Escola desenvolve currículo a partir do interesse dos alunos

Publicado dia 27/08/2013

Iniciativa: Escola comunitária estruturada pelo interesse dos alunos

Pública ou Privada: Comunitária

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Descrição: O Vila Escola Projeto de Gente é um projeto comunitário de educação que acontece no município de Cumuruxatiba, na Bahia que tem como objetivo investigar a investir em um novo modelo de educação, capaz de reconhecer, valorizar e se estruturar a partir das necessidades e singularidades de cada estudante. O Vila Escola nasceu em 2011, como continuidade do Projeto de Gente, que, desde 2007, atuava com crianças em uma perspectiva de complementação do ensino escolar.  Com o tempo, e após intensas reflexões sobre as questões formativas das crianças, o grupo  de educadores que cuidava do projeto, decidiu investir em uma escola comunitária, assumindo o compromisso da educação das crianças daquela comunidade.

Desde o início, o Projeto de Gente nasceu com a proposta que essa escola se pautasse sempre na ação-reflexão e enxergasse como educativo todo tipo de saber que acompanha a criança, antes mesmo dela estar na escola. Antes mesmo de iniciar o projeto, o coletivo articulador da ideia, liderado pelo médico homeopata Alexandre Costa, aproximou-se das lideranças locais, com o objetivo de conhecer melhor tanto a comunidade, quanto o espaço onde nasceria o projeto.

Chegando lá, o coletivo se deparou com uma pequena vila, composta por cerca de 2500 habitantes e outros 2500 pelos arredores. Nesse processo, foi possível conhecer as três únicas escolas do município e também quais eram seus públicos-alvo. O grupo percebeu, então, que seria arrogância chegar ao município com uma nova escola, que excluísse o trabalho desenvolvido pelas já existentes. Seria preciso se aproximar ainda mais da comunidade local, ganhar a confiança dos moradores e demais parceiros que se constituiriam a partir do projeto.

Não houve um mapeamento estruturado, mas sim uma espécie de imersão e reconhecimento prático do local. De três a quatro meses, Alexandre foi conhecendo novas pessoas e fazendo com que a rede do projeto crescesse. Durante esse período, em que se aproximavam da comunidade, não realizavam nenhum projeto com as crianças. Entre as estratégias utilizadas, o grupo visitou frequentemente a casa das pessoas da comunidade, explicando a elas o objetivo e ideias da Vila Escola. Com essa aproximação, até professores locais começaram a se apresentar como voluntários.

Após esses quatro meses de envolvimento com o local, em agosto de 2007 o projeto foi inaugurado de fato. Apenas Alexandre recebia uma bolsa auxílio do grupo articulador e todo o restante era voluntário. Com o tempo e com a aproximação de pequenos empreendimentos comerciais locais, outros então voluntários passaram a receber uma bolsa auxílio.

No início do projeto, trinta estudantes se inscreveram. Aqueles que estudavam pela manhã participavam das atividades na parte da tarde e vice e versa. Como atividades, as crianças participavam de oficinas recreativas, esportivas e culturais, mas sempre estruturadas a partir das vontades das crianças e do que gostariam de fazer naquele espaço.

A escola

No ano de 2011, chegou até o município uma professora com formação em educação libertária que, muito bem recebida pelos integrantes, envolveu-se com o projeto e passou a morar na comunidade. Com a sua experiência, o grupo então decidiu formalizar o Vila Escola como uma escola comunitária focada no ensino-aprendizagem de crianças desde a primeira infância à adolescência.

Em sua proposta pedagógica, a Vila Escola indica que oferece ensino formal “com base  em  uma  educação  para  a  cidadania,  segundo  princípios voltados  para  a gestão democrática,  em que educadores,  estudantes,  funcionários e pais compartilham da responsabilidade pela comunidade escolar”.

Todas as decisões e conteúdo programático são organizados em assembleias que reúnem os estudantes, seus pais, professores e demais envolvidos com o projeto. Os custos da escola são repartidos entre as famílias, que contribuem com o que podem. A instituição também recebe doações dos pequenos empreendimentos locais, que passaram a valorizar a proposta pedagógica a sua intersecção fundante com a comunidade.

Além da Assembleia, existe também um Conselho Escolar, que dispõe sobre a administração financeira e sobre decisões diretivas da escola e Grupos de Responsabilidade, nos quais são decididos as funções a serem desempenhadas por todos os envolvidos (comunidade escolar, família e parceiros) nas tarefas cotidianas da escola.

Currículo

A partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a escola, incluindo os estudantes, seus pais e docentes, organiza o currículo pautado em grandes projetos. Cada estudante, com o apoio de seus pares, pais e professores de referência, estrutura um plano de trabalho sobre quais competências e habilidades deseja alcançar ou desenvolver. Esse estudante escolhe dentre as possibilidades dos PCNs projetos que gostaria de desenvolver.

Os professores, por sua vez, estimulam que o estudante faça uso de todos os recursos disponíveis para responder e estruturar seus projetos – de livros, internet à pesquisas e atividades realizadas in loco com a comunidade.

Uma vez que o trabalho é concluído ou atinge uma determinada etapa, os estudantes são convidados a se autoavaliarem e também recebem uma avaliação de seus educadores, que indicarão quais competências e habilidades foram alcançadas e outras que ainda precisam ser desenvolvidas. A avaliação é pactuada então entre o estudante e educador e novos objetivos e planos são traçados.

Início e duração: De 2011 aos dias atuais

Local: Cumuruxatiba, município no sul da Bahia.

Responsáveis: Comunidade escolar e, em especial, estudantes.

Envolvidos e parceiros: Comunidade do entorno e famílias dos estudantes.

Principais Resultados: Embora com pouco de tempo de existência, os envolvidos avaliam que a escola tem respondido muito bem a sua proposta pedagógica.  Os alunos apresentam grande senso crítico e autonomia e conseguem com tranquilidade responder às competências e habilidades esperadas pelos PCNs para as faixas etárias. As famílias se reconhecem na estrutura organizacional da escola e na autoria pedagógica e processo de ensino-aprendizagem das crianças. A comunidade reconhece a escola como um ponto de encontro e de reflexão e as outras instituições de ensino da comunidade têm mudado sua estrutura a partir do diálogo com a experiência desenvolvida na escola comunitária.

Materiais e Publicações:

Acesse o Projeto Político Pedagógico da escola aqui

Contatos:

Site da escola: http://www.vila-escolaprojetodegente.com.br

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