publicado dia 05/07/2022
Protagonismo estudantil é foco de projeto que aprimora bibliotecas de escolas públicas
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 05/07/2022
Reportagem: Ingrid Matuoka
A biblioteca da escola de Ensino Médio Centro Educa Mais – Cidade de Arari, em Arari (MA), está sempre cheia de estudantes. Eles ocupam o espaço para realizar atividades pedagógicas durante o período letivo, mas também nos horários livres, como parte de um clube de leitura, para descansar e conversar com os colegas, para pegar livros emprestados ou sentar em um canto e aproveitar uma boa leitura.
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Para Afonso Freitas Muniz, que tem 17 anos e é estudante do 3º ano da unidade, isso se deve ao fato de que foram os próprios jovens que ajudaram a criar esse espaço. “Ele se tornou mais aconchegante e acolhedor para nós. Também percebo mais convivência e diálogo entre todos, além de ter expandido a nossa comunidade leitora”, conta.
“Percebo mais convivência e diálogo entre todos, além de ter expandido a nossa comunidade leitora”, conta o estudante Afonso Freitas Muniz, de 17 anos
A revitalização da biblioteca da escola, que possui um espaço para leitura, aconteceu a partir do projeto Rotas e Redes Literárias, que no estado do Maranhão é fruto da articulação entre a Secretaria Estadual de Educação, a Fundação Vale e a Associação Cidade Escola Aprendiz, por meio do Centro de Referências em Educação Integral.
A iniciativa cria ou aprimora salas de leitura e bibliotecas em escolas públicas para garantir o direito ao livro, à leitura e à literatura, bem como promover o desenvolvimento integral dos estudantes.
“A leitura possibilita que os meninos e meninas percebam quem são eles, qual seu papel na sociedade e seus potenciais, além de ampliar saberes”, afirma Adelaide Diniz, Superintendente de Gestão de Ensino e Desenvolvimento da Aprendizagem, da Secretaria Estadual de Educação do Maranhão.
No estado, 11 escolas já fizeram parte do projeto entre 2019 e 2022. Este ano, outras 18 serão contempladas. “A partir da nossa observação de quanto foi importante para as escolas da primeira edição, conseguimos ampliar o atendimento, priorizando as unidades que têm maior necessidade de revitalização dos espaços de leitura, do acervo e de organização da biblioteca”, diz Adelaide.
Pautado pela Lei nº 12.244/2010, que determina que todas as escolas públicas tenham uma biblioteca até 2024, o Rotas e Redes Literárias realiza uma série de ações para promover a democratização do acesso aos livros e à literatura. Entre elas, a seleção de acervo literário, elaboração de mobiliário de leitura e formações de educadores em mediação de leitura e educação literária.
No centro de todas essas estratégias está o protagonismo estudantil. Os jovens são convidados a participar da escolha do acervo e da organização da biblioteca e da sala de leitura. Ajudam a elaborar os combinados a respeito do uso do espaço e dos empréstimos de livros e confeccionam as carteirinhas para registro de retiradas e devoluções. Também organizam clubes do livro, saraus, rodas de conversa com autores locais e outras atividades.
Afonso, por exemplo, é responsável por cuidar da sala de leitura, pela organização de eventos da escola relacionados à literatura e ainda oferece aos colegas dicas de livros com base nas preferências de cada um. “Isso despertou em mim uma vontade de atuar em minha comunidade, dando dicas e incentivando a leitura. Para mim, a participação dos jovens é muito importante por dar a chance de sermos ouvidos e de apoiar na nossa formação cidadã”, diz o estudante.
Valéria Silva, de 19 anos, já deixou a escola de Ensino Médio Professora Juanete Martins Licar, em Santa Rita (MA), onde o Rotas e Redes Literárias também atuou, mas até hoje segue em contato com o projeto. “Tenho colegas que ainda estão nessa escola e sempre me ligam para perguntar sobre os livros, tirar dúvidas e eu procuro incentivá-los. A leitura relaxa, leva a gente para outro mundo e eu vi meus amigos começarem a gostar disso”, conta.
Para Ana Cláudia Costa Vale Vieira, diretora do Centro Educa Mais – Cidade de Arari, foi em torno da biblioteca da escola e das ações envolvendo a leitura que a comunidade escolar se fortaleceu. Ela nota mais pertencimento e participação, não só dos estudantes, mas também dos funcionários, famílias e do território, com a presença de escritores e escritoras do município e do estado dialogando mais com os jovens.
“Enquanto escola, esse era o nosso sonho, que agora se tornou realidade. Para os estudantes, que também têm muitos sonhos, a literatura é um facilitador do processo de alcançá-los”, diz Ana Cláudia.