publicado dia 24/08/2023

Seminário do Escola em Tempo Integral debate o Ensino Fundamental no Norte do país

Reportagem:

🗒️ Resumo: Nesta quinta-feira (24/08) começou o último dia da etapa Norte do ciclo de seminários “Programa Escola em Tempo Integral: princípios para a Política de Educação Integral em tempo integral”, que serão realizados em todas as regiões brasileiras.

Organizados pelo Ministério da Educação (MEC), os encontros desta etapa acontecem em Belém (PA) e contam com transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da pasta. No primeiro dia, os debates foram centrados na intersetorialidade e na Educação Infantil.

A etapa Norte do ciclo de seminários “Programa Escola em Tempo Integral: princípios para a Política de Educação Integral em tempo integral” chegou ao seu segundo e último dia nesta quinta-feira (24/08).

Leia + Conheça a proposta do programa Escola em Tempo Integral

Para começar os debates, aconteceu o painel “Princípios da Educação Integral em Tempo Integral no Ensino Fundamental – Orientações para o tempo integral nos anos iniciais e finais”. As(os) especialistas e educadoras(es) debateram a etapa diante do contexto próprio da região Norte do país.

Ângela Biase Oliveira, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), destacou que Tocantins é o estado do Norte que mais tempo matrículas em tempo integral, seguido por Pará e Amazonas, porém é o penúltimo estado que mais pesquisa sobre o tempo integral.

Ela também defende que essas pesquisas sejam ampliadas, mas não por meio de institutos privados, porque “nós temos plenas condições de fazer isso nas instituições públicas”. Tais estudos se fazem necessários sobretudo pela necessidade de adequações que o território do Norte demanda.

“Desde 2014 temos a Balsa Escola, que é de tempo integral, tem laboratório, alojamento para professores e tudo mais, e se faz necessária para acompanhar a cheia do Rio Madeira”, explica Ângela.

Para Jacó Vilhena de Castro, Coordenador Estadual da UNCME (AP) e do Conselho Municipal de Macapá (AP), a justiça e a valorização dos profissionais da Educação é central, uma vez que muitos deles estão submetidos a condições precárias de trabalho nas escolas e enfrentam grandes dificuldades para chegar até elas, devido ao território que precisam atravessar.

“Só se educa de verdade quem tem alma de educador, e quem tem alma de educador se revolta contra o sistema que oprime principalmente os mais marginalizados”, diz Jacó.

A Educação Indígena 

Em participação remota direto de São Gabriel da Cachoeira (AM), Dzoodzo Baniwa, também conhecido como Juvêncio Cardoso, que é mestre em Ciências Ambientais, educador, pesquisador e liderança do povo Baniwa, compartilhou os princípios da Educação Indígena de seu território.

Entre eles, valorizar a ancestralidade e a relação com a natureza, as línguas, práticas e modelos de desenvolvimento atuais, em diálogo com a crise planetária e os impactos dessa degradação ambiental que já são vividos.

Também promovem aprendizagens com o povo e o território, produzindo saberes significativos e em diálogo intersetorial para promover o crescimento coletivo e o bem viver indígena. Desenvolvem educação e inclusão digital, bem como projetos que envolvem a roça, trilhas, rios e os ambientes familiares.

“Fomos tratados como incapazes. Diziam para trabalhar pelo menos para o indígena saber ler e escrever. Hoje trabalhamos para serem mais eles próprios como sujeitos de transformação e para mais, para além do que já está”, diz Juvêncio.

A experiência da escola Waldir Garcia

Lucia Cristina Cortez Santos, diretora da EMEF Profº Waldir Garcia, de Manaus (AM), conta que a educação integral e o tempo integral começaram a ser implementados na escola a partir do programa Mais Educação.

Mesmo quando a política foi encerrada, educadores, funcionários, família e comunidade lutaram para manter a concepção viva na escola. “O pertencimento é fundamental para que a Educação Integral aconteça”, diz.

Para tanto, a gestão democrática é imprescindível. Isso porque é assim que a comunidade escolar pode se apropriar da escola e dar sentido a ela. “Escola boa é a que ensina e aprende […] Eu era uma gestora autoritária e mudei porque eu acreditei na gestão democrática, no trabalho a partir de relações horizontais, um respeitando o outro. É a pedagogia de escuta, do acolhimento e do afeto, não do silenciamento”, afirma Lucia.

Nesse sentido, a escola, que fica em frente a um igarapé e em um território de alta vulnerabilidade social, desenvolve uma proposta pedagógica construída por eles mesmos. “Aprendemos em todos os lugares, com todas as pessoas. Temos cantos de leitura em todas as salas de aula e fora delas. O currículo é contextualizado e dialoga com os interesses de estudantes, famílias e da comunidade”, conta a gestora.

A formação de professores foi decisiva para materializar essa escola. “Negamos a formação da Secretaria e realizamos em serviço e na escola, os chamados almoços pedagógicos, uma formação entre pares”, relata Lucia.

Desde 2015, a escola não reprova nenhum estudante. No lugar disso, promove avaliações formativas e intervenções no dia a dia para diagnosticar e promover as aprendizagens e o desenvolvimento integral dos estudantes, que também fazem autoavaliações.

“A escola trabalha com quatro nacionalidades. Aqui, e em qualquer lugar, não dá para ter padronização. Por isso temos roteiros de estudo para cada criança, de forma personalizada, e tutoria, que não é feita só pelos professores, é por todos”, diz Lucia.

Os aprendizados do CMEBI Prefeito Oton Gomes de Lima 

Começar a implementar uma política de Educação Integral não é tarefa simples, sobretudo quando marcada por interrupções. Sandra Lima, dirigente municipal de Moju (PA), compartilhou a experiência de uma escola que começou a ampliar a jornada em 2008.

“Começou como um lugar simples e arejado. Fomos construindo ginásio, quadra, piscina, auditório, biblioteca, banheiro, o que era necessário. Contratamos professores de Artes, Educação Física, Teatro e Danças afro”, conta Sandra.

Para integrar o currículo, promoveram formação de professores e de todos os funcionários da escola. “Todos são educadores em uma escola que tenta ser um todo, integral”, afirma.

Em 2013, muda a gestão, que encerra o. tempo integral na unidade, apesar de ter sido instituído por lei municipal. “Em 2018 volto para a Secretaria com o desafio de retomar essa Educação Integral, em tempo integral, mas essas descontinuidades são sempre difíceis”, relata.

Assista ao evento na íntegra:

Começa a etapa Norte de seminários do Programa Escola em Tempo Integral

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