publicado dia 15/07/2022

Jaqueline Moll defende educação integral para garantir direitos e reconstruir o país

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“Com a retomada do projeto democrático, o centro da nossa preocupação deve ser construir uma escola pública que seja de fato para todos e todas.” Foi esse o chamado da Profª Jaqueline Moll aos cerca de 200 educadores e educadoras que se reuniram na sede da reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, na tarde de quinta-feira (14/7).

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A fala da professora aconteceu durante a conferência A formação integral do sujeito: espaços-tempos de aprendizagens na escola de dia completo e de currículo integral, como parte da Jornada de Educação Integral na Conferência Nacional Popular de Educação (Conape), que acontece em Natal, entre 15 e 17 de julho.

Pesquisadora e professora Titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Jaqueline Moll atuou como diretora de Currículos e Educação Integral da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), onde foi responsável pelo desenho e implementação do Mais Educação, programa que chegou a mais de 60 mil escolas brasileiras impulsionando a Educação Integral.

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A professora Jaqueline Moll durante a Jornada de Educação Integral

Crédito: Geovar

Reafirmando os postulados de Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Paulo Freire e Maria Nilde Mascellani, Jaqueline retomou a trajetória da Educação Integral no Brasil, segundo ela, violentamente interrompida por projetos conservadores que assolaram o país em três ocasiões: 1937, 1964 e, mais recentemente, em 2016, com o impeachment da então presidenta Dilma Rousseff.

Apesar do desmantelamento histórico das políticas de educação integral, Jaqueline ressaltou o papel que os Comitês Territoriais cumpriram na continuidade das ações em nível local, sustentando a Educação Integral nas escolas e territórios. “É o caso do Comitê Territorial do Rio Grande do Norte, que manteve viva essa agenda na região”, acrescentou.

Fruto do programa Mais Educação, os Comitês Territoriais de Educação Integral tinham o objetivo de propor, implementar, acompanhar e fortalecer políticas públicas de educação integral nos estados e municípios. Eles eram um espaço de gestão democrática que promovem um regime de colaboração entre a Secretaria de Educação e as demais secretarias, seus parceiros e a sociedade como um todo. Com o fim do programa, muitos desses comitês se converteram em coletivos e movimentos sociais que asseguram a promoção da agenda de educação integral em seus territórios.

Diante das atuais condições socioeconômicas das famílias pobres brasileiras, Jaqueline defendeu que “cada trajetória humana é sagrada” e “toda criança e jovem que a gente perde para a evasão ou reprovação é a sociedade inteira quem perde.” De acordo com ela, para reverter o estado de miséria e violação de direitos ampliado nos últimos anos, serão necessárias “políticas integradas e integradoras” que possam construir soluções intersetoriais nos territórios, visando à proteção integral das comunidades.

Com relação às escolas, a professora ressaltou a necessidade de que, em oposição ao individualismo e às diferentes formas de discriminação, como o racismo, a homofobia e o machismo, as escolas reafirmem seu compromisso com uma formação humana, que extrapole os aspectos técnicos e esteja fundamentada na omnilateralidade. O diálogo com o território e suas múltiplas expressões também é imprescindível para o que Jaqueline define como sendo o principal desafio hoje: a desconstrução do “edifício colonial” que forja a educação brasileira.

Educação Integral na prática

A Jornada teve continuidade com uma roda de conversa, realizada no Instituto do Cérebro da UFRN, que contou com a participação de diferentes municípios potiguares, compartilhando suas experiências na implementação de políticas de Educação Integral.

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Grupo de teatro da Escola Municipal Trindade Campelo que fez uma apresentação de coco de roda durante o evento da Jornada de Educação Integral

Crédito: Raiana Ribeiro

Como expressão dessas práticas na região do Seridó, o grupo de teatro da Escola Municipal Trindade Campelo, localizada no bairro das Artes, em Currais Novos (RN), reuniu crianças e adolescentes em uma apresentação de coco de roda, manifestação tradicional do sertão nordestino cultivada pela escola a partir da valorização dos saberes e culturas locais.

A Jornada de Educação Integral, promovida pela UFRN em parceria com a Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Norte e colaboração do Observatório Nacional de Educação Integral, Comitê Territorial de Educação Integral do Rio Grande do Norte, Associação Cidade Escola Aprendiz e Conexão Felipe Camarão, continua com sua programação até sábado e pode ser assistida online através do canal no YouTube.

Assista ao evento na íntegra:

Conheça três experiências de educação integral na Bahia

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