publicado dia 14/11/2018
Paulo Freire: a educação como prática da liberdade
Reportagem: Thais Paiva
publicado dia 14/11/2018
Reportagem: Thais Paiva
Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire é um divisor de águas na educação do País: além de referência internacional no campo da alfabetização, ergueu os pilares para a educação crítica e autônoma ante a educação bancária, segundo a qual os educandos eram vistos como recipientes vazios a serem preenchidos pelo conhecimento do professor.
O Especial Educadores, do Centro de Referências em Educação Integral, traz 10 especialistas fundamentais para compreender a educação integral e a importância da escola pública no Brasil.
O educador pernambucano, nascido em Recife em 1921, foi um ferrenho defensor da escola democrática e colaborou para uma nova abordagem na relação entre educador e educando, colocando a troca horizontal de saberes e experiências como base do aprendizado.
Assim, para ele, não apenas o aluno, mas também o professor aprendia com o repertório que cada um levava para a escola. Sua frase “não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes” exemplifica bem esta sua visão.
Intelectual brasileiro mais homenageado da história, Freire defendia a conscientização sociopolítica como contraponto para as desigualdades sociais. Em Educação como Prática da Liberdade, apontou que a palavra podia deixar de ser o veículo das ideologias alienantes para tornar-se o instrumento de uma transformação do homem e da sociedade. Para ele, este era o papel da escola: o de ensinar o aluno a ler o mundo e nele intervir positivamente.
Ainda segundo Freire, os conflitos sociais, o jogo de interesses, as contradições que se davam no corpo da sociedade se refletiam necessariamente no espaço das escolas. Em sua obra mais célebre, Pedagogia do Oprimido, analisou as relações entre “colonizador” e “colonizado” e a necessidade de emancipação deste segundo para a liberdade.
A abordagem de Paulo Freire para a alfabetização de adultos foi criada em consonância com seus princípios. Uma das estratégias usadas era, por exemplo, iniciar o processo a partir de palavras próprias do vocabulário e realidade dos adultos, as chamadas “palavras geradoras” como lavoura, tijolo, etc. Outro ponto de destaque estava na formação de educadores populares que atuavam como “animadores de debate” e de círculos de cultura.
Este método, que hoje leva seu nome, foi aplicado pela primeira vez na região de Angicos (RN), em 1963, com trabalhadores do campo, pedreiros, domésticas, entre outros alunos oriundos de contextos de vulnerabilidade.
Em 1964, o golpe militar obrigou-o a exilar-se, só podendo regressar ao País 16 anos depois. Em 1969, lecionou na Universidade de Harvard (Estados Unidos) e foi o intelectual brasileiro com maior consagração no exterior: 29 títulos de “doutor honoris causa” lhe foram concedidos por universidades da Europa e América.
Já de volta ao Brasil, entre 1989 e 1991, Paulo Freire foi secretário de Educação da Cidade de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina. Faleceu em São Paulo, em 1997.
Obras
Educação como Prática da Liberdade
A Importância do Ato de Ler em Três Artigos que se Completam
Educação e Mudança
Conscientização – Teoria e Prática da Libertação
Educação e atualidade brasileira
A Propósito de uma Administração
Ação Cultural para a Liberdade e Outros Escritos
Professora Sim, Tia Não: Carta a Quem Ousa Ensinar
Educadores de Rua, uma Abordagem Crítica – Alternativas de Atendimento aos Meninos de Rua
Pedagogia: Diálogo e Conflito
Que fazer – Teoria e prática em educação popular
Conscientização e alfabetização: uma nova visão do processo
Os cristãos e a libertação dos oprimidos
Reportagens
8 materiais para entender Paulo Freire
Verbete Paulo Freire, na Wikipédia
Quem é Paulo Freire (Confira todos nossos artigos sobre o educador e sua obra)