publicado dia 04/01/2018
O que esperar para a educação brasileira em 2018?
Reportagem: Claudia Ratti
publicado dia 04/01/2018
Reportagem: Claudia Ratti
Tudo indica que 2018 será um ano agitado. Em outubro, os brasileiros deverão definir o futuro político do País a partir das eleições presidenciais, de governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais e a educação deve aparecer como mote de diversas campanhas.
Além disso, em 2017, o país passou por dois grandes marcos no campo educacional: a Reforma do Ensino Médio e a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
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Com as novas diretrizes, a expectativa é que as alterações e adaptações dos currículos comecem a ser debatidas e implementadas em 2018. Serão mudanças significativas que vão influenciar os rumos da educação brasileira pelos próximos anos.
Diante desse cenário, é possível projetar alguns desafios que a educação brasileira vai enfrentar no próximo ano.
Com a versão final da Base apresentada em dezembro de 2017, este ano será um momento sobretudo de interpretação e entendimento do documento.
Como o MEC define que a BNCC seja colocada em prática até dois anos após a sua aprovação, esse período que antecede a implementação deve ser de adaptação dos currículos, formação de professores, criação de recursos pedagógicos e adaptação do material didático.
Há ainda a expectativa por orientações mais específicas sobre a temática de gênero e sexualidade, que não foram trabalhadas no documento sob a justificativa de que foram questões que causaram controvérsias nos debates públicos da BNCC. O CNE informou que pode emitir informações sobre os temas posteriormente, mas não detalhou o processo.
O debate sobre a reforma do Ensino Médio e os rumos da etapa estende-se para este ano. Até o momento, o único ponto da reforma com prazo para ser cumprido é o aumento da carga horária: até 2022, as escolas deverão oferecer no mínimo 1 mil horas de aula por ano.
Permanece a expectativa para a definição dos demais prazos para implantar outros pontos da reforma nas escolas. Além disso, espera-se que a base curricular do Ensino Médio seja discutida pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) – já que a BNCC aprovada em dezembro diz respeito apenas sobre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental.
De acordo Mendonça Filho, ministro da Educação, a primeira versão do documento deverá ser encaminhada ao CNE no primeiro trimestre de 2018 para análise. Resta a dúvida se a Base do Ensino Médio seguirá a mesma linha das outras etapas de ensino, suprimindo o debate sobre gênero e sexualidade e reforçando o olhar fragmentado sobre as áreas do conhecimento.
A formação inicial e continuada de professores também foi bastante comentada durante o ano. Quando divulgada em outubro de 2017 pelo MEC, a Nova Política de Formação de Professores foi alvo de críticas de estudiosos e entidades científicas da área educacional pela forma como foi elaborada e por responsabilizar professores pelos resultados dos estudantes.
Em entrevista ao Centro de Referências em Educação Integral, o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) Ocimar Alavarse criticou a medida e questionou a execução do programa: “Quem de fato vai acompanhar essa formação? A escola? Os professores?”.
Apesar das críticas, o plano seguiu e o MEC anunciou que São Paulo será o primeiro município do país a aderir o Programa de Residência Pedagógica, que integra a nova política, em 2018. No entanto, como não foram informadas orientações concretas, especula-se sobre como será a implementação e quais as consequências na formação de novos educadores nos próximos anos.