publicado dia 17/08/2017

Como incorporar conceitos da Reggio Emilia em sua escola

Reportagem:

Adentrar uma das salas de aula da Escola Opal, uma pequena escola charter localizada em Portland, nos Estados Unidos, é um convite para brincar, ser maravilhado e provocado.

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Materiais para criar, improvisar e explorar ficam ao alcance das crianças para que elas possam tornar seus pensamentos visíveis e discutíveis. Os professores, por sua vez, documentam a aprendizagem enquanto esta vai se desenvolvendo, por meio de áudios, fotos, anotações e mais.

Texto originalmente publicado por Suzie Boss, no Edutopia, em agosto de 2017. Suzie é uma jornalista norte-americana especializada em Educação.

Embora a Escola Opal comporte apenas 88 crianças, o alcance da instituição é muito maior. Todo os anos, cerca de mil adultos de todo o mundo entram em contato com a Opal para eventos especiais, estudo e desenvolvimento profissional.

“Desde o começo, nosso objetivo tem sido fortalecer a educação pública provocando novas ideias em ambientes onde a criatividade, curiosidade e as delícias de aprender prosperam”, explica Susan MacKay.

Ela é diretora de ensino e aprendizagem no Museu das Crianças de Portland, que coordena a Escola Opal, devido uma parceria da instituição com escolas públicas do município.

Da Itália para os Estados Unidos

A Escola Opal foi inspirada, em parte, pela reconhecida experiência de Educação Infantil de Reggio Emilia, na Itália. Essa rede municipal foi fundada após a Segunda Guerra Mundial para educar novos cidadãos capazes de resistir ao fascismo. A filosofia de Reggio Emilia valoriza, portanto, o pensamento crítico, a curiosidade e a autoexpressão ante o conformismo.

Sete décadas depois, as escolas do município continuam a atrair visitantes de todo o mundo e a inspirar uma crescente rede internacional de escolas e pré-escolas.

MacKay relembra com clareza sua primeira visita a Reggio Emilia nos anos 2000. “Ficamos impactados com o nível de sofisticação e capacidade expressiva de crianças muito novas. Sua criatividade, uso de materiais, diálogos — era tudo um trabalho de alto nível”.

A Escola Opal abriu no ano seguinte e continua a ser até hoje um lugar onde os professores questionam junto aos estudantes e onde o objetivo diário é educar para a democracia, provocando nos visitante reação semelhante à que MacKay teve ao conhecer a Reggio.

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Para trazer questionamentos mais divertidos para a sala de aula e tornar o ambiente escolar mais democrático, a equipe da Escola Opal traz algumas sugestões que dialogam com o desenvolvimento integral dos alunos. São elas:

Acolha. Para criar uma cultura de acolhimento em que os relacionamentos possam florescer, comece por descobrir quem são seus alunos antes mesmo de conhecê-los. MacKay diz “de onde estão vindo seus estudantes? Quem são suas famílias? Com que eles se importam mais? Que recursos essas crianças trazem com elas? Prepare-se para ouvir quem são estes indivíduos quando conhecê-los”.

Crie conexões. Se a sua escola tem um currículo estabelecido, pense em quanto seus alunos vão se relacionar e se conectar com esse conteúdo. “O que está acontecendo no mundo, na vizinhança, no noticiário? O que está lá fora que pode criar conexões entre esse conjunto de informações que os adultos classificam como importante e suas próprias vidas?”, questiona MacKay.

Diminua distâncias. A sala de aula é um lugar extremamente local, não é amplo, nos lembra MacKay. Nesse sentido, é importante pensar “nos assuntos do mundo que podem se conectar e interessar esse grupo de crianças”. Tensões sobre raça e injustiças podem estar afetando o mundo — e também a sua sala de aula e o pátio do recreio. “Se você abrir a porta, as crianças estarão prontas para falar sobre seus desconfortos. Ajude as crianças a reconhecer padrões e aprender com eles. Quando conseguir fazer isso, você trouxe o mundo para perto deles”.

Construa um banco de questões. Crianças pequenas podem precisar de sua ajuda para encontrar questões interessantes. “Você precisa realmente ouvir para descobrir sobre o que as crianças estão curiosas e para que perguntas interessantes surjam”, diz MacKay. Uma sugestão é criar um banco de perguntas abertas para o educador refletir junto às crianças. “Se a primeira de suas perguntas não surtir efeito, você ainda terá mais 80 para tentar”.

Documente tudo. Embora isso soe desafiador, MacKay julga essencial documentar toda a rotina escolar diariamente com fotos, anotações, diários e gravações em áudio. “Quando documentar se torna um hábito, isso serve como material para reflexão”. O hábito é igualmente útil para professores e alunos: professores curiosos fazem aparecer crianças curiosas. Aqui está um sequência de perguntas que podem ser feitas diariamente:

  • O que eu acho que vai acontecer?
  • O que aconteceu na realidade?
  • O que podemos fazer diferente da próxima vez?
  • O que faremos amanhã?
  • Isso desperta a sua curiosidade? Como?

Ofereça materiais abertos. Faça materiais convidativos para as crianças usarem como ferramentas para pensar, criar e debater. Isso não requer muitos recursos financeiros, mas envolve uma apresentação cuidadosa. “Não são coisas em uma caixa”, diz MacKay. Sementes, folhas e pedras recolhidas durante um passeio na natureza e apresentadas de maneira atrativa vão fazer as crianças quererem brincar. A chave é observar e ouvir como as crianças interagem com os materiais, o que elas dizem, fazem e criam.

Reggio Emilia: escolas feitas por professores, alunos e familiares

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