Bahia: os caminhos da implementação de um programa de educação integral

Publicado dia 11/02/2015

Assim como outros estados e municípios, a Bahia deu o pontapé inicial da educação integral por meio dos incentivos e demandas trazidos pelo programa Mais Educação, do Ministério da Educação. A partir dessa primeira experiência, o estado decidiu construir o Programa de Educação Integral (ProEI), em 2014, desenvolvendo assim, uma iniciativa com as características locais e respondendo às demandas próprias da rede de ensino.

A construção do programa se deu em diálogo com a rede e a partir das experiências e discussões do Mais Educação. Ao longo de um ano, a Secretaria da Educação, gestores e professores articuladores participaram de formações mensais, de dois a três dias, em parceria com o Instituto Inspirare, organização da sociedade civil e integrante do Coletivo Articulador do Centro de Referências em Educação Integral. Os debates para construção das linhas gerais do programa aconteceram a partir de um documento base proposto pela Secretaria, debatendo demandas, realidades e colocações trazidas pelas escolas.

Esses espaços de formação e debate foram também responsáveis por pensar um currículo da educação integral que respondesse a alguns desafios comuns em todas as escolas. Um deles foi a construção de um currículo transversal e integrado, rompendo com a lógica do turno e contra-turno. “Temos a matriz curricular com a base comum e a diversificada, que são integradas”, explica Rowenna Brito, coordenadora do Programa de Educação Integral.

A técnica pedagógica do programa, Carla Fagundes, explica que no primeiro ano as escolas, por conta de um processo de adaptação, mantiveram os conteúdos da base comum em um turno e os da diversificada em outro mas que, em 2015, a orientação é que as instituições mesclem os saberes na grade. “Mesmo que os professores não estejam programados para dar aula sobre a base diversificada, é importante que eles tragam elementos dela para sua disciplina”, argumenta.

Para que isso aconteça na prática, Carla explica que os professores e as escolas devem utilizar o tempo de planejamento semanal reunindo os docentes e convidando-os a criar estratégias para construir esse diálogo entre os saberes. Os docentes têm carga horária de 20 horas semanais em uma mesma escola, sendo que sete são reservadas para atividades fora da sala de aula, como formações e planejamento. Parte deles pode dobrar o turno, seguindo a mesma estrutura.

O Programa de Educação Integral é regulamentado por Portaria  e atende 58 escolas de ensino fundamental e médio. A formatação da proposta é a mesma para as duas etapas, exceto que, para os adolescentes, o currículo contempla também orientação profissional.

O tempo de planejamento é importante também para que as escolas superem outro ponto delicado: a separação entre professores e oficineiros. No programa baiano, as oficinas são realizadas sempre com a presença do docente e as atividades ofertadas são pensadas conjuntamente. Rowenna explica que, por exemplo, realiza-se uma aula de geografia e, em outro momento, os estudantes realizam alguma atividade sobre o tema com orientação do professor e do oficineiro.

A implementação dessa dinâmica de ensino e aprendizagem passa pela formação dos educadores. Para disseminar as diretrizes da educação integral, a Secretaria conta com a figura do professor articulador que, junto dos gestores da escola, participa das formações e desempenha o papel de multiplicador nas reuniões semanais realizadas nas unidades. Em 2014, a Secretaria também ofertou um curso virtual sobre tecnologia na educação e a participação na capacitação impactava a valorização e remuneração do profissional.

Como muito do que foi formulado pela Secretaria depende dos gestores para ser implementado, o governo estadual acompanha de perto as escolas. São realizadas visitas regulares às unidades, a partir ou não de solicitação delas, e também cursos e reuniões gerais para debater a implementação do programa na prática.

Principais resultados

Rowenna avalia que o principal retorno é em relação a postura dos estudantes, na forma como se relacionam uns com os outros e com a equipe escolar, na disciplina e no sentimento de pertencimento às instituições.

As percepções sobre os impactos vem sendo dadas pelas escolas, que se mostram animadas com a iniciativa. No entanto, ainda são difíceis as avaliações e comparações mais aprofundadas, já que o ProEI acabou de finalizar seu primeiro ano. A partir do fechamento das notas de 2014, a Secretaria planeja realizar uma comparação com os resultados acadêmicos do ano anterior e aferir quais pontos podem ou não ser identificados como contribuição do programa.

Educação integral ganha força em MG

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.