publicado dia 17/07/2019
O novo programa de financiamento do ensino superior e a repercussão nas redes
Reportagem: Natália Passafaro
publicado dia 17/07/2019
Reportagem: Natália Passafaro
O Ministério da Educação (MEC) lançou, nesta quarta-feira (17), um programa para reestruturar o financiamento do ensino superior público. O “Future-se” visa ampliar a autonomia financeira das universidades a partir da maior participação de verbas privadas no orçamento universitário.
“[O Future-se] coloca o Brasil no mesmo patamar de países desenvolvidos. Nós buscamos as melhores práticas e adaptamos para a realidade brasileira. A maioria das medidas já acontece aqui. Nós vamos potencializá-las”, afirmou o ministro da Educação, Abraham Weintraub.
O projeto vai passar ainda por consulta pública até o dia 15 de agosto. As contribuições serão compiladas e uma proposta de mudança na legislação será apresentada posteriormente.
Com o programa, as universidades poderão, por exemplo:
Segundo o MEC, são mais de R$ 100 bilhões aos quais universidades e institutos poderão ter acesso. O dinheiro virá, por exemplo, do patrimônio da União, de fundos constitucionais, de leis de incentivos fiscais e depósitos à vista, de recursos da cultura e de fundos patrimoniais.
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Nas redes sociais, docentes de universidades federais, estudantes e especialistas e parlamentares manifestaram-se contra a proposta. “A adesão ao projeto submeterá as universidades federais a riscos e mudanças de prioridades. Captar recursos será a meta. Universidade não é indústria e educação não é produto a ser comercializado”, defendeu Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, em seu Twitter.
Ainda nas redes, Margarida Salomão, ex-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), afirmou: “o Future-se não é um programa de desenvolvimento das universidades. É um instrumento para o governo tentar acabar com a autonomia universitária, abrindo caminho para a entrada do setor privado. Não se trata de governança. É para que o privado prepondere sobre o público.”
Confira outras opiniões sobre o “Future-se”:
Roberto Moll, professor na Universidade Federal Fluminense (UFF):
Será um golpe na área de ciências humanas e sociais. E, pode ser um golpe nos campi pequenos e distantes, criados na fase de expansão. Primeiro porque a maioria tem capacidade patrimonial mínima. Segundo porque os pequenos departamentos tem poucos recursos para competir.
— Roberto Moll (@RobertoMoll) July 17, 2019
Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação
5) O modelo é tão desigual que o MEC, na apresentação, repetiu reiteradas vezes que ele não gera desigualdades: repetindo uma mentira para virar uma verdade. Gera porque freia a democratização do acesso ao ensino superior;
— Daniel Cara (@DanielCara) July 17, 2019
Maria Caramez Carlotto, professora na Universidade Federal do ABC (UFABC)
Fernanda Melchionna, deputada federal pelo PSOL
Quanto vale o conhecimento? “Fature-se” é o melhor slogan para esse novo programa do governo Bolsonaro. Acaba com a autonomia da gestão financeira das universidades e impõe a lógica econômica privatista sobre as bases da educação superior no país.
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) July 17, 2019
Gilberto Maringoni, professor na Universidade Federal do ABC (UFABC)