publicado dia 13/07/2017

Qual o potencial educativo dos videogames?

Reportagem:

Presentes no cotidiano de crianças e adolescentes, não raro os videogames costumam ser vistos como inimigos da educação. É comum ouvir, por exemplo, que causam distração, estimulam a violência, prejudicam a visão, entre outros problemas. Mas seria possível que esses jogos tivessem, sob outra perspectiva, um potencial educativo?

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Muitas iniciativas têm mostrado que sim. Um estudo realizado pela Universidade do Oregon, nos Estados Unidos, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, projetou um jogo para crianças de 4 a 6 anos com o intuito de averiguar se a ferramenta aprimorava controle e atenção. Após algumas sessões, constatou-se uma melhora da capacidade cognitiva e controle de precisão dessas crianças.

“Jogar videogame é um tipo de ginástica para nossos ‘músculos cognitivos'”, diz o professor Vince Vader

Outra pesquisa, feita na Universidade de Rochester e publicada na revista Current Biology, mostrou, por exemplo, que jogadores de games de ação, como Call of Duty 2, desenvolveram maior capacidade de tomar decisões com rapidez por conta dos jogos.

Nesta perspectiva, o popular jogo Minecraft, que traz um cenário 3D que estimula a construção livre com blocos de diferentes tipos, já é amplamente utilizado em escolas mundo afora por permitir a construção de diferentes formas e espaços, trabalhando noção de perspectiva espacial, volume, além de servir para montagens de moléculas nas aulas de Química, por exemplo.

“Costumo dizer que jogar videogame é um tipo de ginástica para nossos ‘músculos cognitivos’, pois estimula a memória e a coordenação motora. Há jogos que estão sendo usados para explicar contextos históricos, outros que estimulam o raciocínio e a lógica”, diz Vince Vader, professor de Criação Digital da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM)..

Para Adriano Natale, professor de Física na Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) e autor do livro A ciência dos videogames, é necessário, contudo, bom senso ao jogar. “Boa parte dos jogos desenvolve algo, mas é preciso limite no tempo de prática e que haja critério na seleção dos jogos”.

Para extrair o potencial educativo dos videogames, recomenda-se analisar o contexto, o público-alvo e se o conteúdo do jogo pode ensinar algo novo para as crianças e adolescentes. Para tanto, família e escola podem agir como mediadores desta relação.

Indústria dos games e mercado de trabalho

Além disso, a indústria dos games se abre como uma possível perspectiva de trabalho para os jovens. Para se ter uma ideia, o Brasil já é o 11º no ranking de maior mercado de games do mundo, setor que movimenta 900 milhões de reais no País a cada ano.

Uma pesquisa feita pela Newzoo mostra ainda que os games arrecadaram mundialmente US$ 83 bilhões em 2014. No mesmo ano, as indústrias do cinema e música faturaram, juntas, US$ 58 bilhões.

O crescimento do setor tem mostrado que a área vale investimento diversificado. “Esta indústria utiliza programadores, matemáticos, escritores, roteiristas, músicos e, às vezes, até uma pequena orquestra”, afirma Natale.

 Recomendação de jogos

Com o objetivo de aliar diversão e conhecimento, os professores Natale e Vader indicam alguns jogos para console, celular e computador que podem ser trabalhados pelos professores com seus alunos. Confira:

Minecraft: traz um cenário 3D que estimula a construção livre com blocos de diferentes tipos como terra, madeira e pedra. Esse universo formado pela combinação de blocos, por exemplo, ajuda a desenvolver a noção espacial e estimula a criatividade.

Thomas was alone: o jogador deve guiar um grupo de retângulos conscientes em uma série de cenários, combinando suas habilidades para chegar ao final de cada nível. Espécie de quebra-cabeça, a ferramenta trabalha o raciocínio lógico.

Duolingo: não é um jogo propriamente, mas uma ferramenta idealizada com a finalidade de ensinar novos idiomas. No entanto, traz elementos do universo dos games como enigmas e quizzes, tornando o aprendizado mais divertido.

Counting Kingdom: em meio a um universo de magia e monstros, esse jogo de aventura faz as crianças se aproximarem de operações matemáticas, estimulando-as a aprender enquanto se divertem.

The Sims: jogo de simulação da vida real, no qual os usuários devem administrar casas, relacionamentos, trabalho, etc., o The Sims ajuda a trabalhar a organização de tarefas, disciplina, cordialidade e controle financeiro.

Little Big Planet 2: envolvendo lógica e programação básica, permite a construção de fases pelos jogadores. Nesta perspectiva, funciona como uma espécie de aula de engenharia digital para qualquer idade.

Angry Birds: o jogo pede para que os usuários arremessem pássaros para destruir obstáculos. Com esse objetivo, é ideal para aulas de Física sobre trajetória, angulação, lançamento e resistência de materiais.

Jogos ajudam no desenvolvimento da atenção e concentração

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