publicado dia 29/07/2019
6 elementos que interferem na prática docente, segundo esta pesquisa
Reportagem: Da Redação
publicado dia 29/07/2019
Reportagem: Da Redação
Quais fatores podem ser decisivos para transformar a prática docente? A partir de mais de 3 mil horas de entrevistas, a pesquisa Observatório do Professor, feita pelo Instituto Península em parceria com a PS2P – Observatório de comportamento e cultura, identificou os elementos que interferem na prática do professor que vão além da didática e do domínio do conteúdo.
De acordo com o levantamento, que buscou identificar quem é o professor fora dos muros da escola e quais são as suas angústias e paixões, professores que conseguiram criar uma ponte de relacionamento com os seus alunos geralmente levam elementos da sua história de vida para as práticas pedagógicas. “Nos melhores exemplos que nós descobrimos, o professor teve que buscar referências na sua vida pessoal para encontrar caminhos para solucionar problemas que antecedem muito a questão do conteúdo e interferem no processo de aprendizagem”, explica Heloisa Morel, diretora do Instituto Península.
Conheça o a pesquisa Observatório do Professor.
Para entender os professores além dos números e dados, pesquisadores foram a campo para fazer 30 entrevistas em profundidade e fizeram 10 vivências presenciais com 60 horas de filmagem, além de reunir informações de 20 diários online com 3 mil horas de acompanhamento remoto do dia a dia de professoras e professores de diferentes regiões do Brasil. A pesquisa também envolveu a observação de seis grupos online de profissionais de educação que contam com mais de 1 milhão de membros.
Com base nessa exploração, o estudo identificou seis elementos que interferem na prática do docente:
– Identidade: a força das histórias de vida e as experiências pessoais dos professores são determinantes para sua prática;
– Reciprocidade: as experiências educacionais positivas ou negativas podem mudar a relação deles com a educação e a figura de professores-referência podem exercer influência sobre seu desejo de se tornar educador;
– Afeto: o aspecto relacional tem um impacto importante na relação professor-aluno.
– Ambiente: o fator é considerado um elemento chave na experiência educacional;
– Coletividade: a maior parte dos professores não se sente parte de um projeto maior de escola;
– Reputação: os professores e especialistas entrevistados ressaltam nas suas falas que a escola pública é envolta por um conjunto de simbolismos e preconceitos.
“Talvez a profissão do professor seja uma das mais complexas que o país tem. Ele tem que olhar muitas dimensões, não apenas o técnico”, ressalta a diretora do Instituto Península. Ao ampliar o horizonte para considerar elementos que vão além da didática na aprendizagem, ela ainda menciona que essas soluções reforçam a necessidade de políticas públicas olharem para o desenvolvimento integral dos professores. “Nós não vamos conseguir formar alunos para os desafios do século 21 se os professores ainda não se sentem preparados para isso. De uma forma sistêmica, o desenvolvimento integral do professor não é discutido.”
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Apesar da rede brasileira de educação básica contar mais de 2 milhões de educadores, entre outros destaques, a pesquisa também identificou um sentimento comum entre boa parte deles: a solidão. Para muitos professores, há pouco espaço de diálogo e troca de experiência com os colegas. “Seu olhar sobre a educação navega entre o prazer de ensinar e a frustração de não conseguir fazer os alunos aprenderem. Muitos sentem o peso de serem vistos como os únicos responsáveis por transformar a realidade das comunidades em que atuam, sentindo-se expostos e até vulneráveis com o desafio”, destaca o observatório.
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Além de apresentar os principais destaques da pesquisa, o Observatório do Professor reúne textos e vídeos que contam histórias de educadores de diferentes regiões do país que atuam em diferentes contextos. “Com o desenvolvimento integral do docente, o domínio dos conteúdos e uma comunidade escolar fortalecida é possível lidar com desafios dos alunos, se conectar a eles e garantir ambientes de aprendizagem, construindo a ponte que liga ao conhecimento e influenciando positivamente todo o sistema educacional”, conclui o observatório a partir de descobertas e reflexões da pesquisa.
Publicado originalmente no site Porvir