publicado dia 03/09/2015

“Processos de gestão devem se dar a favor do pedagógico”, defende Ricardo Henriques

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A gestão orientada para práticas pedagógicas é uma ação de transformação da realidade brasileira. A afirmação feita pelo superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, deu o tom ao debate realizado na última quarta (02/09), durante a abertura do “Seminário Internacional Caminhos para a qualidade da educação pública: gestão escolar“, feito pelo Instituto Unibanco em parceria com a Folha de S. Paulo.

O especialista reforçou a necessidade dos estudantes estarem no centro do processo de decisão e gestão escolar e criticou o fato de muitas escolas terem apenas o fazer administrativo como referência. “Como garantimos a passagem entre o fazer e o realizar?”, questionou. Para o superintendente é necessário que os processos de gestão priorizem o pedagógico em relação ao administrativo.

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Essa prioridade, a seu ver, tem de estar ancorada em métodos e padrões pedagógicos que não percam de vista o direito à aprendizagem e que facilitem a atuação da escola. “A gestão precisa assumir a sua radicalidade de enfrentamento das desigualdades”, defendeu.

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Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco. Créditos: divulgação

Para Ricardo Henriques, diante do padrão de desigualdade que temos, tanto entre territórios como intraterritórios, e entre as escolas, e intraescolas, é impossível fazer uma transformação clara na direção de uma educação integral, se a gestão não entender o perfil dos estudantes. “Sem esse olhar fino, tenderemos a pasteurizar os processos educacionais e não enfrentar as desigualdades, sobretudo no ensino médio onde o grau de heterogeneidade e a intensidade da desigualdade é maior. O maior desafio da gestão, desse ponto de vista, é entender esses cenários heterogêneos e dar conta de produzir ações afirmativas que vão ao encontro dos grupos mais vulneráveis, tanto territórios como sujeitos.”

Ele comentou sobre o que julga o ápice desse desafio: “como dar conta de [educar] jovens, negros, favelados, dentro do espaço urbano; e jovens rurais, ribeirinhos, ou de outros segmentos étnicos dentro das escolas extremamente vulnerabilizadas”. Em seu entendimento, a gestão deve atuar como pêndulo para qualificar o processo de ensino aprendizagem, orientada em resultados para diminuir as desigualdades.

Base Nacional Comum da Educação Básica

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Manuel Palácios, secretário de Educação Básica do MEC /Créditos: divulgação

A opinião foi partilhada pelo secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Manuel Palácios, que entende que as escolas capazes de produzir tais resultados de aprendizagem estão mais próximas de garantir os direitos dos estudantes. O secretário elencou alguns benefícios que a Base Nacional Comum, com lançamento da primeira proposta previsto para 15 de setembro, pode agregar ao processo: “ela pode apoiar programas de ensino e propostas de trabalho melhor desenhadas, ser importante referência para a formação de professores e para os sistemas de avaliação da educação pública, além de apoiar na estruturação de programas de recursos educacionais”.

Saiba + O que deve garantir a Base Nacional Comum da Educação Básica?

Sobre a possibilidade da base engessar processos e a criatividade das escolas, Palácios foi categórico: “a minha percepção é oposta. Temos uma má uniformidade acerca do que ensinar no país porque isso nunca foi debatido. Isso apenas existe e, dessa forma, não contribui para a mudança”. O secretário entende necessário o movimento de se repensar os currículos tendo como centro os estudantes. “Precisamos definir os objetivos que nós, sociedade e escolas, queremos que eles [os estudantes] alcancem.

Também reforçou a abertura ao diálogo considerada durante o processo. “O tema não está sendo tratado no vazio e nem poderia, já que estados e municípios já têm as suas perspectivas curriculares”, esclareceu. A ideia, segundo o que defendeu, é que a base possa contribuir com parâmetros nacionais, especificando objetivos e não performances. “O que nos propomos é trabalhar as condições de oferta e enfrentar as desigualdades, sem os quais não avançaremos”, finalizou.

Como são as práticas pedagógicas na perspectiva da educação integral?

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