publicado dia 18/07/2019
Como um grupo de jovens se mobilizou para cuidar da saúde mental na escola
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 18/07/2019
Reportagem: Ingrid Matuoka
“Seja um guarda-chuva na vida de alguém”. Esse é o slogan do projeto Guarda-Chuvas Amarelos, criado por estudantes da Escola Estadual Frederico José Pedreira Neto, em Palmas (TO), para estimular o cuidado com a saúde mental na escola.
Os estudantes que o criaram, explicam que, assim como o objeto, as ações desenvolvidas por eles tem por objetivo acolher, proteger e cuidar de todas as pessoas com quem convivem.
“A gente percebeu a necessidade que os alunos tinham de se sentirem acolhidos. E bastou começar essa iniciativa para muita gente aderir, pedir ajuda, e conversar sobre seus problemas. Temos formado uma rede de apoio significativa”, conta Juliana Lima Ramos, 18, uma das idealizadoras do projeto, que teve início em setembro de 2018 e segue realizado pelos alunos mais novos.
Inicialmente os jovens desenvolveram um “correio amarelo”, que distribuía cartas e bilhetes com mensagens positivas, e ações de abraço grátis. Depois, promoveram um concurso de poesia com foco na valorização da vida, realizaram um cine-debate com a colaboração de orientadores pedagógicos, psicólogos e professores, apresentações de música e dança, e foram a uma praça divulgar o projeto e ampliar as mensagens positivas também para a comunidade.
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Juliana afirma que é crucial que a escola encare esse problema. “Muitos não têm esse apoio em casa, então a escola é o único lugar que ele ainda busca alguma ajuda, tem esperança. Muitas vezes a família não consegue dar esse suporte, e sua casa é na verdade o lugar mais difícil para a pessoa estar”, explica.
No Brasil, o suicídio entre crianças de 10 a 14 anos cresceu mais de 65% entre 2000 e 2015, segundo Organização Mundial da Saúde (OMS). A demanda por psicólogos que acompanhem as escolas e estudantes tem se tornado, portanto, cada vez mais urgente.
Para desenvolver o projeto, os estudantes contaram com o apoio dos gestores e professores. A coordenadora pedagógica Solange Cavalcante afirma que o Guarda-Chuvas Amarelos auxilia não só os alunos, mas também os demais colaboradores da escola.
“A questão da ansiedade, depressão, automutilação, é uma realidade hoje no Brasil, tanto para os jovens, que estão nessa fase intensa de descoberta própria e do mundo, quanto para os adultos”, diz Solange.
Os professores também precisam de cuidados com a saúde mental. Não só pelas condições precárias de trabalho e baixa valorização da carreira, mas porque eles também estão expostos à essas doenças.
No caso dessa escola, inclusive, sofreram com a perda de um aluno por suicídio. “A escola inteira ficou abalada, e foi a partir daí que começamos a olhar para essa necessidade”, conta a coordenadora.
As ações de cuidado da saúde mental têm surtido efeitos. Muitos dos alunos que antes sofriam com a depressão conseguiram encaminhamento para os tratamentos adequados e hoje participam do projeto ajudando outros jovens.
“Estamos conversando com outras escolas, até de outras cidades, que também querem implementar o projeto, e nós vamos ajudando”, conta Juliana.
Já Solange vê melhoras inclusive na aprendizagem dos estudantes. “Quando começam a ver que eles são importantes para alguém e para a escola, eles querem estar juntos, aprender e se dedicam mais. Acho que eles voltam mesmo é a sonhar”.
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