Escola Municipal Professor Paulo Freire (BH) garante diálogo com comunidade local e parceiros
Publicado dia 12/02/2014
Publicado dia 12/02/2014
Iniciativa: Escola Municipal Professor Paulo Freire
Privada ou pública: pública
Descrição: Como uma escola pode reconfigurar o seu papel dentro de uma comunidade e estabelecer relações com o seu entorno? A resposta ao questionamento parece ainda mais difícil quando o território em que a unidade escolar está inserida é carente de espaços públicos como praças, parques e clubes. Isso levando em conta que a educação integral não prevê a escola como único ator responsável pela aprendizagem dos indivíduos, mas atuando em consonância com equipamentos de diferentes setores – da cultura à saúde.
Esse desafio chegou à Escola Municipal Professor Paulo Freire, localizada no bairro Ribeiro de Abreu, em 2006, com o início do Programa de Escola Integrada. A unidade reformulou a dinâmica do ensino regular oferecido para o primeiro e segundo ciclos, ampliando a permanência dos alunos para nove horas diárias, incluindo para além do turno regular, o almoço, higiene e oficinas, com duração de 1h30 cada.
Os alunos que cumpriam o turno das 07h até as 11h30 passaram a participar de atividades até as 16h. E os que estudavam na parte da tarde ficavam com as oficinas das 08 às 13h. E a mudança na dinâmica das aulas só foi possível graças a abertura escolar para uma rearticulação com agentes da comunidade.
Além do corpo docente, a gestão abriu espaço para a interlocução de oficineiros. A partir de parceria da escola com universidades, estagiários de diversas áreas passaram a atuar frente às oficinas sob a supervisão de professores e , valorizando os saberes e habilidades da própria comunidade, os moradores também passaram a ser convidados a intermediar essas atividades. São oportunidades diversas, como: dança, ginástica rítmica, vôlei, futebol; taekwondo, jogos e brincadeiras; xadrez, flauta e violão; artesanato, intervenção nos muros e piquenique; educação ambiental, educação sexual, higiene e saúde; ECA e cidadania, inglês, espanhol, entre outras. Para a diretora da escola, Maria do Socorro Lages Figueiredo, o diverso leque de opções é um trabalho de reconhecimento de inteligências múltiplas, que não se encerra no interior da escola.
Justamente para assumir essa vocação de interlocução, a dinâmica escolar se abriu para o entorno da unidade. Ao “derrubar” seus muros, a Escola Municipal Professor Paulo Freire ampliou o relacionamento com atores de diferentes territórios e, por conta disso, diversificou a gama de possibilidades educativas para os alunos.
Atualmente, os estudantes visitam com frequência outros espaços como parques, bibliotecas, museus e até mesmo pontos da geografia e natureza local, como rios, nascentes etc. A escola também prevê viagens para que a turma possa interagir com espaços de outros estados do país.
Ao passo que a escola começou a desenvolver as ações com e na comunidade, a dinâmica e características da região também passaram a afetar o cotidiano escolar. “Toda vez que saíamos para percorrer as ruas do bairro com os alunos, fazíamos paradas para descansar naquele local e víamos muito lixo”, relembra a gestora Maria do Socorro que optou por entregar flautas aos alunos para que, nos próximos passeios, chamassem a atenção para aquela situação. Com a ajuda da comunidade do bairro Ribeiro de Abreu, a escola revitalizou a praça que foi carinhosamente batizada de ‘Praça da Parada’.
No campo da saúde, a escola recebe o Programa Saúde na Escola (PSE), iniciativa do Ministério da Saúde e da Educação, que tem como objetivo abrir espaço para trocas sobre práticas de promoção de saúde e de prevenção de agravos e de doenças, contribuindo para o fortalecimento do desenvolvimento integral e propiciando à comunidade escolar o enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens. Além de palestras informativas, a escola iniciou um programa de controle do peso dos alunos, o que incentivou a cultura da alimentação saudável na comunidade escolar e a criação e manutenção de uma horta. A unidade também apóia campanhas de saúde e acaba abrindo suas portas aos finais de semana para ações dessa natureza.
Nos esportes, o destaque fica por conta do Segundo Tempo, outro programa federal que tem como objetivo democratizar o acesso à prática e à cultura do Esporte de forma a promover o desenvolvimento integral dos estudantes, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida. Os alunos são acompanhados por estagiários e um professor com formação em educação física.
Também é prática da escola, graças à interlocução com atores da rede de proteção de crianças e adolescentes, o acompanhamento de alunos que, por ventura, demonstram problemas familiares ou de rendimento escolar.
Desde que se envolveu no projeto, a comunidade escolar – professores, funcionários, estudantes e direção -, se abriu para uma proposta essencialmente dialógica. Aos poucos e continuamente, programas e atividades das mais diferentes naturezas são combinados e intercambiados; profissionais de diferentes áreas atuam sob uma ótica interdisciplinar e os estudantes aprendem em outros espaços, para além da sala de aula.
Além da mudança de conduta dos alunos, mais participativa, a escola vem alcançando melhorias no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em 2007, a escola atingiu a meta esperada, 4,5, e em 2009 e 2011, ainda que não tenha alcançado a meta projetada, alcançou 4,7 e 5,0, respectivamente.
Contudo, para Maria do Socorro, a manutenção dessa dinâmica escolar representa um desafio permanente e diário. “Os alunos não são obrigados a compor o programa, então está em nosso dia a dia promover atividades cada vez mais atraentes”, relata. Ainda assim, o Programa de Escola Integrada, segundo a gestora, atende quase a 80% da escola que concentra 800 alunos no ensino regular – a unidade ainda oferece educação infantil e educação para jovens e adultos (EJA).
Início e duração: De 2006 até os dias atuais.
Local: Ribeiro de Abreu, em Belo Horizonte.
Responsáveis: Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte
Envolvidos e parceiros: Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), PUC Minas, Universo Belo Horizonte; Palácio das Artes, Sesc Palladium e clubes de lazer da cidade.
Financiamento: Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte
Contatos:
Telefone: (31) 3277-7481
Email: [email protected]
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