6 maneiras de ensinar os alunos a debater assuntos controversos

Publicado dia 05/12/2018

*Traduzido do site The Conversation, parceiro de conteúdo do Centro de Referências em Educação Integral.

Se os jovens precisam se engajar na democracia e na sociedade, eles também precisam aprender a discordar respeitosamente. Em sala de aula, contudo, a tarefa pode ser árdua para os educadores, que normalmente têm dificuldades para debater assuntos polêmicos com a turma.

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Mas há maneiras de mostrar aos alunos como abordar de maneira efetiva e respeitosa os temas controversos. Confira a seguir uma lista de recomendações para conduzir um debate, seja em sala de aula ou não.

1. Evite ataques pessoais

O principal em um debate é entender que se lida com as ideias sem atacar o outro. Quando se sentem atacadas, as pessoas param de ouvir.

Para isso, determine coletivamente com os alunos o que é o respeito nesse tipo de discussão. Por exemplo, um estudante pode levantar a voz ao discutir um tópico apaixonadamente, mas para os demais pode parecer que ele está gritando. Converse com a turma sobre tom, estilo, e como querem lidar quando uma discussão se torna acalorada.

O papel do educador enquanto facilitador é o de garantir que os alunos mantenham o respeito pelos colegas enquanto se expressam apaixonadamente. Fazer esse investimento vale a pena para qualquer discussão, sejam em sala de aula ou não.

Se os jovens não sentem que seu ponto de vista será ouvido e respeitado, eles provavelmente não vão se manifestar.

2. Comece por tópicos fáceis

Antes de mergulhar em assuntos polêmicos, pratique as habilidades de debate e discordância em um tópico como o uso de uniformes ou de celulares na escola.

Um elemento crítico em torno de discordar é a empatia. Experiências vividas normalmente formam crenças. Permita que os jovens compartilhem suas experiências e suas opiniões, mostrando que podem não concordar com tudo que é dito e ainda assim permanecer sensível e tentar entender essa outra perspectiva. Lembre os alunos de buscar entender sem ter por objetivo estar certo.

3. Introduza temas familiares, bem como os novos

Para engajar os alunos, escolha problemas sociais que dialogue com a realidade dos jovens. Isso permite que eles usem suas próprias experiências e conhecimentos como referência. É importante que o professor saiba verdadeiramente e pergunte aos estudantes o que interessa a eles, sem pressupor.  

Ao mesmo tempo, reconheça que há temas ou questões que talvez os jovens não estejam completamente cientes, como o racismo, aquecimento global, e as lutas indígenas e dos LGBT+ por justiça. 

Esteja consciente de que discutir temas ligados à vida destes jovens e suas experiências pode evocar fortes emoções.

4. Mantenha as discussões estruturadas

Discussões efetivas são estruturadas, seja um debate formal ou um seminário socrático, nos quais os estudantes buscam sua própria aprendizagem por meio de discussões em grupo baseados em textos compartilhados e outros recursos.

Independentemente do formato, estabeleça e comunique claramente as regras. Isso vai tornar mais fácil para o educador aplicar as normas de participação e respeito.

5. Prepare os estudantes

Os alunos devem estar preparados para o debate, o que significa que eles devem ler, ver e pesquisar múltiplas fontes sobre o assunto. É importante enfatizar que os estudantes compreendam o tema a partir de diferentes pontos de vista. Dar tempo para eles se preparem vai garantir que a turma tenha contribuições a fazer para o debate e se engajem na atividade.

6. Pesquise movimentos sociais

A complexidade dos movimentos sociais não é suficientemente trabalhada no currículo escolar. Normalmente o foco se concentra nos líderes, e não nas ações coletivas de longo prazo dos indivíduos. Analisar os movimentos sociais é terreno fértil para abordar diversas perspectivas individuais e coletivas de uma mesma questão.

Os alunos podem analisar os sites de notícias de movimentos sociais ou participar de um exercício de prós e contras para lidar com as perspectivas de uma questão social. Perguntas podem ser feitas aos alunos como: “por que as pessoas estão se organizando?” ou “como cada grupo vê a questão de forma diferente?”

O professor pode facilitar ainda projetos de redação para legisladores e ativistas ou compartilhar um projeto de pesquisa onde os alunos investiguem o objetivo, perspectiva e ações cívicas de um movimento social.

Muitas informações podem ser obtidas de movimentos sociais que podem melhorar as discussões. Mais importante, os jovens podem encontrar maneiras de se engajar em ações cívicas para além da sala de aula.

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