Para Paulo Freire (1921-1997), aprender a ler e a escrever é um processo de conscientização e libertação. Suas pesquisas e trabalhos nessa perspectiva renderam a ele os títulos de Patrono da Educação brasileira e doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades, reconhecimento internacional e a pavimentação de um caminho que trouxe mudanças estruturais na forma de conceber a Educação.
Ferrenho defensor da escola democrática, colaborou para uma nova abordagem na relação entre educador e educando, colocando a troca horizontal de saberes e experiências como base do aprendizado.
Assim, o intelectual brasileiro mais homenageado da história ergueu os pilares para a educação crítica e autônoma ante a educação bancária, segundo a qual os educandos eram vistos como recipientes vazios a serem preenchidos pelo conhecimento do professor.
Em Educação como Prática da Liberdade (1967), apontou que a palavra podia deixar de ser o veículo das ideologias alienantes para tornar-se o instrumento de uma transformação do homem e da sociedade.
Em sua obra mais célebre, Pedagogia do Oprimido (1968), analisou as relações entre “colonizador” e “colonizado” e a necessidade de emancipação deste segundo para a liberdade.
Perseguição a Paulo Freire ontem e hoje
Seu pensamento segue contemporâneo e necessário, bem como a perseguição aos seus ideais e às professoras e professores que colocam seus ensinamentos em prática. Durante a ditadura militar, foi perseguido e exilado. Atualmente, é alvo de polêmicas infundadas e distorções.
Paulo Freire nunca foi comunista. Ainda é mais lido nas universidades do exterior do que nas brasileiras. Nunca pregou uma educação partidária nas escolas.
“Paulo Freire defende o respeito aos indivíduos, a responsabilidade com o outro ser humano e com a natureza, e o estímulo ao pensamento crítico. Isso confronta o período em que vivemos, permeado por um discurso de ódio e de estímulo à violência. De apoio à militarização e à destruição ambiental. E também se coloca contra a visão que reduz a educação a uma questão técnica”, explica Sérgio Haddad, biógrafo do educador.
Trajetória profissional
Graduou-se pela Faculdade de Direito de Recife, foi professor de Língua Portuguesa do Colégio Oswaldo Cruz, diretor do setor de Educação e Cultura do SESI (Serviço Social da Indústria) e fundou o Instituto Capibaribe.
Foi professor de História e Filosofia da Educação na Universidade do Recife, lecionou em Harvard (Estados Unidos da América), na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Foi Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça) e junto a vários governos do hemisfério Sul, principalmente na África.
Enquanto Secretário de Educação no Município de São Paulo, fez um grande esforço na implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e na recuperação salarial dos professores.
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