Escola no Uruguai tem prédio e práticas pedagógicas voltadas para a sustentabilidade
Publicado dia 19/09/2017
Publicado dia 19/09/2017
Foi na pequena comunidade de Jaureguiberry, região costeira do Uruguai, que a primeira escola pública 100% auto-sustentável da América Latina foi construída em 2016.
Com 60% de sua estrutura física composta por material reciclado (garrafas de plástico, vidro, papelão e latas), a Ecoescula Sustentável ganhou o título não apenas pela sua edificação, mas também por trazer a sustentabilidade como tema central do ensino.
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Idealizada pela ONG Tagma, a escola rural segue o padrão da rede pública do Uruguai e busca integrar o currículo tradicional com princípios de respeito ao meio ambiente, colocando as crianças em contato com a natureza.
A Escoescuela atende 60 crianças com idade entre 4 e 11 anos em um turno de seis horas diárias, das 8h às 14h. “Funciona como qualquer outra escola pública do país, mas realizamos um trabalho especial que tem como foco a sustentabilidade“, explicam os responsáveis pela ONG.
Para isso, a equipe de ensino passou por um treinamento onde foram apresentados os princípios de sustentabilidade que são estimulados pelo próprio edifício e de que forma isso poderia ser levado para as práticas pedagógicas.
Assim, os professores passaram a propor atividades e reflexões sobre o impacto humano no ambiente e como essa relação pode ser melhorada visando o desenvolvimento integral dos alunos. “Enfatizamos a importância de cuidar do meio ambiente e das relações humanas”, explicam.
Como o prédio foi projetado para produzir a menor quantidade possível de resíduos, os alunos têm contato direto com práticas sustentáveis.
A água da chuva, por exemplo, é reaproveitada para abastecer os banheiros e irrigar a horta que fornece os alimentos que serão consumidos pelas crianças e profissionais. “Cada professor adaptou os conhecimentos que adquiriu e os levou para a sala de aula respeitando o programa da escola pública”, explicam.
A diferença entre a escola sustentável e uma escola tradicional está justamente no potencial que tem em proporcionar conhecimento com foco em um ambiente sustentável. “O edifício serve como uma ferramenta para trabalhar questões que envolvem a água, o lixo e o fornecimento de energia”.
O prédio foi projetado pelo arquiteto norte-americano Michael Reynolds, conhecido por colocar em prática projetos que buscam aproveitar o máximo da energia do sol, da água, do vento e da terra, diminuindo os impactos no meio ambiente.
O envolvimento da comunidade foi outro ponto estimulado pela iniciativa desde o início. A Ecoescula começou a ser trabalhada com os moradores de Jaureguiberry em 2014, por meio de ações de mobilização que envolviam pais e filhos nas etapas de planejamento e construção do edifício. O objetivo era mostrar qual o impacto e benefícios daquele prédio na comunidade.
Por trás dessa preocupação estava a proposta de integrar a comunidade local com o espaço escolar para que houvesse uma troca de conhecimentos tanto sobre a construção do edifício quanto das práticas pedagógicas sustentáveis.
Assim, com a ajuda de 200 voluntários, adultos e crianças, de 30 países diferentes, a escola sustentável foi erguida, mostrando que uma novo caminho para a educação é possível e que ele começa na formação das novas gerações.