Publicado dia 29/07/2014

Educação democrática

Na escola democrática todos têm direitos de decisão sobre o seu destino. O compartilhamento das responsabilidades e as decisões que podem alterar a posição de cada um no coletivo são tomadas em conjunto, incluindo gestores, educadores, funcionários, estudantes e pais.

Cada um é, nesse sentido, responsável por si, mas também pelos demais. Essa perspectiva política e filosófica impacta diretamente todos os aspectos da organização escolar: seu modelo de gestão, sua espacialidade, seus tempos e, claro, seu currículo.

A aprendizagem na Educação Democrática baseia-se no estímulo e no exercício do desejo de conhecer e ensinar. Segundo a socióloga e diretora pedagógica da Cidade Escola Aprendiz, Helena Singer, são três os seus princípios:

• O primeiro é a autogestão. As pessoas que participam de uma experiência de Educação Democrática são responsáveis por ela.
• O segundo é o prazer do conhecimento. Acredita-se que o conhecimento traz alegria, prazer, e por isso as pessoas se envolvem com ele, não sendo necessárias punições ou disciplinas.
• E o terceiro é que não há hierarquia no conhecimento. O conhecimento científico, o conhecimento acadêmico, o conhecimento comunitário, o conhecimento tradicional, o conhecimento religioso, todos os conhecimentos são valorizados, respeitados e crescem justamente no seu contato.

Movimentos nacionais e internacionais

No final dos anos 1990, teve início o movimento para construção de uma rede internacional de educação democrática (International Education Network –IDEN), que embora tenha como pontos fortes de sua construção, organizações, indivíduos e escolas na Europa, nos Estados Unidos e em Israel, também está presente em diversos países espalhados pelos cinco continentes. O movimento articula, sobretudo, iniciativas de organizações educativas que promovem a democracia da gestão e do conhecimento. Isso significa que nelas, estudantes, educadores e funcionários participam do processo de gestão e o currículo se constrói seguindo os interesses dos estudantes.

O Brasil começou a participar desta rede no início dos anos 2000. Em 2007, a Conferência Internacional de Educação Democrática aconteceu em Mogi das Cruzes, durante o Fórum Social Mundial.

Em 2013 foi lançado o Manifesto “Mudar a Escola, Melhorar a Educação: Transformar um País” . Este manifesto foi escrito por educadores, ativistas e pesquisadores que, desde 2008, se articulam em uma rede cuja página virtual conta com mais de dois mil membros ligados a algumas centenas de iniciativas democráticas de todo o país. Encontros regionais desta rede passaram a debater princípios comuns a uma proposta de transformação social a partir da educação. Dessa forma, o Manifesto afirma a necessidade de se garantir a gestão democrática das escolas, o fortalecimento das “comunidades de aprendizagem concebidas por um projeto coletivo baseado num projeto local de desenvolvimento” e a educação integral como uma proposta que supera a fragmentação do conhecimento nas séries e disciplinas.

O Manifesto foi lançado durante Conferência Nacional de Alternativas para uma Nova Educação, em Brasília, e depois entregue ao Ministério da Educação e debatido em mais de trinta cidades, incluindo Câmaras dos Vereadores, comunidades e secretarias de educação.

A partir destas atividades, novos pontos da rede se fortaleceram. Em rede social virtual, criou-se a página da Rede Nacional de Educação Democrática . Encontros presenciais começaram a acontecer mensalmente em diferentes partes do país. Ativistas estrangeiros promoveram a integração desta rede à IDEN.

Paralelamente, estes e outros ativistas desenvolveram a Rede de Educação Alternativa – Reevo, que, entre outras ações, disponibiliza uma plataforma colaborativa mundial, na qual  as pessoas incluem as experiências com as quais estão envolvidas nos em diversos países do globo. Filmes e livros, financiados coletivamente, também passaram a registrar a diversidade das experiências, convidando a sociedade a ampliar suas possibilidades educativas, fortalecendo a autonomia das instituições, educadores, crianças e jovens na condução de novas formas de ensinar e aprender.

Para saber mais

Publicações

Justo, Marcelo (org). Invenções democráticas – a dimensão social da saúde. Coleção Invenções Democráticas, vol III. São Paulo: Autêntica, 2010.

Machado, Manuela. Escola democrática/Escola Tradicional. In. Psicologia clínica e educacional, 16 de Outubro de 2013.

Singer, Helena. República de Crianças – Sobre experiências escolares de resistência, São Paulo: Hucitec, 1997. Mais informações em reportagem da Revista Sociologia.

Tosto, Rosanei. Escolas Democráticas Utopia ou Realidade. Revista Pandora Brasil, Edição especial Nº 4 – “Cultura e materialidade escolar”, 2011.

Sites

Núcleo de Psicopatologia, Políticas Públicas de Saúde Mental e Ações Comunicativas em Saúde Pública

 

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