publicado dia 21/08/2014
Livros que toda criança e adolescente devem ler
Reportagem: Juliana Sada
publicado dia 21/08/2014
Reportagem: Juliana Sada
Na semana em que tem início a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o Centro de Referências em Educação Integral abre espaço para a literatura. Crianças, especialistas, educadores e escritores indicaram os livros que toda criança e adolescente devem ler para contribuir com seu desenvolvimento integral. Afinal, o direito à leitura e à literatura envolve não apenas a língua, mas o significado simbólico, histórico e cultural de cada cultura. Confira a seguir!
“É um livro para todas as idades. Para lembrar que não se deve matar a criança grande que habita em cada um de nós.
No nosso tempo, um dos maiores poetas vivos, o Manoel de Barros diz que continua a ser criança, quase chegando aos cem anos. Já o apóstolo Saulo de Tarso, na sua primeira carta aos Coríntios, escreveu: ‘quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, como criança me comportava. Hoje, depois de homem feito, deixei de lado as coisas de criança…’”.
José Pacheco, educador, um dos fundadores da Escola da Ponte em Portugal e autor do Dicionário de Valores (Edições SM).
“Recomendo a obra do autor inglês Roald Dahl, que é fundamental; e deve ser a biblioteca básica das crianças. Ele tem um livro super marcante chamado ‘Matilda’, que posteriormente virou filme. Na história, Matilda é uma garota muito inteligente que vive em uma casa onde se detesta pessoas sábias e os pais querem que ela seja medíocre. É uma obra que não subestima a inteligência das crianças e que tem vínculo direto com as questões da infância, como o sentimento de rejeição ou de abandono e, ao mesmo tempo, mostrando como se pode superar isso. O livro traz a força da imaginação e a coragem da criança pra superar. É um livro maravilhoso e tem humor.
E, pessoalmente, Roald Dahl muito me influenciou como autor de livros infantis. Ele não tem problemas de colocar no texto questões que provoquem as crianças; ele é transgressor e não tem medo de escrever para a infância. É um dos grandes autores ingleses, que escreveu também “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, outra dica importante de leitura.”
Ilan Brenman, escritor e autor de Até as princesas soltam pum (Editora Brinque Book) e O Bico (Editora Moderna)
“É um livro que desperta muito a imaginação, mostrando o quanto a criança pode viajar por meio dela. Na história, Marcelo é um garoto que começa a falar de uma forma diferente e questiona o nome que as coisas têm, como por exemplo, perguntando porque a cadeira chama cadeira e não sentador? A partir disso, ele começa a dar nome para as coisas. É um livro que eu leio bastante na biblioteca e que aguça muito a imaginação das crianças.”
Eulina Cardoso, pedagoga e coordenadora da Biblioteca Esquina do Livro, que fica no bairro de Engenho Novo, no Rio de Janeiro, e integra o Polo Conexão Leitura.
“O que eu mais gosto são os livros de mitologia grega. Neles, você passa por uma aventura e não precisa ver televisão, você imagina o cenário na cabeça. Eu adoro! Hoje vou começar a ler Homero, eu gosto destas coisas antigas. Os últimos que eu li foram “O Anel de Tutancâmon” (Rogério Andrade Barbosa, Ed. Melhoramentos), que é muito legal, e “Jiló, um garoto em perigo” (Marcio Poletto, Ed. Melhoramentos), que é sobre tráfico de crianças, mas não é muito triste, porque sempre acaba com um final feliz, né?”
Leonardo Odloak, 11 anos, estudante do 6º ano do ensino fundamental.
“É um livro que me abriu bastante o imaginário, me ajudou a perceber que o mundo é viajável e me despertou a vontade de viajar. A obra também fez com que eu tivesse outra relação com o meu pai. O livro conta a história de um garoto e seu pai que vão buscar a mãe que os deixou há alguns anos. Então, eles passam a viajar pela Europa em busca dela e há histórias paralelas acontecendo e que se entrelaçam. Eu li com 12 ou 13 anos e me marcou muito, foi a partir dele que despertei meu gosto pela leitura.”
Antonio Sagrado Lovato, diretor do documentário Quando sinto que já sei
“O livro tem várias histórias, mas tem uma que me marcou muito. Um garoto está na floresta, se assusta ao ver uma onça e foge. Ao chegar em casa, seu pai alerta que ele está sem um olho. Ele o havia esquecido na floresta! Com muito medo da onça, ele volta e consegue achar o olho. No entanto, ao colocar no rosto, ele põe o olho ao contrário. A partir daí, ele passar a olhar sempre para dentro e para fora. Desde então, eu tenho tentando sempre ficar com um olho atravessado! O Graciliano Ramos tem um jeito de escrever que não subestima o jovem, o livro é bastante simbólico e provocador”.
André Gravatá, autor do livro Volta ao mundo em 13 escolas
“Um dos maiores clássicos da literatura inglesa do Século XX, o livro constrói alegorias a partir da história de um grupo de crianças que, após a queda de um avião no mar, se vêem isoladas e sozinhas em uma ilha deserta. Por envolver personagens infantis, o livro costuma causar identificação com o público jovem. A obra é rica em possíveis interpretações trazendo elementos históricos, culturais e psicológicos, estabelecendo várias reflexões. O livro pode ser lido em diferentes idades e trazer diferentes interpretações, de acordo com o repertório da pessoa.
Na sala de aula, o livro pode trazer uma série de debates. Um deles é sobre o estado primitivo do ser humano, já que os garotos vão perdendo a civilidade e tendo uma atitude cada vez mais primitiva. E isso ocorre logo com crianças que são tidas como o símbolo da inocência e pureza, então, é possível debater psicologia a partir disso. Outra questão do livro são os regimes democrático e fascista, que as diferentes formas de organização dos garotos acabam refletindo.”
Rodrigo Valente, jornalista e professor de história.
“O livro A espada e o novelo traz a história de um célebre contador de histórias que está à beira da morte. Para ouvir o que seriam as últimas histórias do velho Laodemo, pessoas de diferentes localidades do mundo se reúnem em uma ilha do mar Mediterrâneo. Pela memória do sábio Laodemo conheceremos vários feitos de heróis mitológicos como Jasão, Héracles e Teseu, e por sua boca falará os deuses, fazendo o mundo voltar a ser habitado por ninfas, centauros e monstros.
É uma obra, como sugere o título, que transita entre guerras, amores, fúria e perdão como se tivessem emaranhados num grande novelo que é o mundo. Depois que puxamos a primeira palavra da história é impossível não desenrolar todo o enredo até o final.”
Volnei Canônica, especialista em Literatura Infantil e Juvenil e coordenador do programa Prazer em Ler do Instituto C&A.
“As histórias são muito boas, são de um futuro muito distante depois de várias mudanças que aconteceram no mundo. Tudo o que os personagens passam é muito emocionante! No Jogos Vorazes, eles estão divididos em doze distritos que servem à Capital. Tem a ver com a nossa realidade um pouco, ainda mais com os governantes, que se importam mais com si mesmos do que com o povo, que deveria ser a prioridade deles. Já no Divergente, as pessoas estão divididas em facções de acordo com as suas capacidades, como franqueza e erudição. Alguns deles descobrem que existem pessoas vivendo do outro lado da cerca, que não se encaixam em nenhuma facção e decidem conhecer este outro mundo.”
Andressa Almeida, 13 anos, estudante do 9º ano do ensino fundamental.
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