Escola transforma estacionamento em espaço de brincar na natureza

Publicado dia 13/03/2024

🗒️Resumo: Escola de Guarulhos (SP) transforma estacionamento em espaço para brincadeiras, descanso e estudos em meio à natureza, a partir dos desejos das próprias crianças e adolescentes. Conheça o Quintal dos Quatro Elementos.

O pequeno estacionamento do Colégio Educar, em Guarulhos (SP), onde antes só circulavam carros, deu lugar a um espaço de interação, descanso, estudos e brincadeiras em meio aos quatro elementos naturais.

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A ideia surgiu em 2021, enquanto a diretora da unidade, Renata Pereira Batista, lia a obra Espaços afetivos: habitar a escola (Editora do Autor, 2021), da arquiteta Rayssa Oliveira, que pesquisa os espaços escolares a partir da perspetiva das infâncias.

“As crianças passam o dia em três caixas: a casa, o transporte e a escola. Queria mudar isso, dentro das nossas possibilidades, e tornar a escola mais humana”, afirma Renata.

Em contato com Rayssa, que também é fundadora do Projeto Andorinha, de ateliês itinerantes e ao ar livre, e o Sem Muros – Arquitetura Integrada, conduzido pelas arquitetas Ana Beatriz Giovani, Cássia Yebra e Flavia Burcatovski, começaram a planejar a transformação do estacionamento. O ponto de partida foi a escuta das crianças e adolescentes.

Espaços de brincar na natureza 

Os pequenos da Educação Infantil saíram com lupas e bacias em mãos para investigar o espaço, sob os olhos atentos das professoras e de Rayssa, em busca de compreender o que as crianças esperavam do espaço e o que despertava seus interesses. 

Com as turmas do Ensino Fundamental, fizeram maquetes e desenhos de como gostariam que a nova área fosse. “Um menino pediu um girassol para saber o caminho do Sol. Outros pediram colmeias para as abelhas, árvores grandes para escalar e ficar na sombra, pé de manga para comer e lugares para os passarinhos pousarem. E muita coisa com água”, relembra Rayssa. 

Espaço convoca as crianças a explorarem os movimentos e a natureza

Crédito: Colégio Educar

Já a participação do Ensino Médio se deu por meio de muitos debates – e conflitos – entre os adolescentes. “Alguns queriam grama natural e outros queriam a sintética, porque viam a possibilidade de natureza como algo ruim e tinham receio dos bichos. Nosso papel foi sustentar o debate entre eles”, explica Rayssa.

Os professores da escola também foram ouvidos sobre as possibilidades que enxergavam para cada área do conhecimento e de forma interdisciplinar. O resultado foi o Quintal dos Quatro Elementos, inaugurado em abril de 2022.

Como é o Quintal dos Quatro Elementos 

Na área de 250 m², agora há uma horta, um túnel de plantas frutíferas e outro de concreto, coberto por grama para subir e descer. Um círculo de areia, outro para fazer fogueira, e um retângulo de 15 centímetros de altura todo de azulejo para encher de água em dias de calor ou para brincar na chuva.  

Para aproveitar o vento que os aviões fazem no bairro, próximo ao aeroporto internacional de Guarulhos, instalaram um mastro com uma biruta. Há mesas de madeira e guarda-sóis, além de um redário sobre um chão de caquinhos vermelhos. 

“É um espaço pequeno mas deu para acolher muita coisa. Deu para transformar em uma área orgânica, que fale mais sobre a vida do que o estéril e achatado, que permite diferentes movimentações do corpo, o diálogo entre os elementos naturais, que mostre a sazonalidade, os cheiros, e reforce a escola como um lugar para dialogar com o vivo: outras pessoas, também outras formas de vida”, diz Rayssa.

brincar na natureza

Estudantes do Ensino Médio pintam mural no Quintal

Crédito: Colégio Educar

Da Educação Infantil ao Ensino Médio, todos passam ao menos uma parte do dia no Quintal. Para os pequenos, são especialmente alegres os momentos de brincar com água, enquanto os adolescentes estão pintando um mural que retrata a periferia e construíram um bicicletário para eles.

“Os professores aproveitam a oportunidade para desenvolver atividades pedagógicas no espaço. Outro dia mesmo estavam soltando foguetes de garrafa PET lá fora”, relembra a diretora Renata. 

Parte das famílias, contudo, resistem à mudança, sobretudo por causa de uniformes sujos. “Também é nosso papel quebrar tradições, então fazemos um trabalho com essas famílias de que não são sujeiras, são marcas desse desenvolvimento motor, emocional, intelectual, que as crianças têm”, diz Renata.

*Atualizada em 14/03/2024 às 12h23.

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