publicado dia 10/03/2015

“Precisamos escutar as crianças para recriar as relações entre escolas e comunidades”

Reportagem:

selo_cidade educadora“Tudo passa pela educação, mas se ficarmos só dentro da escola, repetiremos o que já existe, e muito provavelmente repetiremos modelos que não funcionam mais. A educação é responsabilidade de todos e a escola tem que ser uma liderança na comunidade em qual ela está inserida; ela tem que ser responsável na luta pela efetivação dos direitos das pessoas.” Foi com essa afirmação que Braz Nogueira,  diretor da EMEF Campos Salles apresentou a história da escola e do Bairro Educador de Heliópolis, em São Paulo (SP) no Seminário Comunidade e Escola: Semeando a Cidade Educadora.

A atividade, realizada pela Associação Cidade Escola Aprendiz em parceria com a Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz (UMAPaz), reuniu estudantes, professores, diretores escolares e agentes comunitários e socioambientais para compartilhar experiências e dialogar sobre como transformar São Paulo em uma Cidade Educadora.

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Para Agda Sardenberg, coordenadora executiva do Aprendiz, a relação entre escola e cidade deve ser indissociável em uma perspectiva educadora. “A escola e a comunidade se afetam mutuamente e precisam ser repensadas de forma dialógica”, afirmou. Discussão referendada pela arquiteta e urbanista e membro do Centro de Referências em Educação Integral, Beatriz Goulart: “naturalizamos escolas com sinal, quebras de conhecimentos a cada 50 minutos e professores em púlpitos, entendendo que tudo isso é normal. Mas, não, é possível embaralhar as matérias, romper com tempos e espaços, entender os estudantes no centro do processo de aprendizagem e efetivamente fazer da escola o caminho para a construção da sociedade que queremos”.

Uma das responsáveis pela implementação dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) em São Paulo e parceira ativa do Bairro-escola Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, Beatriz insistiu que a resposta para construir a interlocução entre escolas e cidades está nas falas das crianças e dos jovens. “Em nossas experiências com o tema, percebemos que os estudantes têm muita clareza que a escola só se transformará se dialogar com a comunidade e vice-versa”, justifica, lembrando do conceito de “Cidades para crianças”, do educador italiano Francesco Tonucci, que defende territórios que permitam a livre-exploração e o brincar das crianças.

Direito à cidade

Em diálogo com as experiências apresentadas, a articuladora territorial da Coordenação de Promoção do Direito à Cidade da SMDHC-SP, Fernanda Araújo ressaltou a importância da escola na construção e efetivação dos direitos das pessoas de não apenas ocuparem, mas criarem o espaço público.”Está cada vez mais claro para nós a importância das instituições de ensino fortalecerem a cultura colaborativa, o sentimento de pertencimento à cidade e a efetivação da participação na vida pública. E esses conceitos só ganham sentido se vivenciados de verdade, no próprio espaço da comunidade escolar, amparados por processos de decisões coletivas e democráticos“, afirmou, lembrando que mais que quebrar muros concretos, é preciso quebrar os muros invisíveis entre as pessoas e o espaço urbano.

Para Nicoly dos Santos, prefeita da República dos Alunos, sistema de corresponsabilização pela comunidade escolar da EMEF Campos Salles, a mudança deve começar pela escola. “Fico indignada com as pessoas que acham que as crianças não têm liderança porque nós somos líderes e, muitas vezes, sabemos como resolver os problemas melhor que os adultos e nesse exercício, aprendemos muito, e vivenciamos conhecimentos que sempre farão sentido em nossas vidas, como crianças e como adultos”, indicou.

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