publicado dia 18/03/2016
10 materiais que auxiliam no processo de implementação da educação integral
Reportagem: Caio Zinet
publicado dia 18/03/2016
Reportagem: Caio Zinet
A agenda da educação integral avançou muito na última década no Brasil. Diversos estados e cidades criaram seus programas e o governo federal elaborou o Mais Educação, que chegou a quase 60 mil escolas em 2015. O tema está sendo discutindo cada vez mais pela sociedade. Apesar dos avanços, ainda há muito o que caminhar para concretizar esse direito.
Por essa razão, quinze comitês territoriais em todo o país elegeram hoje (18) como o dia nacional de mobilização para conscientizar a população sobre a importância da educação integral. Nesse dia serão realizadas uma série da atividades para articular as redes em torno de atividades em defesa dessa pauta.
Para marcar a data, listamos dez conteúdos que mostram tratam de temas essenciais à educação integral, como seus marcos legais e histórico no Brasil. Clique em cada título para conferir as matérias na íntegra:
Educação integral não é uma modalidade de educação, mas a sua própria definição. Ela tem como intuito atender a todas as dimensões do desenvolvimento humano em um processo que ocorre ao longo de toda a vida. Para educar um indivíduo, é preciso envolver e articular diversos outros indivíduos, tempos e espaços. Afinal, somos todos sujeitos completos, totais, com as mais diversas características, necessidades e possibilidades de aprendizagem ao longo da vida.
A legislação brasileira avançou nas últimas décadas no sentido de garantir a efetivação do direito a educação integral. A Constituição Federal de 1988 contém três artigos que fazem referência ao tema, assim como a a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação, aprovada em 1996 e, em sua composição, os artigos 34 e 87 dizem respeito à educação integral. O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) foi aprovado em 2007 e tem como objetivo melhorar todas as etapas da educação básica no Brasil. Dentre as ações de melhoria inclusas no PDE, destaca-se o Programa Mais Educação. Elecamos nessa matéria vários marcos legais essenciais para o desenvolvimento da educação integral.
A história da educação integral no país remonta a 1932 quando intelectuais da chamada educação nova, que teve como objetivo implementar um sistema de ensino público no Brasil que integrasse diferentes frentes de aprendizagem. Em 1952, o então Secretário da Educação da Bahia, Anísio Teixeira, implementou o chamado Centro Educacional Carneiro Ribeiro (CECR), considerado o primeiro modelo de educação integral bem sucedido no Brasil. Em 1980, o sociólogo Darcy Ribeiro implementou 500 prédios escolares, conhecidos como Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), no Rio de Janeiro. Em 1990 nasce o conceito de cidades educadoras após realização do I Congresso Internacional de Cidades Educadoras, realizado em Barcelona, na Espanha. Veja outros nessa matéria outros eventos essenciais na história brasileira da educação integral.
O Senador Paulo Paim é um dos autores do PL 756 que cria diretrizes básica para definir o que é educação integral
No Congresso brasileiro, alguns parlamentares se movimentam para avançar no cumprimento das metas, por meio da apresentação de dois projetos de lei. O senador Eduardo Amorim (PSC-SE) quer incluir um trecho no na Constituição Federal, prevendo a “progressiva universalização da educação básica em tempo integral”. Além da busca por expandir o número de escolas em tempo integral, outro dois senadores propõem criar um modelo de funcionamento com parâmetros de qualidade. O PL, de autoria dos senadores Paulo Paim (PT-RS) e Dário Berger (PMDB-SC), prevê que uma escola de educação integral deve estimular a formação de um sujeito integral capaz de ter uma visão crítica do mundo.
Até 2024, o PNE prevê que pelo menos metade das escolas de ensino básico ofereçam ensino em tempo integral, atendendo à 25% dos estudantes.
O Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado em 2014 prevê que o aumento da jornada dos estudantes nas escolas é uma meta importante para garantir uma educação de qualidade. A meta 6 prevê que até 2024, pelo menos metade das escolas de ensino básico ofereça ensino em tempo integral, atendendo à, no mínimo, 25% dos estudantes. O panorama atual não está muito distante disto. Em 2013, 34% das escolas possuíam jornada estendida, atendendo 13% dos alunos, segundo dados do Observatório do PNE.
Para além de aumentar o tempo na escola é necessário discutir o que fazer com esse tempo extra
Crédito: Divulgação
Educação integral e jornada de tempo integral dentro da escola não necessariamente são sinônimos. É necessário discutir qual a intenção em deixar os estudantes por mais tempo dentro da sala de aula. É essencial debater quais conteúdos e quais as formas de aprendizado e, principalmente, é necessário pensar em um processo educativo no qual o sentido maior seja formar sujeitos de maneira integral para que desenvolvam uma visão crítica sobre o mundo e a sociedade.
As cidades e Estados interessados em implementar uma política de educação integral tem diversos marcos legais e referenciais pedagógicos que podem apoiar e servir como guias que dialoguem com os pressupostos do conceito. É preciso que a gestão pública invista em orientações gerais e marcos legais regionais que amparem as ações das escolas, equipamentos públicos e outros órgãos de gestão.
#8. Como financiar um programa de educação integral?
O aumento do tempo dos estudantes na escola gera maiores custos para as Secretarias de Educação.
Entretanto, é possível buscar alternativas, envolvendo outros atores e secretarias, em uma política intersetorial.
Dessa forma, parcerias com a sociedade civil e outros órgãos públicos se torna, mais do que possível, necessárias. Além de viabilizar o projeto, também contribuem para o desenvolvimento integral dos estudantes, trazendo novos elementos para a escola.
A proposta pedagógica é o grande alicerce para que a escola faça as conexões e articulações necessárias para compreender o sujeito em toda sua complexidade. Para que não se vivencie a aprendizagem de forma estanque e compartimentalizada e para que ele esteja em plena integração com a sua comunidade e com as pessoas que nela convivem, é preciso que a escola defina um ponto de partida e sua missão, fundamentando os passos a serem seguidos por toda a comunidade escolar. Por isso, a proposta pedagógica deve contemplar tanto aspectos de gestão, quanto pedagógicos que definam, por exemplo, como a organização do conhecimento pode avançar para além da lógica de “disciplinas” e de turno (onde reside o saber formal) e contraturno (onde se dão oficinas complementares). Assim, “a integração curricular” não é espontânea, ela é intencional e planejada pelo coletivo das escolas, nos horários pedagógicos internos ou em formação mais ampla.”
Não basta criar um programa de educação integral e implementá-lo nas rede de ensino. É necessário acompanhar e monitorar os resultados ajudando as escolas, seus gestores e professores.
A partir desse monitoramento é possível saber o que está dando certo, o que está dando errado e realizar alterações tendo em vista que cada escola está inserida num contexto social distinto e que é muito difícil ter uma fórmula mágica que se aplique a todos os espaços educativos.