publicado dia 27/04/2018

Projeto em comunidade quilombola visa incluir mulheres na ciência

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Os quilombolas da CoMPaz Território de Mãe Preta, no interior do Rio Grande do Sul, conhecem intimamente os astros do céu, pois deles dependem muitas de suas atividades cotidianas, culturais e religiosas. Agora, a comunidade quilombola terá a oportunidade de estudar também o que compõe estes corpos celestes, como são formados e quais as suas relações com a Terra, por meio do Akotirene Kilombo Ciência, um projeto que visa incentivar a presença de mulheres na ciência.

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Quem foi Akotirene, homenageada no nome do projeto?

Primeira líder do Quilombo dos Palmares, Akotirene foi considerada a matriarca e conselheira dos primeiros negros refugiados.

Além de Astronomia, serão promovidas oficinas e palestras nas áreas de Biologia, Física e Química, em parceria com o Observatório Astronômico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Instituto CoMPaz. Há também a ambição de comprar um telescópio e criar um laboratório dentro do quilombo.

O projeto, premiado pela ONU Mulheres, teve início este ano e vai se desenvolver ao longo de dez encontros mensais, que ocorrerão tanto na comunidade quilombola quanto em uma escola de Ensino Médio do território, que recebe muitos estudantes da CoMPaz. Em ambas, a prioridade de participação foi dada às mulheres negras, mas inclui também meninos e outros interessados de faixas etárias diversas.

O desenvolvimento do projeto

Dentre as atividades está previsto o estudo da origem dos elementos químicos da tabela periódica, o uso da astronomia para cada cultura, e os planisférios das constelações utilizadas. Também será feito um painel sobre os 400 anos da história das mulheres na ciência, uma mostra científica com os trabalhos desenvolvidos e, por fim, um documentário sobre todo o processo vivido. 

“Uma mulher quilombola vai dar uma aula sobre plantas medicinais. E a todo tempo vamos conversar sobre as questões de gênero e sobre as razões da falta de mulheres na ciência, especialmente as negras”, conta Alan Alves Brito, professor e diretor do Observatório Astronômico da UFRGS, e coordenador do projeto Akotirene Kilombo Ciência.

Uma das participantes do projeto é Djey Dornelles Teixeira, uma jovem quilombola de 17 anos. Estudante do 2º ano do Ensino Médio, Djey deseja cursar o Ensino Superior em Psicologia e anima-se com a perspectiva de descobrir mais sobre os elementos químicos e as estrelas. Mais do que isso, se entusiasma com o potencial de inclusão possibilitado pelo programa.

Cotas não são esmolas. É um mecanismo para compensar todos os séculos que nós passamos sem estudo. Por isso, é importante incentivar que hajam mais mulheres na ciência, e mulheres negras, saber nossa história e lutar por ela. Nós vamos longe”, diz a estudante.

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