publicado dia 27/09/2023

Seminário do Escola em Tempo Integral em Recife (PE) discute educação ambiental, midiática e esportiva

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📄 Resumo: O ciclo de seminários Programa Escola em Tempo Integral chegou ao Nordeste. Até o momento, a iniciativa do Ministério da Educação (MEC) já passou pelas regiões Norte e Centro-Oeste – saiba como foram estas etapas. É possível acompanhar os encontros na transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da pasta. 

O ciclo de seminários Programa Escola em Tempo Integral iniciou mais uma rodada regional nesta quarta-feira (27/09). Reunidos em Recife (PE), educadores, especialistas e representantes de diferentes ministérios do governo federal vão discutir, ao longo de dois dias, os princípios orientadores da política do MEC.

Após a cerimônia de abertura, aconteceu a mesa “A arte, a cultura, o esporte, o meio ambiente, direitos humanos, a ciência e tecnologia na Política de Educação Integral em Tempo Integral”.

Assista ao seminário: 

A formação de professores e professoras

A Educação Integral pressupõe um processo de humanização, de compromisso com a democracia, o meio ambiente e o respeito à diversidade e a dignidade humana. “Não posso conceber educação integral fora da perspectiva dos direitos humanos”, disse Aline Daiane Mascarenhas, professora na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Para que isso se efetive na prática, a formação inicial e continuada de professores(as) precisa caminhar na mesma direção. O terreno, contudo, é de disputa. “Tentam preparar os professores para a questão das competências. Não podemos ter um projeto de formação restritivo, de treinamento, centrado na habilidade, se desejamos uma Educação Integral”, alertou.

No lugar disso, trata-se de despertar e valorizar a curiosidade de educadores pela relação ensino-aprendizagem, a territorialização do currículo e o diálogo entre as diferentes áreas. Também de garantir aos trabalhadores condições e tempo de trabalho ampliado para que possam estudar e planejar a proposta político-pedagógica.

Por uma educação participativa

Marly Vidinha, vice-presidente Uncme Nordeste e presidenta do Conselho Estadual de Educação de Alagoas (CEE/AL), começou sua fala defendendo que a jornada estendida não pode se dar inteiramente dentro da escola, o que promoveria um “encarceramento dos estudantes”.

Ainda, que é preciso “negar toda e qualquer forma de exclusão, de prática verticalizada e centralizada, e qualquer questão que venha silenciar estudantes e professores na relação com a construção do conhecimento”, defendeu Marly.

A participação dos conselhos de Educação é uma forma de evitar que isso aconteça, bem como de enfrentar a descontinuidade das políticas. Para tanto, eles precisam ser ouvidos e consultados em todas as políticas públicas.

A urgência de proteger e cuidar de educadores

Sobretudo nos últimos anos, a violência e a perseguição a professores cresceu. Seja por sua atuação em sala de aula ou como vítimas de violências extremas que adentram a escola, os professores estão submetidos a mais essa violação de direito, que se soma aos desafios cotidianos que já encaram.

“Os professores e professoras têm sido vítimas de violação de direitos humanos enquanto agem como agentes de direitos humanos nos territórios em que exercem sua função”, disse João Moura, Coordenador-Geral de Educação e Cultura em Direitos Humanos no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Acolhimento, atendimento psicológico e reconhecimento do problema por parte da sociedade se fazem urgentes. O Ministério também está em articulação com o Observatório da Violência contra Professores, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e vai promover ações perenes e nos territórios pelo cuidado com os educadores.

“Proteger os profissionais, professores e educadores é proteger os pressupostos que sustentam a própria democracia e a garantia de direitos e cidadania dos estudantes”, afirmou João.

Educação Ambiental

Os tempos atuais são de emergência climática e o desafio é encontrar caminhos para discutir as causas da crise sem causar desespero nas crianças e adolescentes. Para apoiar as escolas nesta tarefa, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) está estruturando programas de Educação Ambiental e ações, como a Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente.

“A Conferência tem uma preocupação de ouvir os estudantes e uma perspectiva de que jovem educa jovem. A proposta é desenvolver projetos para sua escola e território, de acordo com as demandas locais”, contou Isis Akemi Morimoto, coordenadora geral do Departamento de Educação Ambiental e Cidadania do MMA.

A especialista também defendeu recursos para que os professores possam implementar suas ações e projetos, e que as escolas usem o tempo ampliado para promover o contato dos estudantes com a natureza.

“A Educação Ambiental está comprometida com uma educação continuada, participativa, critica, dialógica e para todos os habitantes do Brasil, no principio da ética e respeito e pode promover as mudanças culturais que necessitamos para ter sociedades sustentáveis”, disse Isis.

Educação Midiática

A necessidade de trazer o cotidiano digital para dentro da sala de aula se expressa pelo fato de que 92% das crianças de 10 a 17 anos são usuários da internet, 86% tem perfis em redes sociais, apesar das plataformas restringirem seu uso para essa faixa etária, e 7 em cada 10 não sabem distinguir fato de opinião.

Dessa forma, se por um lado a internet amplia o acesso à informação, à pluralidade de opiniões e visões e extensão de espaços sociais, por outro há disseminação de discursos de ódio, mecanismos de promoção à violência online e offline e estruturação de redes de desinformação.

“Precisa cair por terra essa ideia de a desinformação é uma coisa que o tio do zap mandou, porque não é. Existe uma rede de desinformação estruturada com pessoas agindo por trás com interesses”, explicou Mariana Filizola, Coordenadora-Geral de Educação Midiática da Secretaria de Políticas Digitais e Secretaria de Comunicação Social.

O papel da escola, portanto, é de orientar os estudantes que, embora possam ser nativos digitais, precisam desenvolver o pensamento crítico para utilizar as ferramentas. A cartilha “Recomendações para Proteção e Segurança no Ambiente Escolar” do MEC pode ajudar e, nesta quinta-feira (28/09), haverá o pré-lançamento da Semana Brasileira de Educação Midiática, com discussões que também podem contribuir com as escolas.

A contribuição dos esportes

Sobretudo após a pandemia, o nível de atividades físicas de crianças e adolescentes é insuficiente e as escolas podem contribuir para reverter o cenário. Formar professores, promover ações nos territórios e articular os campos de conhecimento, como a Matemática, são pilares para esse trabalho.

“Precisamos partir do que os estudantes e professores têm interesse e articular as universidades para dar mais sentido às atividades que serão desenvolvidas, com valores de inclusão, diversidade, equidade e cultura de paz. Ser um campeão em qualquer modalidade é importante, mas o mais importante é ser um cidadão, ter conhecimento de si, poder dialogar e interrogar o mundo à sua volta”, disse Leonéa Vitoria Santiago, pós-doutora em Sociologia do Desporto pela Universidade do Porto e diretora eleita do Instituto de Educação Física e Esporte (IEFE).

Começa a etapa Nordeste do Ciclo de Seminários do Programa Escola em Tempo Integral 

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