Gestão democrática: escuta de estudantes será permanente em escola de SP após experiência de sucesso na pandemia
Publicado dia 15/12/2020
Publicado dia 15/12/2020
O desafio que as escolas encontraram com a chegada da pandemia de coronavírus foi enorme. Mas na escola estadual Professor Esli Garcia Diniz, em Arujá (SP), os gestores e educadores puderam contar com uma ajuda muito especial para enfrentar esse momento: a dos estudantes.
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Com toda a expertise da garotada em utilizar as tecnologias digitais, os alunos do Ensino Fundamental II à Educação de Jovens e Adultos (EJA) participaram das decisões e planejamentos da escola.
A iniciativa partiu do próprio grêmio estudantil da escola, que se colocou à disposição para auxiliar no que fosse necessário. Assim, mobilizaram mais estudantes para ajudar a escolher as melhores plataformas digitais, a formar os grupos de WhatsApp, as salas de aula virtuais no Google e a criar grupos de comunicação com os representantes de turma, para facilitar a comunicação entre os gestores, professores e os estudantes. Os alunos também se colocaram à disposição para auxiliar quem tivesse alguma dificuldade em acessar o e-mail ou qualquer outro recurso digital.
“Achei importante que a escola nos ouviu ao tentar descobrir o que seria bom para a gente nessas atividades remotas. É melhor isso do que lançar uma coisa nova para todo mundo, e não perguntar se estamos entendendo e se é o melhor para todo mundo”, afirma a aluna Mayara Oliveira Ludwig, 16.
Outra atuação importante dos estudantes foi a de auxiliar na busca ativa, ao identificar colegas que não estivessem participando das aulas virtuais ou das atividades, e ajudar a buscar algum contato com eles, seja por meio das redes sociais ou pela rede de pessoas que conhecem em comum.
“Eu achei uma experiência ótima. Gostei de ser reconhecida de alguma forma e sou muito grata por ter feito parte disso. Todas as escolas deveriam escutar os estudantes, pois a opinião de um aluno pode mudar muita coisa”, afirma a vice-presidente do grêmio, Rayssa de Brito, que tem 15 anos.
O coordenador pedagógico do Ensino Médio e da EJA, Antonio Diniz Souza, concorda com essa afirmação, e conta que a escola já planeja tornar essa experiência de escuta e participação dos estudantes permanente. “Não podemos perder essa participação, porque nós só temos a ganhar ouvindo os estudantes, a comunidade, as famílias, e os funcionários. É assim que uma escola pode tornar-se melhor, e é poder participar e ser ativo que faz com que as pessoas se identifiquem com a escola e passem a defender e a cuidar dela”, diz.
Afinal, o que é a gestão democrática?
Essa experiência trouxe para ambas as partes aprendizagens valiosas. Enquanto a gestão e os professores se abriam cada vez mais para ouvir as demandas e sugestões dos estudantes, as turmas também aprendiam sobre como funcionam as burocracias e recursos de uma escola e as etapas necessárias para concretizar projetos e ideias. “Toda ideia deve, pelo menos, ser analisada pela gestão”, recomenda o coordenador pedagógico.
Depois, é preciso também dar uma devolutiva para o estudante, para mostrar respeito por sua colocação e para mantê-lo engajado. Assim, é necessário explicar se a ideia será acatada, adaptada, utilizada em outro momento ou, se ela for inviável, é preciso deixar claro o motivo e estar aberto a novas sugestões.
“Com tudo isso, eu percebi que não dá para ser só um aluno, porque nós somos mais importantes do que isso. Não estamos na escola só para aprender Língua Portuguesa e Matemática, mas para se descobrir, e nos tornarmos seres humanos e cidadãos melhores para a sociedade”, conclui a estudante Mayara.
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O que é a #Reviravolta da Escola?
Realizado pelo Centro de Referências em Educação Integral, em parceria com diversas instituições, a campanha #Reviravolta da Escola articula ações que buscam discutir as aprendizagens vividas em 2020, assim como os caminhos possíveis para se recriar a escola necessária para o mundo pós-pandemia.
Leia os demais conteúdos no site especial da #Reviravolta da Escola.