publicado dia 06/12/2019
Ensino Médio em tempo integral foi determinante para melhoria da educação de PE
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 06/12/2019
Reportagem: Ingrid Matuoka
Em 2007, as escolas de Ensino Médio de Pernambuco ocupavam o 21º lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), e tinham altas taxas de abandono escolar e distorção idade-série. Dez anos mais tarde, a nota no Ideb chegou a 4,0, os demais índices baixaram e, em algumas escolas, zeraram. Mas o que houve nesse meio tempo?
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O processo teve início em 2004 com a expansão da jornada em uma única escola, o Ginásio Pernambucano. Três anos depois, o bom resultado dessa experiência começou a ser aplicado em toda rede e, atualmente, o estado tem 57% das matrículas no Ensino Médio em tempo integral, e há ao menos uma escola com jornada estendida por município.
“O primeiro passo foi fazer um diagnóstico da nossa rede para entender nossos desafios. Percebemos que faltava um projeto maior, estruturado, e olhar para o dia a dia das escolas, envolvendo professores e gestores nas decisões”, contou Fred Amancio, Secretário de Educação e Esportes de Pernambuco, durante o evento Perspectivas e fortalecimento da política de Ensino Médio em tempo integral nos estados, que ocorreu em 27 de novembro, em São Paulo (SP).
Em conjunto, definiram os eixos estratégicos para fazer avançar a implementação pela rede inteira: investir em infraestrutura escolar, educação integral e em novos insumos pedagógicos. Outra medida foi fazer do tempo integral uma política pública, preservando-o acima de interesses políticos e mudanças de gestão.
Já nas escolas, alteraram as matrizes curriculares, promovendo aprendizagem por meio de projetos, estimulando o protagonismo juvenil e o envolvimento da família e da comunidade. Também definiram o objetivo da educação no estado: formar jovens autônomos, solidários, preparados para aprender a adquirir habilidades necessárias para a sua opção de vida. Cada escola também pode escolher aulas eletivas específicas de acordo com a demanda dos estudantes.
“Tempo integral não é só mais tempo na escola ou apenas um currículo: é uma mudança cultural que envolve pessoas.”
Quando se expande o horário de uma escola, é preciso reestruturar a equipe docente. Em Pernambuco, a secretaria priorizou manter os profissionais já existentes, promovendo sua formação e garantindo dedicação exclusiva, para que pudessem se envolver com o projeto político pedagógico da escola, conhecer os estudantes e a comunidade verdadeiramente.
“Um resultado satisfatório não tem a ver com a qualidade do trabalho desses profissionais. Tem a ver com as condições e com acreditar nesses professores e gestores”, disse Fred.
Outra alteração feita foi na infraestrutura das escolas. Hoje, 90% das unidades educacionais de tempo integral têm laboratório, para promover as aprendizagens na prática, condição estrutural da educação integral. Mas nem sempre foi assim. “No começo nem todas tinham a infraestrutura adequada, mas nós assumimos o compromisso de ir avançando e fizemos.”
Em Pernambuco, os resultados do Ideb mostravam que quanto mais tempo na escola, melhor era o desempenho dos estudantes, gerando desigualdade em relação às escolas regulares.
Para contornar esse desafio, a Secretaria tomou a decisão de planejar a etapa do Ensino Médio para e rede inteira, definindo as grandes diretrizes e formando todos os professores e gestores na perspectiva da educação integral, para depois olhar para a divisão de tempo. Hoje, a diferença da nota entre as escolas regulares e as de tempo integral é de 0,3 ponto. “A educação integral é um projeto de rede”, explica Fred Amancio.