publicado dia 28/09/2023

Tempo integral na Educação Infantil é foco do Ciclo de Seminários do MEC

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📄Resumo: O tempo integral na Educação Infantil foi tema do Ciclo de Seminários Programa Escola em Tempo Integral, promovido pelo Ministério da Educação (MEC). Com especialistas no tema, educadores e autoridades, o encontro aconteceu no Recife (PE), com transmissão ao vivo pelo YouTube. 

Quais os princípios da Educação Integral em Tempo Integral na Educação Infantil? O que é importante considerar na hora de pensar a extensão do tempo nas creches e pré-escolas?

Para jogar luz nessas questões, o Ministério da Educação (MEC) reuniu especialistas e educadores no primeiro dia da etapa Nordeste do Ciclo de Seminários do Programa Escola em Tempo Integral. 

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O encontro aconteceu em Recife (PE), com transmissão ao vivo pelo Youtube da pasta. Assista na íntegra no vídeo abaixo: 

Participaram Maria Thereza Marcílio (Avante Educação e Mobilização Social), Soledade Menezes (Rede Nacional Primeira Infância) e Cida Freire (Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil), além da educadora Socorro Nascimento (CMEI Mércia Bezerra). A mediação foi realizada pela representante do ministério, Catarina Gonçalves. 

A mediadora do painel lembrou que a Educação Infantil não carrega apenas a dimensão do cuidado.

“Educação Infantil é política educacional, não é de assistência. Não dá para pensar em ampliar só um tempo em resposta às demandas sociais. Estamos falando de escola, uma escola que precisa ser pensada para a infância e com a infância”, defendeu a representante do MEC. 

Educação Infantil e Educação Integral 

Relembrando o legado de Anísio Teixeira (1900-1971) e Paulo Freire (1921-1997) para a Educação Integral, Maria Thereza Marcílio marcou que a luta por uma Educação de qualidade e para todos sofre resistências estruturais e históricas no Brasil.

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“O exemplo deles nos mostra que há resistências estruturais na sociedade brasileira, construída na violência e na escravização, contra a ideia da Educação que liberta, a Educação Integral”, defendeu ela, citando que a Educação Infantil é inspiração para a Educação Integral. 

“A Educação Integral se origina na Educação Infantil. Exatamente porque não dividimos a criança na Educação Infantil”, afirmou a diretora-executiva da Avante Educação e Mobilização Social, que dedicou sua fala à memória da educadora Karina Rizek (1977-2023), uma referência no campo da Educação Infantil. 

Após alertar para a importância da infância como etapa do desenvolvimento humano, Maria Thereza Marcílio defendeu o brincar como centro do trabalho com os bebês e crianças.

“Precisamos considerar o brincar como forma privilegiada de a criança se expressar, conhecer, participar e crescer”, explicou. 

“Brincar não é o que a gente faz quando não tem nada para fazer. Brincar não é entre uma ordem do professor e outra. Criança que não brinca, não aprende”, defendeu Maria Thereza, em uma fala bastante aplaudida.

Outro ponto de atenção levantado pela especialista foi o papel do Estado na Educação Infantil, responsável por garantir a oferta de vagas públicas e de qualidade.    

“A obrigação do Estado é oferecer. Pelo Plano Nacional de Educação (PNE), deveríamos ter universalizado a pré-escola e a creche, atingir 50%, mas não cumprimos. Isso é função do Estado e a gente tem que cobrar uma oferta publica, de qualidade”, criticou, também recebendo uma reação positiva da plateia.  

“Há avanços, mas não cumprimos as metas”, disse ela, lembrando que atualmente o cenário é de 32% de atendimento às crianças de até 3 anos nas creches e de 92% na pré-escola. 

Plano Nacional pela Primeira Infância 

Representando a Rede Nacional Primeira Infância, Soledade Menezes explorou o Plano Nacional pela Primeira Infância. Elaborado em 2021, o documento traz 26 diretrizes para o trabalho na Educação Infantil. Soledade destacou o arcabouço teórico já produzido no Brasil sobre a primeira infância e seus direitos, bem como a importância do investimento na Educação Infantil. 

📌Acesse aqui a íntegra do Plano Nacional pela Primeira Infância 

Também lembrou que as infâncias no Brasil são múltiplas – são crianças negras, periféricas, quilombolas, indígenas – e precisam ser atendidas em seus territórios. Além disso, na expansão do tempo integral, deve-se priorizar aquelas em situação de maior vulnerabilidade. 

“Nossa preocupação é com o atendimento da demanda de vagas, que precisa ser atendida em todas as classes sociais. Não podemos superlotar e nem minimizar a oferta de vagas na Educação Infantil. Precisamos fazer a expansão da oferta e qualidade com prioridades”, destacou.

Soledade também reforçou que a Educação Infantil não pode ser confinada à esfera familiar, como nas propostas de homeschooling.  

“A Rede Nacional Primeira Infância é terminantemente contra a Educação Familiar. Nós compreendemos, respeitamos e valorizamos que o papel da Educação deste país são com as instituições e profissionais, de acordo com o que a Constituição e a LDB determina”, defendeu. 

A rotina na Educação Infantil com o tempo integral 

Diretora de uma unidade de Educação Infantil em Recife (PE), Socorro Nascimento trouxe a perspectiva das educadoras e das instituições de Educação Infantil que estão na ponta. De acordo com a gestora, atualmente as 138 creches e pré-escolas da cidade são de tempo integral.

A educadora conta que, a partir do contato durante uma formação sobre a experiência da Reggio Emilio e suas propostas para a Educação Infantil, passou a refletir sobre a prática e a reorganizar o trabalho com os bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas. 

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“Como garantir a acolhida, o cuidar, o educar, e fazer tudo isso junto? Estudando, se organizando, pensando e adequando as práticas”, aconselhou. 

“Na Educação Infantil, rotina é ter planejamento para o trabalho pedagógico, com sensibilidade para tratar dos interesses das crianças”, explicou, compartilhando, a seguir, a rotina de tempo integral vivenciada na CMEI Mércia Bezerra, marcada por muitos momentos lúdicos, brincadeiras, sensibilidade, alimentação e cuidado. 

Cida Freire, representante do Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil, reforçou que, na primeira etapa da Educação Básica, o brincar e o cuidar são facetas indissociáveis. 

Resgatando 10 princípios e pressupostos da Educação Infantil em tempo integral, Cida lembrou que a criança conhece a si mesma, o mundo e o outro por meio da brincadeira. 

“Na construção da política [de Educação Integral], precisamos pensar qual é o lugar da brincadeira no tempo integral”, defendeu. 

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