itinerários, de outros nomes, mas o ponto comum é este lugar de escolha dentro de um projeto coletivo”. A educadora também ressaltou que estas escolas apostam no compartilhamento de suas descobertas e fazeres de modo a inspirar outras instituições.
Ambas as escolas integram o Movimento de Inovação na Educação, iniciativa integradora de redes, escolas, profissionais, ativistas e iniciativas sociais pela transformação da educação em seus diversos campos
Neste ensejo, um dos exemplos compartilhado pela escola foi a experiência com os retiros, que acontecem antes do início do período letivo. “Nesses retiros, há uma formação de autoconhecimento para educadores, diretores e tutores. Além disso, trazemos a orientação para os projetos de cada etapa escolar. Na Educação Infantil é uma ciranda, no Ensino Fundamental 1 é uma peça teatral, no Fundamental 2 é um curta-metragem e, por fim, no Ensino Médio é um projeto transmídia”, contou.
Questionados sobre a necessidade de investimento para colocar iniciativas como estas de pé, o corpo docente do Teia destacou que, muito mais do que equipamento, o verdadeiro investimento é feito nas pessoas. “Não precisa ter a estrutura da Teia para fazer. Se reorganizando, é possível levar essa ideia para a escola pública”, disse o professor Francisley da Silva Dias.
Outro ponto que fundamentou as trocas foi a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Pautada pelo documento, Kelly Cristina Correa e Silva, professora do Colégio de Aplicação da UFRGS, falou sobre a experiência da escola com transdisciplinaridade e uma aprendizagem que visa dar sentido à vida dos alunos.
“Nos organizamos nesse sentido há muito tempo. Temos, por exemplo, uma parceira com um instituto judaico no bairro do Bom Fim, em Porto Alegre, por meio da qual realizamos uma atividade na qual sobreviventes de Auschwitz – dois judeus que eram crianças na época e o outro cuja família se valeu do fato de não ser judia para acolher judeus em sua casa – vão para as escola e relatam esse período para os alunos, misturando questões de História, Literatura, entre outras áreas.
A educadora também apontou o interesse dos alunos de falarem sobre o acesso ao Ensino Superior. “A escola invade a vida deles para dar sentido. E a verdade é que eles querem muito e falam de Enem e vestibular”, explicou.
Estas e demais propostas compartilhadas ao longo do encontro, bem como durante as demais edições, ficarão compiladas no site da organização, girando em torno de temas como avaliação, reformas, financiamento da Educação, garantia de continuidade dos projetos pedagógicos e garantia da autonomia pedagógica.