publicado dia 02/09/2021

Professoras compartilham a experiência de ensinar durante a pandemia

Reportagem:

Selo Reviravolta da EscolaEm meio à ruptura que a pandemia causou, um grupo de professoras da Educação Infantil e do Ensino Fundamental se uniu e passou a compartilhar as angústias vividas e as soluções encontradas para manter algum contato com seus estudantes. Dessas trocas e relatos de experiências, surge o ebook “Para não esquecer: narrativas das experiências de professoras no contexto da pandemia do Covid-19”, que pode ser acessado gratuitamente.

Leia + A importância de acolher os professores na volta às aulas presenciais

As docentes já se reuniam antes da pandemia por meio do GRUPAD – Grupo de Estudos Alfabetização em Diálogo, coordenado pelas professoras Heloísa Proença e Renata Frauendorf, e vinculado ao GEPEC – Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada, da Faculdade de Educação da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), coordenado pelo professor Guilherme do Val Toledo Prado. Com a necessidade de isolamento, adaptaram os encontros para uma plataforma virtual e ampliaram o escopo do tema da alfabetização para tudo que atravessava a prática docente à época. 

“O GRUPAD tem a preocupação de que essas professoras se reconheçam como autoras de sua própria prática, e uma das maneiras de fazer isso é promover a escrita de narrativas de suas práticas pedagógicas. Mas também é preciso espaço para trazer as questões afetivas, os sentimentos e angústias porque essas coisas caminham juntas”, explica Renata.

Assim, as educadoras passaram a escrever sobre seu trabalho no contexto do ensino remoto e a compartilhar com as colegas. “Falar dessas angústias dentro desse espaço nos fortalece porque percebemos que não estamos sozinhas, é algo que está sendo enfrentado por todos”, conta Maria Teresa Cruz de Moraes, uma das professoras integrantes do grupo. Sua colega, Ana Luiza Lima, concorda: “Nós nos fortalecemos enquanto grupo de pesquisa e enquanto professoras para as crianças durante a pandemia”. 

Imagem

Capa do livro “Para não esquecer: narrativas das experiências de professoras no contexto da pandemia do Covid-19”

Para a educadora Rosimeire Souto, os encontros também foram uma fonte de inspiração: “Vão surgindo outras ideias ao parar para escrever pensando em todo esse processo e ouvindo as colegas”. Já para Fernanda Lima, foi ainda um apoio para lidar com as tecnologias digitais: “Pudemos trocar sobre como funciona o Google Meet, por exemplo, conversando sobre o que dá para fazer por lá, como uma sala de leitura ou um jogo”. 

Ao todo, 17 educadoras compartilharam suas experiências durante a pandemia no livro digital, disponível para download gratuito. Foram abordados temas como alfabetização e a aprendizagem fora dos espaços escolares.

“Não programamos escrever o ebook, ele aconteceu porque as narrativas explodiram, já que as pessoas precisavam encontrar caminhos para manter a escola viva. Acabamos vivendo um protagonismo de acolhimento no grupo, por meio das escritas e de outras formas muito antes de começarem a falar sobre a importância de acolher os professores nesse contexto. Eles demoraram muito para serem escutados”, relata Heloísa Proença.

A colaboração entre Educação Básica e Ensino Superior

O acolhimento é uma característica do GRUPAD desde sua origem, uma vez que ele nasceu como grupo de estudos colaborativo, com o intuito de apoiar professoras alfabetizadoras recém-formadas. 

“Há também essa possibilidade dos profissionais da Educação Básica adentrarem a universidade independentemente de estarem ali em um programa de Pós-Graduação, que é a via de acesso mais comum, e acessarem esses conhecimentos. Por outro lado, a universidade também ganha ao acolher e escutar o que esses professores têm a dizer e ensinar”, afirma Renata Frauendorf. 

Hoje o grupo é composto por cerca de 250 profissionais da Educação. Eles vêm de redes estaduais, municipais, particulares; são professores, gestores e coordenadores pedagógicos levando o chão da escola para dentro da universidade. São eles, inclusive, quem decidem o que querem estudar.

“Os sujeitos se formam na relação com o mundo, com o outro, com o território, na experiência,  em múltiplas dimensões e em mais de um campo. Acreditar nessa concepção de educação integral dos sujeitos é algo muito fortalecido dentro desse grupo”, destaca Heloísa.

Nesse sentido, a professora Maria Teresa compartilha um relato: “Esse grupo nos forma para além das nossas práticas como profissionais, mas também como pessoas: sou uma mulher preta, que sempre estudou em escola pública, dentro da universidade. Então me fortaleceu em relação a isso e é onde me fiz autora”.

O que é a #Reviravolta da Escola?

Realizado pelo Centro de Referências em Educação Integral, em parceria com diversas instituições, a campanha #Reviravolta da Escola articula ações que buscam discutir as aprendizagens vividas em 2020, assim como os caminhos possíveis para se recriar a escola necessária para o mundo pós-pandemia.

Leia os demais conteúdos no site especial da #Reviravolta da Escola.

Formação leitora e escritora na pandemia: conheça duas boas práticas

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.