publicado dia 08/08/2023
Ensino Médio e seus desafios são discutidos no seminário do Escola em Tempo Integral
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 08/08/2023
Reportagem: Ingrid Matuoka
🗒️ Resumo: Na sexta-feira (04/08) aconteceu o segundo e último dia da etapa Centro-Oeste do ciclo de seminários “Programa Escola em Tempo Integral: princípios para a Política de Educação Integral em tempo integral”.
O segundo painel do dia olhou para os “Princípios da Educação Integral em Tempo Integral no Ensino Médio – Subsídios para a nova Política do Ensino Médio”. O debate anterior foi centrado no Ensino Fundamental e seus atuais desafios.
Organizados pelo Ministério da Educação (MEC), os encontros vão acontecer em todas as regiões do Brasil, com transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da pasta.
Um dos principais desafios que o Ensino Médio em tempo integral enfrenta é a garantia de condições para que os jovens possam permanecer na escola. Em uma pesquisa conduzida por Danielle Araújo Ferreira Marques, psicóloga e doutora em Educação, houve uma redução de 35% das matrículas após o início da implementação da Reforma do Ensino Médio na unidade estudada.
“Os estudantes contaram que não podiam ficar o dia inteiro na escola porque precisavam trabalhar. Por isso precisamos da intersetorialidade para dar conta de diferentes arranjos para as diferentes necessidades dos jovens”, disse Danielle durante o painel “Princípios da Educação Integral em Tempo Integral no Ensino Médio – Subsídios para a nova Política do Ensino Médio”.
O debate, que aconteceu nesta sexta-feira (4/8), fez parte da etapa Centro-Oeste do ciclo de seminários “Programa Escola em Tempo Integral: princípios para a Política de Educação Integral em tempo integral”.
As pesquisas de Danielle também identificaram que os jovens não querem ficar o tempo todo dentro da sala de aula e é preciso realizar atividades para além dos muros da escola.
Além disso, que é necessário cuidado com a “lógica perversa da concorrência e da meritocracia” entre estudantes de uma mesma escola que atende tempo integral e tempo parcial, como se um grupo fosse mais merecedor de uma educação de qualidade do que o outro.
“Há, ainda, discursos chegam antes de possibilidade de efetivação e se tornam vazios, como o protagonismo e o projeto de vida, que inclusive podem cair em um discurso individualista”, alertou a especialista.
Trabalho docente na Escola de Tempo Integral
Alessandra Thomaz, professora na Secretaria de Educação do Distrito Federal há 29 anos, comemorou o resgate de avanços históricos da rede, como o direito ao afastamento remunerado para professores realizarem mestrado e doutorado.
Por outro lado, há o que avançar. Em pesquisas que conduziu em cinco escolas de Ensino Médio da rede, ouviu professores sobre qual é o sentido das políticas públicas para eles, que relataram se verem como meros executores das políticas, não como coautores.
“A gente precisa ser escutado. Esse debate precisa ser ampliado e chegar nas escolas, para que os professores não sejam silenciados, porque essas políticas vão reverberar diretamente no nosso trabalho”, afirmou Alessandra.
Gestão
Em 2016, a rede estadual de Mato Grosso do Sul instituiu o tempo integral por lei e hoje a política se estrutura a partir da centralidade do estudante e seu projeto de vida, amparado por uma formação acadêmica de excelência, para a vida e as demandas do século 21, que por sua vez são sustentados por um modelo pedagógico e uma tecnologia de gestão educacional.
“O protagonismo é pensado a partir da especificidade de cada escola e cada estudante. Oferecemos formação continuada, a gestão escolar atua como articuladora, incentivamos a corresponsabilidade entre professores, alunos e comunidade, e temos a pesquisa como princípio educativo”, contou Adriana Aparecida Burato Marques Buytendorp, Coordenadora de Políticas para Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul.
Já em relação à gestão das políticas públicas nacionais, Ricardo Tonassi, presidente do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação (Foncede), alertou para a necessidade de cumprimento das leis brasileiras. “De todas elas”, reforçou.
O especialista destacou leis que há mais de 10 anos vêm sendo descumpridas, como a das bibliotecas escolas e a da contratação pelas redes de ensino de psicólogos e assistentes sociais.