Território de direitos: conheça o programa de Educação Integral de Diadema (SP)
Publicado dia 26/06/2023
Publicado dia 26/06/2023
O programa de Educação Integral em Diadema (SP), que foi retomado em 2021, após uma interrupção desde 2012, é centrado no território e na garantia de direitos dos estudantes: o direito a estudar, mas também o da alimentação, segurança, moradia, participação e tudo o que tem a ver com o acesso, permanência e aprendizagem com qualidade das crianças na escola.
“O município tem 49% da população com renda inferior a 2 mil reais por mês. O papel da Educação Integral é operar sobre isso ser propulsora de um novo contexto para as infâncias, adolescências e suas famílias”, afirma Ana Lucia Sanches, Secretária de Educação de Diadema.
O programa atende todas as escolas dos Anos Iniciais da rede que possui 60 escolas da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental. “Agora a nossa prioridade é expandi-lo para as creches”, conta a gestora municipal.
“Seria importante uma política nacional que viabilizasse economicamente essa ampliação, porque a situação dos municípios é muito frágil para assegurar que todos tenham acesso equitativo a uma educação de qualidade”, complementa.
Desde 2021, também opera na cidade o programa Escola que Protege, cujo objetivo é enfrentar situações de violações de direitos de forma intersetorial, bem como formar as equipes escolares para identificar, acolher e encaminhar casos de violências e privações de direitos – só no ano passado foram 800 casos atendidos.
Um ponto comum entre todos eles era a baixa frequência escolar e, por isso, o município tornou mais rigoroso o controle de faltas, uma das principais vias de acesso às situações de vulnerabilidade.
Todos os dias, as crianças permanecem na escola ou em atividades no território por 7 horas e, além das aulas regulares, realizam duas atividades: uma de Letramento ou Matemática e outra de Cultura, Esporte ou Meio Ambiente.
Todas elas são realizadas utilizando metodologias ativas, com brincadeiras, oficinas e outras experiências lúdicas e contextualizadas à cultura local e aos interesses das crianças.
“A parte cultural é realizada pelo programa Dandara e Piatã da Secretaria de Educação, que traz os valores e saberes africanos, afro-brasileiros e indígenas. Nesse período de trabalho, os meninos que não se intitulam negros ou pardos, hoje 64% deles se reconhecem assim”, celebra Ana Lucia.
Em relação à Educação Ambiental, todas as escolas possuem uma horta e composteiras. Em parceria com a Secretaria de Economia Solidária, há formações em economia solidária e sustentabilidade.
Cada escola possui um articulador que é responsável por mediar as atividades do tempo regular e as demais. Seu objetivo é avançar na construção com a comunidade escolar de um currículo único, que não seja partido em turno e contraturno.
“São estudantes de Pedagogia, Ciências, Educação Física e Artes, em sua maioria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), nossa parceira, que oferecem essas atividades. É uma forma de não terceirizar nossas atividades para o setor privado e garantir a estrutura e a qualidade do programa”, explica a Secretária.
A Unifesp também apoia a formação em serviço das educadoras, que acontece toda sexta-feira. “Temos conquistado a formação para esse novo profissional que se desenha, com menos sala de aula, menos mesa e carteira e mais convivências circulares”, diz Ana Lucia.
“Ter as crianças circulando humaniza a cidade e traz para elas uma vivência cidadã”, define a gestora e educadora. Por isso, as interlocuções com o território são fundamentais para o projeto pedagógico de Diadema, que se traduz em ações de diferentes naturezas.
Os professores, por exemplo, são convidados a percorrer o entorno da escola todo início de ano. Eles saem em busca de potências e desafios locais que possam ajudá-los a criar aulas mais significativas e a elaborar o Projeto Político Pedagógico (PPP) da unidade, que inclusive é construído de forma participativa.
Em 2023, no contexto de ataques às escolas, a Secretaria criou o Observatório de Segurança Escolar. Com unidades espalhadas pelo município, seu papel é promover a articulação intersetorial e comunitária para fazer o diagnóstico e construir soluções para as violências que atingem os territórios e escolas.
Em parceria com a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo e as escolas de Ensino Médio da cidade, há ainda um projeto que promove a convivência entre crianças e adolescentes na cidade.
Os estudantes de Ensino Médio que participam do programa Adolescente Aprendiz podem, entre outras atividades no território, ajudar crianças a chegar e sair da escola. “Eles são cuidadores e guardiões dessa travessia e recebem formação da Secretaria de Trânsito”, conta Ana Lucia.
Em Diadema, as crianças participam das decisões da cidade. Além de serem ouvidas durante a construção do PPP de sua escola, elas também fazem parte do Conselho de Curumins.
Cada escola elege uma criança que possa representar seus colegas e ela participa de reuniões periódicas com a Secretária de Educação e o Prefeito. “É uma forma de fortalecer a cidadania ativa das crianças, que falam sobre as suas demandas e opiniões, mas também as soluções e intervenções que elas enxergam para cada contexto e desafio”, explica Ana Lucia.
*Fotos: Secretaria Municipal de Educação de Diadema (SP).
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