publicado dia 24/08/2023

Seminário do MEC em Belém (PA): Permanência e Educação Ambiental em foco no Ensino Médio

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🗒️ Resumo: Nesta quinta-feira (24/08) começou o último dia da etapa Norte do ciclo de seminários “Programa Escola em Tempo Integral: princípios para a Política de Educação Integral em tempo integral”, que serão realizados em todas as regiões brasileiras.

Organizados pelo Ministério da Educação (MEC), os encontros desta etapa acontecem em Belém (PA) e contam com transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da pasta. Os debates anteriores foram centrados na intersetorialidade, na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.

A etapa Norte do ciclo de seminários “Programa Escola em Tempo Integral: princípios para a Política de Educação Integral em tempo integral” também se debruçou sobre o final da Educação Básica.

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Durante a tarde desta quinta-feira (24/08), aconteceu o painel “Princípios da Educação Integral em Tempo Integral no Ensino Médio – Subsídios para a nova Política do Ensino Médio”.

Especialistas e educadoras(es) foram unânimes sobre uma das principais demandas da etapa hoje: a garantia de condições de permanência dos estudantes, por exemplo, com a oferta de bolsas de estudo.

“Tenho 240 alunos de Ensino Médio no tempo integral e poderia ter 480, mas quando eles chegam aos 14, 15 anos, eles precisam ir trabalhar. Na última semana perdi 24 alunos que amam a escola, mas precisaram voltar ao tempo regular para trabalhar, porque a necessidade fala mais alto”, conta Jeferson Gonçalves de Oliveira, diretor na Escola Estadual Deocleciano Alves Moreira, em Conceição do Araguaia (PA).

No Amapá, o cenário se repete. “Entre 2022 e 2023, 5 mil adolescentes que concluíram o Ensino Fundamental não seguiram para a próxima etapa”, relata Antônia Andrade, Secretária Adjunta de Políticas Educacionais da Secretaria Estadual de Educação do Amapá.

Assista ao evento na íntegra:

Por uma escola com sentido e de qualidade

Para os que permanecem na escola, o tempo integral precisa fazer sentido. “Uma Educação que não seja alienante, que não fuja à sua função social”, define Antônia. É assim que, por exemplo, uma estudante da rede criou um drone movido a placa solar que mostra onde estão os focos de queimadas na Amazônia. O trabalho foi apresentado nos exterior.

“Em 2024 queremos implementar uma política de Educação Integral científica, profissional e tecnológica”, diz Antônia. Para tanto, a parceria com o Ensino Superior, em todo o estado, tem sido fundamental para apoiar em ações como formação e produção de pesquisas e materiais.

Jeferson também destaca que garantir a estrutura básica das escolas é essencial para a realização de uma Educação de qualidade. “Também podemos pensar em parcerias, em uma política pública que traga o apoio da Cultura e do Esporte para as escolas”.

Em um país marcado pelas desigualdades de oportunidades de acesso aos bens culturais, uma escola pública que proporcione essas vivências é essencial. “E tem que ser a partir da escola pública, com gestão e financiamento públicos, para estabelecer diálogos com a comunidade, para que haja integração de saberes, e que a concepção seja pública, com seus rituais, movimentos, onde suas místicas possam ser consideradas”, explica Doriedson Rodrigues, professor na Universidade Federal do Pará (UFPA).

A Educação Ambiental e a sociedade que desejamos

A questão das mudanças climáticas é das mais urgentes e a construção de saídas para o problema não se restringe a soluções somente ambientais. É o que explica Marilena Loureiro, Pós-Doutora em Educação Ambiental e Justiça Climática e professora do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Sustentável no Trópico Úmido da UFPA:

“É preciso vincular Educação e as temáticas socioambientais, desde a Educação Infantil, para termos novos sujeitos que consigam se relacionar com a busca de soluções para nossos problemas do esgotamento de recursos, mas também de um projeto civilizatório que nos trouxe até aqui em condição de insustentabilidade.”.

Para a especialista, é preciso atrelar, ainda, Educação Ambiental à noção de solidariedade intergeracional, ou seja, ter solidariedade com o outro que está no futuro. “É um grande desafio da ação escolar que vai se relacionar com a questão socioambiental”.

Nas escolas, existem três dimensões que podem ajudar nessa tarefa. A primeira delas é um currículo em movimento, que se articule à vida, às práticas e trajetórias dos sujeitos envolvidos – professores(as) e estudantes.

A segunda é a gestão escolar dos processos administrativos e pedagógicos. É pensar a escola enquanto espaço por inteiro, democrático, que viabiliza o acesso, a permanência e a aprendizagem com qualidade.

Por fim, uma escola com estrutura educadora sustentável, que responda às necessidades das populações que ali estão. “Tudo isso permitiria repensar o sujeito na sua relação com a natureza, o que nos faria mais próximos de superar nosso colapso global já em curso”, diz Marilena.

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