ICEP promove formação continuada de professores com base no território e em suas práticas prévias

Publicado dia 16/05/2022

Quando os formadores e formadoras do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (ICEP) chegam em uma rede educacional ou escola para promover uma formação, a primeira pergunta que fazem é: o que podemos construir juntos? 

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Desviando de ações que visam impor práticas e meramente transmitir informações, à luz da educação integral, colocam os educadores no centro de sua formação, trazendo junto toda a experiência que eles acumulam e o território que os circunda, com suas potências e desafios. “O sujeito, seja ele estudante ou professor, aprende a partir de seus conhecimentos prévios, de seu contexto e de suas necessidades reais”, explica Elisabete Monteiro, presidente do ICEP.

As experiências de formação continuada do ICEP estão sistematizadas e podem ser acessadas no site da instituição.

Ao longo dos 22 anos de trabalho da instituição, que começou na região da Chapada Diamantina e hoje atua em 34 municípios da Bahia e de Pernambuco, foi se constituindo uma parceria entre as redes municipais de ensino para promover uma educação de qualidade e trocas de experiências e soluções. 

Os municípios se unem para arcar com o investimento em formação continuada para professores, gestores escolares e equipe técnica da Secretaria de Educação, a fim de promover, por exemplo, a interdisciplinaridade e o olhar para o território no trabalho pedagógico. Todo o programa é concebido, implementado, avaliado e monitorado pelos próprios educadores e pela comunidade.

“Construímos a tecnologia Territórios Colaborativos, que promove a formação continuada pautada no contexto cultural e em trazer a teoria com a finalidade de ampliar o conhecimento dos profissionais a partir de suas próprias práticas, articulando tudo isso à implantação de política pública de formação continuada municipal”, sintetiza Elisabete.

Na pandemia, com a instituição do ensino remoto emergencial, a articulação entre os municípios fez a diferença. “Em abril de 2020 começamos um movimento de aprender junto com os professores sobre o uso das tecnologias digitais e em estratégias para não deixar as crianças e suas famílias sozinhas”, relata a presidente do ICEP. 

Juntos, os municípios criaram planos de ação de como acessar as famílias, de como manter o vínculo com as aprendizagens escolares em casa de forma significativa e estar ao lado dos professores para enfrentar os desafios.

A formação continuada do ICEP na prática

Dos 80 formadores que hoje atuam no ICEP, cerca de 80% deles atuavam em escolas ou na rede de educação de seus municípios e foram formados pela instituição. “Isso traz para a gente um pertencimento muito grande”, conta Aline Nascimento, que era coordenadora pedagógica na Secretaria Municipal de Educação de Itaetê (BA) quando participou da formação do ICEP e hoje é formadora do Instituto. “Nos cursos de Pedagogia aprendemos muitas coisas teóricas, mas temos dificuldade de pensar em como colocar na prática. Para mim, essa formação foi um divisor de águas”, conta. 

O primeiro passo de toda formação continuada que se inicia é conhecer o novo território: seus desafios, os equipamentos públicos disponíveis, a cultura e a comunidade local. Depois, é hora de ouvir os professores sobre as práticas que realizam e os entraves que encontram. Assim, realizam visitas às escolas, percorrem os planejamentos dos educadores, observam o que há nas paredes e nos cadernos das crianças.

“A proposta é construirmos juntos e nós também aprendemos muito com eles”, afirma a formadora Aline Nascimento

“O ICEP não traz cursos prontos. A gente constrói um plano de formação que contém uma hipótese de trabalho e vamos reorganizando a partir do que os educadores trazem para nós e das práticas bacanas que observamos e das que podem ser qualificadas”, explica Aline.

Em uma escola que enfrentava condições particularmente precárias, a única professora desejava promover sessões simultâneas de leitura, atividade que depende da colaboração de outros educadores. Em vez de descartar a prática, adaptaram. “Ela fica lendo com um pequeno grupo em um canto enquanto as outras crianças leem juntas embaixo de uma árvore, com uma mãe, com uma criança que já lê melhor”, conta a formadora.

Já no trabalho de formação que realiza em Uruçuca, em Serra Grande (BA), a investigação do território revelou preocupação com o Mico-Leão-da-Cara-Dourada, presente no município e em risco de extinção. “Criamos então um projeto de investigação sobre o tema e a Educação de Jovens e Adultos estudou e lançou uma mobilização em torno desse tema no ano passado”, relata Aline, que em toda formação que inicia costuma reforçar, tanto em sua prática quanto na comunicação com os educadores, que não se trata de “ensinar um jeito certo” porque eles estão fazendo “errado”. “A proposta é construirmos juntos e nós também aprendemos muito com eles”, finaliza.

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