Futebol Callejero colabora na construção da cidadania de jovens

Publicado dia 20/05/2014

 

No campo, na quadra ou improvisado no asfalto, o futebol pode ser jogado em qualquer lugar, o que faz dele a modalidade esportiva mais acessível em todo o mundo. Para além dos aspectos relacionados à saúde, um grupo de organizações sociais da América Latina vem mostrando que o esporte com os pés também pode ser um meio de garantir os direitos dos jovens.

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Trata-se da iniciativa “Futebol Callejero” (futebol de rua, na tradução), que nasceu a partir da ideia da Organização Defensores del Chaco de ampliar o espaço de diálogo entre jovens argentinos de comunidades com altos índices de violência. Hoje, a iniciativa se difundiu por toda a América Latina e países na Europa e África, fazendo do popular esporte uma eficiente metodologia de transformação social e formação de lideranças juvenis.

De acordo com a carta do Movimento Futebol Callejero, “os valores que unem as organizações em volta do esporte são baseados no respeito ao ser humano, independente da origem, classe social, gênero, religião, orientação sexual ou opinião política”.

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Além de fomentar a socialização de uma variedade de comunidades e grupos sociais, o projeto serve também como ponto de partida para a discussão de outras temáticas que envolvem as juventudes da América Latina. Uma delas é a questão de gênero, já que as partidas são destinadas aos dois sexos, sem distinção.

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Um jogo em três fases

Diferente do futebol tradicional, no Callejero são as equipes que decidem as regras que irão adotar, de acordo com o contexto social no qual os grupos do jogo estão inseridos. O combinado acontece de forma consensual um pouco antes do jogo começar e, depois da partida, é realizado um balanço de como os jogadores respeitaram aquilo que haviam combinado.

Escola de mediadores

Em um dos encontros sobre futebol callejero, foi identificada a necessidade de criar a Escola de Mediação, que é um espaço virtual e presencial de intercâmbio e produção de conhecimento entre mediadores. O objetivo é criar documentos e materiais que tragam, a cada encontro regional, exemplos de como a mediação contribui e fortalece a participação de jovens.

No lugar de regras, apito e faltas, está a figura do mediador. Seu papel é o de intervir e assegurar uma boa relação entre todos durante o jogo, o que acaba se tornando um exercício pleno de convívio em sociedade. Considerada como um espaço de aprendizagem social, a mediação é o momento de trabalhar a confiança e resolução de conflitos por meio do diálogo e participação de todos. Para quem pensa que ganha a partida o time que fizer mais gols, está enganado, pois além de ser bom de chute, o grupo ganhador precisa ter respeitado as regras decididas anteriormente.

Outra curiosidade é que não necessariamente ganha o time que tiver maior saldo de gols. Como um dos grandes objetivos do projeto é trabalhar a coletividade, um gol feito a partir da troca de passes vale mais do que um feito de maneira exclusivamente individual.

Além de trabalhar a inclusão social e aspectos como o respeito à diversidade, o Futebol Callejero também pode ser entendido como uma estratégia de ensino e aprendizagem a partir de valores humanos, já que auxilia a criação de projetos colaborativos.

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Uma rede internacional via futebol

Com sua rápida difusão pelo mundo, a metodologia se organiza em torno do Movimento de Futebol Callejero, presente em vários países, como Brasil, Uruguai, Paraguai, Chile, Equador, Costa Rica, Colômbia, Peru, Panamá, Alemanha e África do Sul. A ideia é fazer do futebol um instrumento de cidadania, difusor de direitos humanos, inclusão social e reconhecimento da diversidade cultural, étnica-racial, entre outras.

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A rede pretende levar a metodologia para novas organizações sociais, grupos comunitários, escolas e programas governamentais, a fim de realizar um verdadeiro intercâmbio entre jovens que integram o Movimento. Além disso, pretendem ainda colaborar com a produção de conhecimento em torno de trabalhos colaborativos.

Início e duração: 1990 aos dias atuais
Local: internacional
Responsáveis: Movimento de Futebol Callejero
Envolvidos e parceiros: Asociación Civil 25 de Mayo (Argentina), Asociación Grupo Cre-Arte (Argentina), Centro para el Desarrollo de la Inteligencia (Paraguay), Club Social y Deportivo Bongiovanni (Argentina), Corporación Ser Paz (Ecuador), Fundación Defensores del Chaco (Argentina), Fundación Fútbol para el Desarrollo – FuDe (Argentina), Fundación Fútbol por la Vida (Costa Rica), Organización Gente Viva (Chile), PACGol (Chile), Programa Esporte Integral (Brasil), Mundo Afro Rivera (Uruguay), Organizaciones Mundo Afro (Uruguay) e Ação Educativa (Brasil).

Principais Resultados

De acordo com o site do Movimento Futebol Callejero, todas as organizações que integram o movimento têm como objetivo principal impulsionar processos comunitários e melhorar as condições de vida a partir da garantia de direitos, promovendo uma sociedade mais justa e igualitária.

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Um dos resultados apontados é a autonomia, já que o jogo fomenta a tomada de decisão e formulação de regras em grupo. Além disso, pode-se destacar a formação de jovens para o trabalho e também para serem líderes.

A cultura de paz e luta pela reivindicação de variadas formas de discriminação são outros pontos a se ressaltar na iniciativa. Assim, o Movimento destaca que, com o projeto, já foi possível melhorar o relacionamento de pessoas em espaços comunitários, escolares e institucionais e influenciar no processo de criação das políticas públicas dirigidas ao público jovem.

O projeto aponta ainda a realização anual de encontros latino-americanos de Futebol Callejero e realização de mundiais de futebol em paralelo à Copa do Mundo.

Contato:
Site: http://movimientodefutbolcallejero.org/

Ana Moser escreve sobre o papel do esporte no desenvolvimento integral de crianças e jovens

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