Nas palavras do educador Paulo Freire, não existe ensino sem aprendizagem. Para ele e vários educadores contemporâneos, educar alguém é um processo dialógico, um intercâmbio constante. Nessa relação de ensino-aprendizagem, educador e educando trocam de papéis o tempo inteiro: o educando aprende ao passo que ensina e o educador ensina e aprende com o outro.
Assim, em uma escola, todos são educadores e educandos. As relações de ensino-aprendizagem se estabelecem de múltiplas maneiras: as crianças e adolescentes têm muito a aprender entre si, com colegas de outras faixas etárias, com as merendeiras e a equipe de limpeza. Da mesma forma, a educação ganha quando os professores trocam experiências entre si e assumem uma postura menos hierárquica diante de seus alunos, ou quando os gestores dialogam e interagem com outras escolas.
Ainda para Freire, no processo pedagógico, esses papéis devem ser assumidos conscientemente — todos que fazem parte da comunidade escolar não são apenas sujeitos do “ensinar” e do “aprender”, e sim, seres humanos com histórias e trajetórias únicas, em um território específico. Assim, faz-se indispensável reconhecer o outro em toda sua complexidade, em suas esferas biológicas, sociais, culturais, afetivas, linguísticas, entre outras.
Nesta perspectiva, a relação de ensino-aprendizagem promove o diálogo entre o conteúdo curricular e os conteúdos únicos, compostos pelas vivências, histórias e individualidade de cada um que circula pelos territórios educativos, sejam estes dentro ou fora da escola.