publicado dia 03/12/2019

5 fatos que ajudam a entender o desempenho do Brasil no PISA

Reportagem:

O Brasil teve uma leve melhora nas pontuações de leitura, matemática e ciências no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). Os resultados da avaliação foram divulgados nesta terça-feira, 3, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O PISA 2018 foi aplicado em 79 países e regiões a 600 mil estudantes de 15 anos. No Brasil, cerca de 10,7 mil estudantes de 638 escolas fizeram as provas. O país obteve, em média, 413 pontos em leitura, 384 pontos em matemática e 404 pontos em ciências. Na última avaliação, aplicada em 2015, o Brasil obteve, 407 em leitura, 377 em matemática  e 401 em ciências.

As pontuações obtidas pelos estudantes colocam no nível 2 em leitura, no nível 1 em matemática e também no nível 1 em ciências, em uma escala que vai até 6. Pelos critérios da OCDE, o nível 2 é considerado o mínimo adequado. Ao todo, quase metade, 43,2% dos brasileiros ficaram abaixo do nível 2 nas três disciplinas avaliadas. Na outra ponta, apenas 2,5% ficaram nos níveis 5 e 6 em pelo menos uma das disciplinas.

“No Brasil, o desempenho médio em matemática melhorou entre 2003 e 2018, mas a maior parte dessa melhora aconteceu nos ciclos iniciais. Depois de 2009, em matemática, assim como em leitura e em ciências, o desempenho médio para flutuar ao redor de uma tendência de estagnação”, avaliou a OCDE.

O Brasil ficou abaixo das médias dos países da OCDE. Em leitura, os 37 países membros do grupo, composto por exemplo, por Canadá, Finlândia, Japão e Chile, obtiveram 487 pontos em leitura, 489, em matemática e 489, em ciências. Como na avaliação 35 pontos equivalem a um ano de estudos, o os brasileiros estão a pouco mais de dois anos atrás desses países.  Na OCDE, 15,7% dos estudantes estão nos níveis 5 e 6 em pelo menos uma disciplina e 13,4% estão abaixo no nível 2.

Leia+: Qual o desempenho do Brasil no PISA 2018

O desempenho na avaliação posicionou o Brasil no 57ª lugar entre os 77 países e regiões com notas disponíveis em leitura, na 70ª posição em matemática e na 64º posição em ciências, junto com Peru e Argentina, em um ranking com 78 países. China e Singapura lideram os rankings das três disciplinas. O Brasil, nos três fica atrás de países latino americanos como Costa Rica, Chile e México. Supera, no entanto, Colômbia e Peru em leitura e a Argentina em leitura e matemática.

O Centro de Referências em Educação Integral elencou os principais resultados e conteúdos que podem ajudar a compreendê-los:

  1. Sobre a avaliação

“O caráter internacional do exame é fortemente questionado. Como conceber uma avaliação justa, que contemple as especificidades de contextos tão distintos quanto os de Brasil, China, Finlândia, Cazaquistão e Marrocos?” Em artigo, Rodrigo Ratier fala sobre a  a importância da avaliação e os pontos de debate.

+: PISA: muita importância para uma avaliação questionável

2. Os investimentos em educação

Olhar os investimentos em educação feitos pelos 36 países membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma das maneiras de interpretar o lugar do Brasil diante da realidade global. À primeira vista, estamos entre os países que mais investem em educação, mas essa matemática não é tão simples.

+: Afinal, o Brasil gasta muito ou pouco com educação?

+: A perspectiva histórica da redução de investimentos em educação

+: O impacto do teto de gastos nas políticas de educação

3. Não cumprimento do PNE

Em 2019, o Plano Nacional de Educação (PNE),  política que determina as diretrizes, metas e estratégias para a política educacional até 2024, chegou a metade de seu prazo de implementação. Das 20 metas estipuladas para garantir a qualidade da educação no país, apenas quatro tiveram avanços parciais.

+: Por que o PNE não saiu do papel

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4. Desigualdades

O nível socioeconômico dos alunos teve impacto no desempenho nas provas. No Brasil, a diferença de desempenho entre aqueles com nível socioeconômico alto e aqueles com nível baixo, foi de 97 pontos em leitura, o que equivale a quase três anos de estudo. Essa diferença superou a média da OCDE, que é de 89 pontos.

Entre as meninas com as melhores performances, cerca de 2 a cada 5 esperam trabalhar em profissões ligadas à saúde. Entre os meninos, 1 a cada 4 esperam seguir as mesmas carreiras.

Crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil

Quando o assunto é desigualdade de gênero na educação, meninas têm melhor desempenho que meninos em leitura. Elas obtiveram 30 pontos a mais na prova, o que equivale a quase um ano de estudos de diferença em relação aos meninos. Os meninos, no entanto, superaram as meninas em cinco pontos em matemática entre os países da OCDE. No Brasil, a diferença foi maior, de nove pontos a mais para eles, em média.

De acordo com os dados coletados , há diferenças entre os dois grupos na hora de escolher a profissão que vão seguir. Entre os meninos com as melhores performances em matemática ou ciências, cerca de um a cada três espera, aos 30 anos, estar trabalhando com engenharia ou como cientista. Entre as meninas, apenas um a cada cinco esperam o mesmo.

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5. O bem-estar dos estudantes

O PISA entende o bem-estar como um estado dinâmico, relacionado ao funcionamento psicológico, cognitivo, material, social e físico dos estudantes, mas também às capacidades que os jovens têm de ter uma vida feliz .

65% dos estudantes brasileiros relataram estar satisfeitos com a vida, contra 67% da média de países que participaram da pesquisa.  90%  relataram, às vezes ou sempre, sentirem-se felizes; enquanto cerca de 13% dos estudantes disseram estar sempre tristes

No Brasil, 29% dos estudantes relataram sofrer bullying pelo menos algumas vezes por mês. Essa porcentagem é maior que a média dos países da OCDE, que é 23%. A maioria,  85%, diz que é bom ajudar alunos que não podem se defender.

Metade dos alunos havia faltado um dia de aula e 44% haviam chegado atrasados nas duas semanas anteriores à aplicação da avaliação. Entre os países da OCDE, apenas 21% haviam faltado e 48% chegaram atrasados.

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 Com informações e imagens: Agência Brasil

As desigualdades educacionais no Brasil: enfrentando-as a partir da escola

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