publicado dia 25/01/2017

5 escolas que ajudam a transformar a cidade de São Paulo

Reportagem:

São Paulo. Uma cidade de muitas belezas, mas muitas  questões. Desigualdades, violências e comunidades apartadas são também, infelizmente, características da vida na metrópole. Assumindo tanto os pontos positivos, quanto as várias dificuldades de suas comunidades, escolas vêm fazendo a diferença. Trabalhando  em seus Projetos Políticos Pedagógicos as questões das comunidades, as escolas integram o território na implementação do currículo, aproximam familiares e comunidades do cotidiano da instituição e promovem um olhar constante para o que acontece no bairro, tornando-se centros de pesquisa e referência da região e promovendo debates e intervenções sistemáticas naquilo que afeta a vida cotidiana  dos estudantes e do território.

O Centro de Referências em Educação Integral selecionou cinco dessas escolas que apresentam caminhos possíveis  para transformar a cidade de São Paulo.

  1. Reconhecendo a história, valorizando memórias

EMEI Manoel Fiel Filho, Parque São Rafael, Zona Sudeste de São Paulo

A Escola Municipal de Educação Infantil Manoel Fiel Filho era conhecida na comunidade como a “escolinha ao lado do posto”, e a comunidade – inclusive a escolar – desconhecia o patrono homenageado no nome da instituição. Aliando a necessidade de fortalecer a integração da escola à comunidade, os professores e o grupo gestor decidiram trabalhar o resgate do nome do patrono tanto com a comunidade, quanto com os estudantes, alinhando a discussão à proposta pedagógica para o ano. O projeto foi extremamente bem recebido pelos familiares e membros da comunidade e foi uma incrível oportunidade de aprendizagem para as crianças, que, mesmo pequenas, discutiram desde o porquê de dar nome às coisas à ditadura militar brasileira, e a importância de Manoel Filho. Integrando o saber acadêmico ao território e vice-e-versa, a escola transformou não apenas sua identidade, mas fortaleceu-se como espaço de pesquisa e produção de conhecimento da própria região.

2. Integração dos saberes do território

EMEI Chácara Sonho  Azul, Chácara Sonho Azul, Zona Sul de São Paulo 

Aprender a contar, compreender pesos e medidas, e ainda aprender a conhecer e distinguir os alimentos são algumas das aprendizagens desenvolvidas em uma ida à feira da região. Acessar diferentes espaços do território como caminho para materialização do currículo e de apoiar as crianças a acessarem a memória, os hábitos e questões locais são práticas incorporadas no Projeto Político Pedagógico da escola e construídas, diariamente, em processos de planejamento coletivo entre direção, professores e comunidade – na unidade, familiares têm um papel ativo de apoiar as ações da escola e de fortalecer seu papel como centro de pesquisa do próprio bairro.

3. A importância de defender um bem público

Centro de Educação Infantil (CEI) Profª Marielcia Florêncio de Morais, Cidade Tiradentes, Zona Leste de São Paulo

Com o agravamento da crise hídrica em São Paulo, ao final de 2014, o Centro de Educação Infantil Professora Marielcia Florêncio de Morais decidiu repensar o uso da água. Fazendo adaptações de infraestrutura e envolvendo as crianças e comunidade em uma discussão educativa sobre o consumo da água, a escola conseguiu não apenas economizar, mas trazer a discussão da sustentabilidade como ponto fundamental -e efetivo – de seu projeto pedagógico. Como exemplo, com a utilização de baldes e de um reservatório, o CEI passou a coletar a água da chuva, e envolvendo as crianças no processo, discutiu como os pequenos podem ajudar a economizar água e aprenderem como viver de forma mais sustentável.

4. Intervenção e transformação do território

EMEF Campos Salles, Heliópolis, Zona Sul de São Paulo

Desde 1999, mobilizados por um acontecimento trágico na comunidade, a equipe e estudantes da EMEF Campos Salles organizam a Caminhada pela Paz. O evento anual, que hoje congrega mais de 10 mil pessoas, passou a integrar os projetos políticos pedagógicos das diferentes instituições educativas no território e a fazer parte da rotina do bairro. Com temas que evocam a necessidade do enfrentamento da violência e o desejo de uma sociedade mais justa, a caminhada é reconhecida  não apenas  no bairro, mas na cidade como um todo, como um simbolo da força da mobilização comunitária.

5. Reconhecimento das identidades, reconhecimento do bairro

EE Canuto  do Val, Zona Central da cidade de São Paulo

A partir de um diagnóstico para reconhecimento de seu público, a escola descobriu que parte significativa dos estudantes eram imigrantes ou nascidos no Brasil, mas filhos de imigrantes e que mais de 30% falavam espanhol como primeira ou segunda língua. Investigando suas relações com o território, e como os estudantes se integravam ao cotidiano escolar, a escola percebeu que muitos eram hostilizados, tinham dificuldade em se adaptar à comida ofertada na merenda e não reconheciam sua identidade na cultura escolar. Muitos dos familiares desses estudantes estavam em situação de trabalho desprotegido – alguns em trabalho servil, e a grande maioria desconhecia os serviços públicos e equipamentos de apoio às famílias na região. A escola, então, promoveu uma série de ações – desde a customização da escola pelos estudantes à visitas guiadas dos familiares acessando equipamentos mapeados e articulados pela escola no território. As questões passaram a ser trabalhadas pelos professores em sala de aula – e tudo foi integrado ao PPP da unidade.

 

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